Aquém da possessão
a noção de irradiação nos estudos das religiões de matriz africana
DOI:
https://doi.org/10.4000/aa.5861Palavras-chave:
Religiões de matriz africana, Candomblé, Umbanda, Possessão, Irradiação, Afro-indígena, BahiaResumo
O tema do transe de possessão atravessa a história dos estudos das religiões de matriz africana, ao longo da qual foi objeto de enfoques diversos, que vão desde abordagens médico-naturalistas, até aquelas que procuram experimentar as consequências do encontro entre conceitos e práticas nativas e antropológicas. A partir de uma pesquisa de campo extensa em uma pequena cidade do extremo sul da Bahia, Brasil, com um grupo que se define como afro-indígena, observamos o uso da noção de irradiação para designar uma força que atravessa os corpos e os transforma ou, antes, os modula, tornando-os, em alguma medida, outros, estado no qual ocorreria a transmissão do axé. A partir da análise da produção bibliográfica do campo das religiões de matriz africana, este trabalho visa, num primeiro momento, cartografar os usos e sentidos da noção de irradiação em outros contextos etnográficos, nos quais muitas vezes é interpretada como uma espécie de “semitranse”. Num segundo momento, este trabalho visa tirar as consequências da perspectiva nativa a respeito dessa força, entendida não como um estágio prévio, mas como um outro modo, próximo, porém, distinto do transe de possessão.
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