A geografia literária de Macunaíma: Protocolos de leitura e a hegemonia do modernismo paulista (1922-1928)
DOI:
https://doi.org/10.26512/cmd.v3i2.8888Palavras-chave:
Modernismo. Modernismo Paulista. Mário de Andrade. Macunaíma. Protocolos de Leitura.Resumo
A construção da hegemonia do modernismo paulista deu-se pelo trabalho de consagração de intelectuais posteriores à Semana de 1922, o início oficial do movimento no Brasil; e graças ao empenho do grupo paulista, capitaneado por Mário de Andrade, em oficializar sua posição como a mais legítima representante do modernismo nacional. O exercício de autoconsagração foi necessário devido às fraturas que revelavam a existência de muitos movimentos modernistas no país envolvidos na disputa por um certificado de autenticidade. Em meio às dissidências, os vários grupos adotaram como estratégia de combate a formulação e a divulgação de protocolos de leitura que se revelaram eficazes no estabelecimento de convenções literárias em detrimento de outras. Dentre os protocolos destaco a importância do romance Macunaíma. Espaço de experimentações estilísticas, o livro serviu também como manifesto implícito das próprias posições estéticas e políticas do autor, arremate literário de um projeto intelectual elaborado ao longo dos anos.
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