As várias faces do cuidado na cruzada antipedofilia

Autores

  • Laura Lowenkron

DOI:

https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v41i1.2016/6482

Palavras-chave:

cuidado, infância, pedofilia, gênero, sexualidade, violência

Resumo

Este artigo discute o cuidado das crianças a partir do extremo do não cuidado: a violência. Apostando no valor heurístico da sua polissemia bem como na eficácia política do seu polimorfismo, a noção de cuidado é entendida como eixo simbólico a partir do qual se estrutura e legitima a gestão tutelar de menoridades ”” isto é, a necessidade de controlar e proteger aqueles que supostamente não têm capacidade de cuidar de si. Baseada em uma etnografia da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia no Senado Federal brasileiro e de investigações policiais contra a pornografia infantil, a análise ilumina como construções culturalmente naturalizadas sobre o cuidado têm produzido o apagamento de algumas formas de violência e a reconfiguração de outras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARIÈS, Philippe. 1981. História social da criança e da família. Tradução de D. Flasckman. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
BOURDIEU, Pierre. 1996. “Apêndice: o espírito da família”. In: ______. (Ed.). Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus.
BRASIL. 1990. Lei no 8.069: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Brasília. Disponívem em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso em: 25/07/2016.
BROWN, Wendy. 2006. “Finding the man in the state”. In: Aradhana Sharma & Gupta Akhil (Eds.). The Anthropology of the State: a reader. Malden, MA: Blackwell, pp. 187-210.
BUTLER, Judith. 2002. Cuerpos que importam: sobre los limites materiales y discursivos del “sexo”. Buenos Aires: Paidós.
DAS, Veena. 2008. “Violence, gender and subjectivity”. Annual Review of Anthropology, (37):283-299.
DEBERT, Guita. 2012. “Imigrante, Estado e família: o cuidado do idoso e suas vicissitudes”. In: Helena Hirata & Nadya Araujo Guimarães (orgs.). Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Atlas. pp. 216-233.
DOUGLAS, Mary. 1976. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva.
FALEIROS, Eva T. Silveira & CAMPOS, Josete de Oliveira. 2000. Repensando os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de crianças e de adolescentes. Brasília: Unicef.
FASSIN, Didier & RECHTMAN, Richard. 2009. The empire of trauma: an inquiry into the condition of victimhood. Princeton, New Jersey: Princeton University Press.
FERNANDES, Camila. 2011. “Ficar com”: parentesco, criança e gênero no cotidiano. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal Fluminense.
FOUCAULT, Michel. 2001. Os anormais: curso no Collé€ge de France (1974-1975). São Paulo: Martins Fontes.
HACKING, Ian. 1992. “World-making by kind-making: child abuse for example”. In: Mary Douglas & David Hull (Ed.). How classification works (essays in honour of Nelson Goodman). Edinburgh: Edinburgh University Press.
HIRATA, Helena & GUIMARÃES, Nadya Araujo (orgs.). 2012. Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Atlas.
JENKINS, Philip. 1998. Moral panics: changing concepts of the child molester in modern America. New Haven and London: Yale University Press.
KITZINGER, Jenny. “Who are you kidding? Children, power and struggle against sexual abuse”. In: Alison James & Alan Prout (orgs.). Construction and reconstructing childhood: contemporany issues in sociological study of childhood. London, Washington: Falmer Press, 2005.
LANCASTER, Roger N. 2011. Sex panic and the punitive state. Berkeley and Los Angeles: University of California Press.
LOWENKRON, Laura. 2010. “Abuso sexual infantil, exploração sexual de crianças, pedofilia: diferentes nomes, diferentes problemas?” Sexualidade, Saúde e Sociedade ”” Revista Latino-Americana, (5):9-29. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/ index.php/SexualidadSaludySociedad/article/view/394/726>. Acesso em: 11/05/2011.
______. 2014. “Dos sentimentos subjetivos às provas objetivas: uma etnografia do olhar investigativo (policial e antropológico) frente a cenas de pornografia infantil”. Revista de Antropologia, 57(1):145-177.
______. 2012. O monstro contemporâneo: a construção social da pedofilia em múltiplos planos. Tese de Doutorado, Museu Nacional/UFRJ.
______. 2013a. “All against pedophilia: ethnographic notes about a contemporary moral crusade”. Vibrant, 10:39-72.
______. 2013b. “A cruzada antipedofilia e a criminalização das fantasias sexuais”. Sexualidad, Salud y Sociedad, 15:37-61.
LUGONES, Maria Gabriela. 2012. Obrando en autos, obrando en vidas: formas y formulas de protección judicial en los tribunales Prevencionales de Menores de Córdoba, Argentina, a comienzos del siglo XXI. Rio de Janeiro: E-papers.
MANALANSAN, Martin. 2010. “Servicing the world: flexible Filipinos and the unsecured life”. In: Ann Cvetkovich, Janet Staiger, & Ann Reynolds (Eds.). Political Emotions. New York: Routledge. pp. 215-228.
MONTGOMERY, Heather. 2001. Modern Babylon: prostituting children in Thailand. New York: Berghahn Press.
MORAES, Lauren Nathaly Zeytounlian de. 2014. Realidades ficcionadas e ficções realizadas: a construção social da realidade de meninas brasileiras no mercado do sexo. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de São Paulo.
O’CONNEL DAVIDSON, Julia. 2005. Children in the global sex trade. Malden, MA: Polity Press.
RABELO, Mariana Cintra. 2013. Salvar cordeiros imolados: a gestão do combate à pornografia infantil na internet e a proteção de crianças. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília.
SCHNEIDER, David M. 1968. American kinship: a cultural account. New Jersey: Prentice Hall.
SILVEIRA, Liane Maria Braga da. 2011. Como se fosse da família: a relação (in)tensa entre mães e babás. Tese de Doutorado, Museu Nacional/UFRJ.
SOUZA LIMA, Antonio Carlos. 2002. “Sobre gestar e gerir a desigualdade: pontos de investigação e diálogo”. In: Antonio Carlos Souza Lima (Ed.). Gestar e gerir: estudos para uma antropologia da administração pública no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará.
TATE, Tim. 1990. Child pornography: an investigation. London: Methuen.
VIANNA, Adriana de Resende Barreto. 2002a. Limites da menoridade: tutela, família e autoridade em julgamento. Tese de Doutorado, Museu Nacional/UFRJ.
______. 2002b. “Quem deve guardar as crianças? Dimensões tutelares da gestão contemporânea da infância”. In: Antonio Carlos Souza Lima (Ed.). Gestar e gerir: estudos para uma antropologia da administração pública no Brasil. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.
VIANNA, Adriana de Resende Barreto & FARIAS, Juliana. 2011. “A guerra das mães: dor e política em situações de violência institucional”. Cadernos Pagu, (37):79-116.

Downloads

Publicado

2018-01-30

Como Citar

Lowenkron, Laura. 2018. “As várias Faces Do Cuidado Na Cruzada Antipedofilia”. Anuário Antropológico 41 (1):81-98. https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v41i1.2016/6482.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.