O ESTADO DE EXCEÇÃO E O ESTADO DE GRAÇA

Autores

  • Raquel Wandelli Loth Unisul

DOI:

https://doi.org/10.26512/aguaviva.v3i3.16895

Palavras-chave:

Máquina de guerra; Máquina antropocêntrica; Clarice Lispector; Inumano; Língua da resistência.

Resumo

Analisada como máquina de guerra e de esgarçamento dos limites da linguagem, a literatura do devir (Deleuze) inventa estratégias para vingar uma língua da resistência do inumano (Lyotard). Com a invenção de uma pronominalidade neutra em Água viva (o it) e em Paixão Segundo G.H. (a massa branca da barata), Clarice Lispector cava na literatura dispositivos menores, capazes de potencializar uma sintaxe animal na escritura e libertar-se do modo frásico onde se estabelece a Ideia antropocêntrica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raquel Wandelli Loth, Unisul

Doutora em Literatura pelo Programa de Pós Graduação em Literatura da UFSC com estágio realizado pela Capes na Sorbone Nouvelle (Université de Paris 3), defendeu a tese "Ver, pensar e escrever como uma animal; devires do inumano na arte-literatura" (2014), sob a orientação do professor doutor Sergio Luis Rodrigues Medeiros. A tese examina as relações entre a animalidade e a inumanidade do homem com a escritura e as artes, em especial na obra de Clarice Lispector, mas também em diversos outros autores nacionais e estrangeiros que potencializam uma sintaxe e uma ideia do inumano. Em 2012, realizou estágio de doutoramento no Centro de Pesquisas e Estudos Comparados da Université de Paris 3, sob a coordenação do Dr. Phippe Darós, e no Programa Animots , sob a coordenação da Dra Anne Simon, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (CNRS), em Paris. Mestre em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000), pesquisou sobre hipertextualidade em narrativas impressas, tema sobre o qual publicou seu primeiro livro teórico: Leituras do Hipertexto: Viagem ao Dicionário Kazar (Editora da UFSC e Editora da IOESP, 2004). Acaba de publicar Existe, logo escreve; o inumano na arte-literatura, que será lançado neste ano pela Editora da FURB em Florianópolis e Blumenau. Assina inúmeras publicações, resenhas e ensaios na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, Cinema, Artes em geral. Atua principalmente nas seguintes áreas de pesquisa: inumano na literatura, Clarice Lispector, Filosofia da alteridade, estudos animais, estudos de autoria, inumano nas artes e na literatura, antropologia da arte, literatura e alteridade, estudos culturais, mídia, cultura e imaginário. Graduada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (1985), atuou como jornalista no cargo de Assessora de Comunicação da Secretaria de Cultura da UFSC e Editora da UFSC. É professora titular do Curso de Jornalismo da Universidade do Sul de Santa Catarina desde 2000, foi coordenadora da linha de Mídia e Conhecimento do Programa Hipermídia Aplicada e atualmente coordena o Projeto Jornalismo de Povos e jornal-laboratório Fato & Versão. Ao longo de sua carreira no magistério lecionou disciplinas como Comunicação comparada, Monografia, Teoria da comunicação, Laboratório de Vivência, Redação, Literatura Jornalística, Jornalismo de autor, Narrativas de Não-Ficção; Jornalismo e Literatura: encontros e confrontos; Conceitos e intencionalidades da Expressão visual gráfica, Jornal-laboratório: impressos. É colaboradora de diversos órgãos de mídia alternativa e integrante dos Coletivos de Mídia Jornalistas Livres e Catarinas. Autora de Existe, logo escreve; o inumano na arte-literatura, pela EdFURB (2017).

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Lo abierto: el hombre y el animal. Tradução de Flávia Costa, Edgardo Castro. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editora, 2006.

____. O que é um dispositivo? In: AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Tradução Vinícius Nikasto Honesko. Chapecó: Argos, 2009. p. 25-58.

BENJAMIN, Walter. Rua de mão única. Tradução de Rubens Rodriguez Torres Filho e José Carlos Martines Barbosa. São Paulo: Brasiliense, 1987. (Obras escolhidas, v. II).

