Duplamente letal: a destruição psíquica dos profissionais da saúde durante a pandemia de covid-19
DOI:
https://doi.org/10.4000/aa.9699Palavras-chave:
Precarização, SUS, CAPS AD, PandemiaResumo
No presente artigo busco expor e desenvolver como a precarização do Sistema Único de Saúde (SUS) afeta os processos de subjetivação daqueles corpos que o compõem. Utilizando dados colhidos a partir de uma incursão etnográfica em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), em um município do interior paulista, o texto que se segue se organiza por uma elaboração dos impactos que grandes eventos epidemiológicos têm sobre a saúde mental das populações que afetam, particularmente no caso dos profissionais de saúde que seguem suas práticas profissionais sob estes contextos. Ademais, viso trabalhar a particularidade da pandemia de covid-19 a partir de uma análise das contingências políticas que tornam o caso brasileiro singular dentro do contexto global da pandemia. Em um segundo momento, conecto processos políticos macroestruturantes a micropolíticas cotidianas de cuidado e os afetos que elas engajam. Para demonstrar estes caminhos pelos quais grandes mudanças afetam trajetórias individuais, utilizo a base teórica desenvolvida pelo campo da antropologia das emoções. Para sustentar a argumentação, utilizei entrevistas e narrativas etnográficas que compuseram o meu material de campo durante a vigência de meu mestrado, que se deu integralmente durante a pandemia de covid-19.
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