Produtividade e miséria:
o trabalho assalariado nos canaviais da Paraíba
DOI:
https://doi.org/10.26512/ser_social.v18i39.14638Resumo
O artigo analisa a relação entre exploração e produtividade do trabalho no corte manual da cana-de-açúcar, particularmente na realidade do estado da Paraíba. Dá-se destaque aos elementos do processo de trabalho atualmente adotado e à s condições de reprodução da força de trabalho. Neste início de século, o Estado brasileiro, em cumprimento a exigências internas e externas do capital, tem incorporado de forma cada vez mais enfática o discurso da “energia limpa”, expresso na centralidade assumida pelo etanol. Essa postura tem elevado a produção de cana e seus derivados, atingindo metas sem precedentes. No entanto, pouco se divulgam as condições a que estão submetidos os assalariados rurais que atuam no corte manual. Com o padrão do “salário por peça”, observa-se que, associada à intensificação do trabalho, aprofunda-se uma unidade contraditória entre produtividade e miséria, numa espécie de “casamento” cujo divórcio é difícil.
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