BLANCHOT, Maurice. O espaço literário. Tradução de A. Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.

CLASTRES, Pierre. Sociedade contra o estado. Tradução de Theo Santiago. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1974.

DELEUZE, Gilles. L’Abécédaire de Gilles Deleuze: documentário com Gilles Deleuze. Direção: Pierre-André Boutang. Produção: Sodaperaga; La Femis. 450 min. França, 1996. Disponível em: /http://vimeo.com/10192065> Acesso em: 04 jul. 2013.

______. Crítica e clínica. Tradução Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Kafka: por uma literatura menor. Tradução de Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago, 1977.

____. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995. v.1.

____. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Aurélio Guerra Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. Rio de Janeiro: Editora 34, 1996. v. 3.

____. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Suely Rolnik. Rio de janeiro: Editora 34, 1997. v. 4.

____. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Peter Pál Pelbart e Janice Caiafa. Rio de Janeiro: Editora 34, 2005. v. 5.

DERRIDA, Jacques. Che cos’é la poesia?, Tradução. Tatiana Rios e Marcos Siscar. In: Inimigo Rumor, nº 10, Rio de Janeiro: 7 Letras, maio, 2001, p. 111-115.

____. O animal que logo sou. São Paulo: Editora Unesp, 2002.

DOMINGUES, José António. Por que o inumano? Portugal: LusoSofia Press, 2005. Comunicação ao Congresso Internacional da Associação Portuguesa de Filosofia Fenomenológica (AFFEN) em Coimbra, março 1005. Disponível em: <http://www.lusosofia.net/textos/ domingues_jose_porque_inumano.pdf> Acesso em: 28 mar. 2005.

FOUCAULT, Michel. Poder e saber. In: ____. Estratégia, Poder-Saber. Org. Manoel Barros da Motta. Tradução de Vera Lúcia Avelar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010b, p. 223-240. (Coleção Ditos & Escritos IV).

GARRAMUÑO, Florencia. Região compartilhada: dobras do animal-humano. In: MACIEL, Maria Esther (Org.). Pensar/escrever o animal. Florianópolis: UFSC, 2011. p. 105-116.

KAFKA, Franz. Nas galerias. Tradução Flávio R. Kothe. São Paulo: Estação da Liberdade, 1989.

LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós: ensaios sobre a alteridade. Petrópolis: Vozes, 2010.

LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

____. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998a.

____. A paixão segundo G. H.. Rio de Janeiro: Rocco, 1998b.

____. Onde estivestes de noite? Rio de Janeiro: Rocco, 1999a.

____. A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Rocco, 1999b.

____. Aprendendo a viver. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

LYOTARD, Jean-François. Le différend. Paris: Les Éditions de Minuit, 1983.

____. Témoigner du différend: quand phraser ne se peut. Paris: Editions Osiris, 1989.

NANCY, Jean-Luc. Ser singular plural. Tradução de Antonio Tudela Sancho. Madrid: Arena Libros, 2006.

NASCIMENTO, Evando. Rastros do animal: a ficção de Clarice Lispector. In: MACIEL, Maria Esther (Org.). Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: UFSC, 2011a.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Petrópolis: Vozes, 2011.

PONGE, Francis. Métodos. Tradução de Leda Tenório da Motta. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

RIMBAUD, Arthur. Uma estadia no inferno; Poemas escolhidos e A carta do vidente. Tradução e organização de Daniel Fresnot. São Paulo: Martin Claret, 2005.

RONCADOR, Sônia. Poéticas do empobrecimento; a escrita derradeira de Clarice. São Paulo: Annablume, 2002.

Downloads

Publicado

2018-12-31

Como Citar

LOTH, Raquel Wandelli. O ESTADO DE EXCEÇÃO E O ESTADO DE GRAÇA. Revista Água Viva, [S. l.], v. 3, n. 3, 2018. DOI: 10.26512/aguaviva.v3i3.16895. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/aguaviva/article/view/16895. Acesso em: 23 nov. 2024.