Produtividade e miséria:

o trabalho assalariado nos canaviais da Paraíba

Autores

  • Lucas Bezerra Universidade Federal de Pernambuco
  • Maria Augusta Tavares

DOI:

https://doi.org/10.26512/ser_social.v18i39.14638

Resumo

O artigo analisa a relação entre exploração e produtividade do trabalho no corte manual da cana-de-açúcar, particularmente na realidade do estado da Paraíba. Dá-se destaque aos elementos do processo de trabalho atualmente adotado e às condições de reprodução da força de trabalho. Neste início de século, o Estado brasileiro, em cumprimento a exigências internas e externas do capital, tem incorporado de forma cada vez mais enfática o discurso da “energia limpa”, expresso na centralidade assumida pelo etanol. Essa postura tem elevado a produção de cana e seus derivados, atingindo metas sem precedentes. No entanto, pouco se divulgam as condições a que estão submetidos os assalariados rurais que atuam no corte manual. Com o padrão do “salário por peça”, observa-se que, associada à intensificação do trabalho, aprofunda-se uma unidade contraditória entre produtividade e miséria, numa espécie de “casamento” cujo divórcio é difícil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lucas Bezerra, Universidade Federal de Pernambuco

Mestrando em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Graduado em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Vinculado ao Grupo de Pesquisas sobre o Trabalho (GPT-UFPB), com inserção na linha de Trabalho e Questão Social. Bolsista do CNPq.

Maria Augusta Tavares

Professora aposentada, líder do Grupo de Pesquisas sobre o Trabalho da Universidade Federal da Paraíba e membro integrado do Grupo de Estudos de História Global do Trabalho do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Referências

ADISSI, P. Processos de trabalho agrícola canavieiro: proposição de uma taxonomia das unidades produtivas e análise dos riscos a ela associados. 1997. Tese (doutorado em Engenharia de Produção). Rio de Janeiro: Coppe/UFRJ.

ADISSI, P. et al. Comparação entre os sistemas de corte manual de canade-açúcar: 9 carreiras versus 5 carreiras. Produto & Produção, vol. 7, n. 2, 2004.

ADISSI, P.; SPAGNUL, W. Convenções coletivas: quantificando o roubo dos patrões. Proposta, v. 14, n. 42, p. 47-52, out./1989.

ADISSI, P.; COSTEIRA NETO, A. Sistemas de corte de cana empregados na Paraíba. João Pessoa: Fetag-PB, 1987. Laudo técnico.

ALVES, Francisco. Por que morrem os cortadores de cana? Saúde e Sociedade. v. 15, n. 3, p. 90-98, set.-dez./2006.

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? São Paulo: Boitempo, 2003.

BEZERRA, Lucas. Tudo planta de cana, para uma só boca de usina: questão social e neodesenvolvimentismo na Zona Canavieira da Paraíba. Monografia (Graduação em Serviço Social). João Pessoa: UFPB, 2016.

CPT. Comissão Pastoral da Terra. Impactos do monocultivo da cana na Amazônia e no Cerrado. Brasília: CPT, 2009.

______. Conflitos no campo. Brasil 2010. Goiânia: CPT, 2011.

______. Balanço da questão agrária no Brasil. Online, 2014.

FERNANDES, Florestan. Revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. São Paulo: Globo, 2006.

FETAG-PB (2014). Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Paraíba. Informações concedidas no dia 2/6/2014, por João Antônio Alves, diretor de Política Sindical da Fetag-PB, João Pessoa-PB.

GORZ, A. Adeus ao proletariado. São Paulo: Forense Universitária, 1982.

HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2005.

IAMAMOTO, Marilda. Trabalho e indivíduo social. São Paulo: Cortez, 2001.

IANNI, Octavio. A ideia de Brasil moderno. São Paulo: Brasiliense, 1992.

LIMA, Edvaldo. Dissidência e fragmentação da luta pela terra na “Zona da Cana” nordestina: Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Recife: CRV, 2013.

LÖWY, M. A teoria do desenvolvimento desigual e combinado. Outubro, n. 1, 1998, p. 73-80.

MAPA. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Cana-deaçúcar (cultura). Disponível em: . Acesso em 21/01/2017.

MARTINS, José de Souza. O poder do atraso: ensaios de sociologia da história lenta. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro I; II. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001; 1980.

______. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. In: ______. A revolução antes da revolução II. São Paulo: Expressão Popular, 2015.

______. ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2011.

MOREIRA, Emília; TARGINO, Ivan. Capítulos de geografia agrária da Paraíba. João Pessoa: UFPB, 1997.

______. Espaço, trabalho e campesinato no campo paraibano. Revista da ANGEPE, v. 7, n. 1, número especial, p. 147-160, out./2011.

NOVAES, José Roberto; ALVES, Francisco. Migrantes: trabalho e trabalhadores no complexo agroindustrial canavieiro (os heróis do agronegócio brasileiro). São Carlos: Edufscar, 2007.

OFFE, Claus. Trabalho e sociedade: problemas estruturais e perspectivas para o futuro da sociedade do trabalho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. 21. ed. São Paulo: Brasiliense, 1976.

REDE SOCIAL DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS; COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Monopólio na produção de etanol no Brasil. Brasília: RSJDH/CPT, 2008.

SANT’ANA, Raquel. Trabalho bruto no canavial: questão agrária, assistência e serviço social. São Paulo: Cortez, 2012.

SANTOS, A.; SOUZA, F. Cana doce, trabalho amargo: a superexploração do trabalhador canavieiro. Pegada, n. 13, fev./2012.

SOARES, José de Nazaré Dantas. Aos facões de ouro, de prata e de bronze: um estudo sobre as condições de vida, trabalho e saúde dos trabalhadores canavieiros do município de Cruz do Espírito Santo-PB no século XXI. Dissertação (Mestrado em Geografia). João Pessoa: PPGG/UFPB, 2014.

TORRES, Éricson da Nóbrega. Espaço agrário e trabalho assalariado na Zona da Mata paraibana. Dissertação (Mestrado). João Pessoa: PPPG/UFPB, 2009.

TROTSKI, Leon. História da Revolução Russa. Rio de Janeiro: Saga, 1968, v. 1.

UNICA. União da Indústria de cana-de-açúcar. Mapa da produção. Disponível em: <http://www.unica.com.br/mapa-da-producao>. Acesso em: 28/08/2015.

Downloads

Publicado

07-02-2017

Como Citar

BEZERRA, Lucas; TAVARES, Maria Augusta. Produtividade e miséria:: o trabalho assalariado nos canaviais da Paraíba. SER Social, Brasília, v. 18, n. 39, p. 562–583, 2017. DOI: 10.26512/ser_social.v18i39.14638. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/SER_Social/article/view/14638. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos Cientí­ficos - Temáticos