Colonialismo em São Tomé e Príncipe

hierarquização, classificação e segregação da vida social

Autores

  • Gerhard Seibert

Palavras-chave:

São Tomé e Príncipe, economia de plantação, crioulização, escravidão, regime de contrato

Resumo

São Tomé e Príncipe foi colonizado duas vezes. Na primeira colonização, no século XVI, o arquipélago desabitado foi povoado por colonos brancos e escravos negros. Esse período foi marcado pelo estabelecimento de uma economia de plantação, baseada no trabalho escravo e na monocultura do açúcar, e pela emergência da sociedade crioula. Depois do declínio do açúcar, no século XVII, houve um interregno de uns duzentos anos em que os crioulos praticamente se autogovernaram. A segunda colonização, iniciada nos meados do século XIX, foi caracterizada pelo restabelecimento da plantation, fundada no regime de contrato, na monocultura do cacau e na dominância dos portugueses. No século XVI, devido à fraqueza da hegemonia portuguesa numa sociedade colonial em formação, a hierarquia política era frequentemente contestada pelas diferentes categorias raciais e sociais. A segunda colonização resultou no estabelecimento de uma hierarquia mais rígida, permeada por conceitos racistas. As categorias foram classificadas conforme o seu suposto grau de civilização e viviam separadas espacialmente. Depois da independência, começou gradualmente uma maior inclusão e assimilação das categorias antigamente discriminadas na sociedade crioula. Mesmo assim, persistem grandes desigualdades socioeconômicas, com a metade da população afetada pela pobreza.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBUQUERQUE, Luís de. 1989. A Ilha de São Tomé nos séculos XV e XVI. Lisboa: Alfa.
ALMEIDA, Antônio de. 1962. Da origem dos angolares habitantes da Ilha de S. Tomé: separata das “memórias”. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa.
CALDEIRA, Arlindo Manuel. 2013. “Aprender os trópicos: plantações e trabalho escravo na Ilha de São Tomé”. In: Margarida Vaz do Rego Machado, Rute Dias Gregoriano & Susana Serpa Silva (coords.). Para a história da escravatura insular nos séculos XV a XIX. Lisboa: Centro de História de Além-Mar (CHAM). pp. 27-56.
CALDEIRA, Arlindo Manuel; PINTO, Manuel do Rosário. 2006. Relação do descobrimento da Ilha de São Tomé. Lisboa: Centro de História de Além-Mar (CHAM).
CUNHA, Pedro José Paiva da. 2001. A organização económica em São Tomé (de início do povoamento a meados do século XVII). Tese de mestrado, Universidade de Coimbra.
EYZAGUIRRE, Pablo B. 1986. Small farmers and estates in São Tomé, West Africa. Tese de doutorado, Yale University.
GARFIELD, Robert. 1992. A history of São Tomé Island 1470”“1655: the key to Guinea. San Francisco: Mellen Research University Press.
HAGEMEIJER, Tjerk. 2009. “As línguas de S. Tomé e Príncipe”. Revista de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola, 1(1):1-27.
HENRIQUES, Isabel Castro. 1987. “Ser escravo em S. Tomé no século XVI: uma outra leitura de um mesmo quotidiano”. Revista Internacional de Estudos Africanos, 6/7:167-188.
NASCIMENTO, Augusto. 2008. Atlas da lusofonia: São Tomé e Príncipe. Lisboa: Prefácio.
OLIVEIRA, Jorge Eduardo da Costa. 1993. A economia de S. Tomé e Príncipe. Lisboa: Instituto para a Cooperação Económica/Instituto de Investigação Científica Tropical.
SEIBERT, Gerhard. 2004. “Os angolares da ilha de São Tomé: Náufragos, Autóctones ou Quilombolas?”. Textos de História. Revista da Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília, 12(1/2):43-64.
______. 2006. Comrades, Clients and Cousins. Colonialism, Socialism and Democratization in São Tomé and Príncipe. Leiden: Brill.
_______. 2011. “São Tomé’s great slave revolt of 1595: background, consequences and misperceptions of one of the largest slave uprisings in Atlantic history”. Portuguese Studies Review, 18(2):29-50.
_______. 2014. “Crioulização em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe: divergências históricas e identitárias”. Revista Afro-Ásia, 49:41-70.
SILVA, Daniel Barros Domingues da. 2002. “O tráfico de São Tomé e Príncipe, 1799 a 1811: para o estudo de rotas negreiras subsidiárias ao comércio transatlântico de escravos”. Estudos de História, 9(2):35-51.
TENREIRO, Francisco José. 1961. A Ilha de São Tomé. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar.

Downloads

Publicado

2018-02-07

Como Citar

Seibert, Gerhard. 2018. “Colonialismo Em São Tomé E Príncipe: Hierarquização, classificação E segregação Da Vida Social”. Anuário Antropológico 40 (2):99-120. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6699.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.