A Anatel como ferramenta republicana na internalização de normas internacionais

Auteurs-es

  • Artur Coimbra de Oliveira

DOI :

https://doi.org/10.26512/lstr.v4i1.21576

Mots-clés :

republicanismo, regulação, telecomunicações, direito internacional, Brasil

Résumé

O surgimento das agências reguladoras no Brasil ”“ e a atividade regulatória desempenhada por elas ”“ colaborou com um movimento histórico de deslocamento do centro de legitimação das políticas públicas setoriais do Poder Legislativo para o Poder Executivo. Isso foi acompanhado por uma maior abertura democrática das agências em seu processo de produção normativa. Entretanto, após o movimento de reforma do Estado dos anos 1990, uma parte das políticas parece ainda não ter encontrado no Poder Executivo meio suficiente de legitimação: as normas e pseudonormas setoriais produzidas no âmbito internacional. Afirma-se isso com base na filosofia republicana, que se afere estar na base das instituições do Estado moderno, e mediante a análise da regulação dos serviços de telecomunicações, a forma como esse setor regulamenta o seu relacionamento normativo com o ambiente internacional e como ele, de fato, ingere e deglute as normas administrativas internacionais. Como resultado, observa-se que o setor de telecomunicações dispõe de instituições republicanas de participação social em seus processos normativos que se aplicam, de maneira geral, à transposição de normas internacionais para o direito interno. No entanto, pode ser verificado que, em certos casos, a abordagem dessas normas pelo setor ainda retém incoerências, além de carecer de etapas que alinhem o processo de internalização à ideia neorrepublicana de democracia contestatória, deliberativa ou participativa.

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Artur Coimbra de Oliveira

Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade de Brasília. Procurador Federal. Diretor do Departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações do Brasil.

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Publié-e

2012-05-14

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OLIVEIRA, Artur Coimbra de. A Anatel como ferramenta republicana na internalização de normas internacionais. Law, State and Telecommunications Review, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 83–136, 2012. DOI: 10.26512/lstr.v4i1.21576. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/RDET/article/view/21576. Acesso em: 23 nov. 2024.