“Ser macho neste país é coisa de macho”
a culturalização da masculinidade e sua relação assimétrica com a igualdade
DOI:
https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v41i2.2016/6353Palavras-chave:
individualismo, reciprocidade, gênero, cultura, sujeitoResumo
Neste artigo, proponho complementar a análise individualista do campo das masculinidades com as noções de pessoa e reciprocidade para compreender melhor relações tidas por violentas e sujeitos que, nesse campo, são constituídos em oposição moral à noção de cidadão. Com isto, apelo à revisão de supostos epistemológicos do pesquisador no seu trabalho de classificar e analisar identidades, práticas e relações desde uma perspectiva de gênero, que está em relação estreita com a noção de cultura. Argumento que as categorias de gênero e cultura conjugam três tempos que constroem a masculinidade como uma problemática social a intervir em função de um projeto igualitário. Por último, mostro como alguns homens na Colômbia apropriam-se de categorias próprias de um repertório individualista, transformando a acusação de machistas em identidade para justificar sua existência social como sujeitos de direito.
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