Fome e insegurança alimentar em tempos de pandemia da covid-19
DOI:
https://doi.org/10.26512/sersocial.v23i48.32423Palavras-chave:
Fome. Josué de Castro. Covid-19. Insegurança alimentarResumo
O artigo objetiva apresentar, a partir das contribuições de Josué de Castro, elementos para entender que os processos geradores da fome no contexto de avanço da covid-19 são anteriores, porém agravados pela situação de calamidade. A fome endêmica configura-se no horizonte das populações em extrema pobreza, sendo que estas se encontram em uma escala ascendente nos últimos anos no Brasil, especialmente a partir de 2014. Aos estados endêmicos, agregam-se os epidêmicos ou pandêmicos decorrentes dos impactos do coronavírus. Apresentam-se também estratégias na luta contra a fome e a insegurança alimentar, entre elas, destacam-se as propostas elaboradas coletivamente por movimentos sociais, sindicais e entidades organizadas em torno da agricultura familiar, da reforma agrária, dos povos e comunidades tradicionais, da agroecologia e da soberania alimentar. Entre essas ações políticas, destacam-se em caráter emergencial a reforma agrária, as políticas de renda básica, saúde, revogação da Emenda Constitucional 95, abastecimento e segurança alimentar e nutricional e o fortalecimento da capacidade produtiva da agricultura familiar camponesa e dos povos e comunidades tradicionais. Esse conjunto de indicações busca lidar com os efeitos da pandemia do coronavírus e enfrentar o agravamento da fome que se anuncia diante desta crise. Reafirma-se assim a atualidade de Josué de Castro e a importância da construção de projetos e políticas integradas de combate à fome. Isto requer mudanças nas estruturas econômicas e sociais, em especial, nas ainda necessárias reformas nas estruturas agrárias do país, assim como nas políticas de abastecimento e de segurança alimentar e nutricional.
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