EXPERIÊNCIA, NARRATIVA E TESTEMUNHO
APONTAMENTOS A RESPEITO DE OLUALÊ KOSSULA, DE ZORA N. HURSTON, E PERDER A MÃE, DE SAIDIYA HARTMAN
DOI:
https://doi.org/10.26512/aguaviva.v8i3.45071Palabras clave:
Experiência, Narrativa, Testemunho, Ficção, HistóriaResumen
Considerando Olualê Kossula: as palavras do último homem negro escravizado, de Zora N. Hurston (2018 [1931]), e Perder a mãe: uma jornada pela rota atlântica da escravidão, de Saidiya V. Hartman (2007), discuto a relação entre experiência, narrativa e testemunho – conceitos presentes não apenas nos estudos literários, mas também naqueles voltados para o saber histórico. Como hipótese, defendo que essas obras atestam impasses de dois momentos da virada testemunhal do saber histórico entre os séculos XX e XXI no contexto da problematização da distinção entre ficção e não-ficção e do questionamento da noção de “história universal”. Enquanto que, em Hurston, há um tensionamento entre a constituição de uma voz dissonante à tradição ocidental e a busca por inclusão nesta mesma tradição excludente, em Hartman, seu ponto de partida é o não-pertencimento e a crença em sua incapacidade de compreender o (seu) mundo. Como referenciais teóricos, destaco o trabalho de Seligmann-Silva sobre o testemunho (2005) e o conceito de história, segundo Benjamin (2020). Concluo enfatizando a perspectiva testemunhal feminina na constituição de um novo espaço de imagens que, por sua vez, solicita do leitor uma postura ativa tanto na prática de leitura quanto na agência política.
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Citas
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