O que pode ser a engenharia no Brasil? Uma bricolagem teórica
DOI:
https://doi.org/10.26512/cmd.v9i2.47658Palavras-chave:
Engenharia, Engenharia Colonial, Engenharia Indígena, Engenharia Popular, AntropocenoResumo
Neste ensaio, propomos uma definição para a engenharia no Brasil. Para isso, recuperamos os significados comumente associados à engenharia, nos esforçando por identificar suas heranças coloniais e sua incapacidade de lidar com os desafios do Novo Regime Climático. Articulando autores diversos, como Ailton Krenak, Miriam Danowski, Billy Koen, Pedro Silva Telles, Eduardo Viveiros de Castro, Bruno Latour, Gilberto Freyre, dentre outros, chegamos, por fim, a uma definição performativa da engenharia, a partir da contribuição das engenharias indígenas e populares. Pautada por processos heurísticos e agenciamentos sócio-técnicos, a engenharia não abre mão de suas bricolagens e desidentificações ao buscar oferecer soluções ao principal problema deste nosso mundo, qual seja: como melhoramos o nosso viver-junto?
Downloads
Referências
ALEXANDER, J. K. A brief history of engineering. In: MICHELFELDER, D.; DOORN, N (org.) The Routledge Handbook of the Philosophy of Engineering. New York and London: Routledge, 2021.
ALVEAR, Celso; CRUZ, Criatiano; KLEBA, John. Engenharias e outras práticas técnicas engajadas: volume 1: redes e movimentos. Campina Grande: EDUEPB, 2021.
ATKINSON, Anthony. Desigualdade. São Paulo: LeYa, 2015.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
CALLON, M. What does it mean to say that economics is performative?. 2006. halshs-00091596
CALLON, Michel. Entrevista com Michel Callon: dos estudos de laboratório aos estudos de coletivos heterogêneos, passando pelos gerenciamentos econômicos. Sociologias, Porto Alegre, n. 19, p. 302-321, 2008.
CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: postcolonial thought and historical difference. Nova Iorque: Princeton University Press, 2000.
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o estado – pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
CUSICANKI, Silvia Rivera. Ch’ixinakax utxiwa: uma reflexão sobre práticas e discursos descolonizadores. São Paulo: n-1, 2021.
DAGNINO, R.; NOVAES, H. T. O papel do engenheiro na sociedade. In: ENEDS, III, 2006, Rio de Janeiro. Anais: Rio de Janeiro: UFRJ, 2001.
DANOWSKI, D.; CASTRO E. Há mundo por vir ? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Instituto Socioambiental, 2014.
DEJOURS, Christophe. O Fator Humano. 5.ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2007.
DESCOLA, Philippe. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora 34, 2016.
DUFLO, E.; BANERJEE, A. Boa economia para tempos difíceis. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
EVANS, Rick. Engineering as Performance: An “Experiential Gestalt” for Understanding Engineering. In: MICHELFELDER, Diane P.; MCCARTHY, Natasha; GOLDBERG, David E. (org.) Philosophy and Engineering: Reflections on Practice, Principles and Process. Dordrecht: Springer, 2013.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpos e Acumulação Primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2017.
FLUSSER, Vilém. O mundo codificado. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.
FRAGA, Lais; ALVEAR, Celso; CRUZ, Cristiano. Na trilha da contra-hegemonia da engenharia no Brasil: da engenharia e desenvolvimento social à engenharia popular. Revista CTS, no 43, vol. 15, febrero de 2020.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2006.
FREYRE, Gilberto. Homens, engenharias e rumos sociais. Rio de Janeiro: editora Record, 1987.
FRIQUES, Manoel. O Teatro contra o Estado: Clivagens, armadilhas e reinscrições entre as artes cênicas e as ciências sociais. PragMATIZES - Revista Latino-Americana de estudos em cultura, 12(22), 443-498, 2022a. https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.50347
FRIQUES, Manoel. Retorno a Paris: Thomas Ostermeier e a performatização da identidade gay. Revista Brasileira De Estudos Da Presença, 12(2), 1–23, 2022b. https://seer.ufrgs.br/index.php/presenca/article/view/110895
FRIQUES, Manoel. Transgêneros teatrais: práticas de liberdade na cena brasileira. Revista Aspas, 8(1), 41-97, 2018. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3999.v8i1p41-97
GUERREIRO RAMOS, A. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1989.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
KAWAMURA, Lili. Engenheiro: trabalho e ideologia. São Paulo: Ática, 1979.
KOEN, Billy Vaughn. Debunking Contemporary Myths Concerning Engineering. In: MICHELFELDER, Diane P.; MCCARTHY, Natasha; GOLDBERG, David E. (org.) Philosophy and Engineering: Reflections on Practice, Principles and Process. Dordrecht: Springer, 2013.
KRENAK, Ailton. Encontros. Rio de Janeiro: Azougue, 2015.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 2019.
LAGROU, Els. Arte ou artefato? Agência e significado nas artes indígenas. Revista Proa, n°02, vol.01, 2010.
MAB. MAB 30 anos a força dos atingidos e atingidas. Secretaria Nacional do MAB: São Paulo, 2021. Disponível em: <https://mab.org.br/wp-content/uploads/2021/12/MAB-30anos-cartilha_baixa_VISUALIZACAO.pdf> Acesso em: 1/9/2022
MARQUES, Ivan da Costa. Engenharias brasileiras e a recepção de fatos e artefatos. IN: LIANZA, Sidney; ADDOR Felipe (org.). Tecnologia e desenvolvimento social e solidário. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2011.
MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. Introdução de Claude Lévi-Strauss. São Paulo: Cosac e Naify, 2003.
MBEMBE, Achille. O tempo que se move. Cadernos de campo, São Paulo, n. 24, p. 369-397, 2015.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n. 94, 2017.
MITCHAM, Carl. What is engineering? In: MICHELFELDER, D.; DOORN, N (org.) The Routledge Handbook of the Philosophy of Engineering. New York and London: Routledge, 2021.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 2016.
PINTO, Álvaro Vieira. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.
RUTKOWSKI, J.; LIANZA, S. Sustentabilidade de empreendimentos solidários: que papel espera-se da tecnologia? In: BRASIL, Fundação Banco do; FINEP; PETROBRAS (Orgs.). Tecnologia Social - uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
SANTIAGO, Silviano. 35 ensaios de Silviano Santiago. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SCHECHNER, Richard. O que é performance? In: Revista O percevejo, ano 11, n. 12, 2003.
SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003.
SILVA TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da engenharia no Brasil. Rio de Janeiro: Clavero Editoração, vol.1, 1994
SIMONI, Miguel de. Engenharia de Produção da Exclusão Social. In: Thiollent, M; Araújo Filho, T; Soares, R. (orgs). Metodologias e experiências em projetos de extensão. Niterói: UFF, 2000.
SOUZA, Jessé. A elite do atraso. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2019.
SOUZA, Jessé. A tolice da inteligência brasileira, ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: Leya, 2015.
STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
STIGLITZ, Joseph. Why Inequality Matters and What Can Be Done About It. Disponível em: https://truthout.org/articles/why-inequality-matters-and-what-can-be-done-about-it/, acessado em 065 de setembro de 2022.
VEIGA, José Eli. Caderno Adenauer Desenvolvimento sustentável: urgência e complexidade. Cadernos Adenauer xxii, nº 3. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, outubro 2021.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas Canibais. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
WEBERING, Susana. Os “pontos cegos” das teorias organizacionais segundo Guerreiro Ramos. Cad. EBAPE.BR, v. 17, nº 3, Rio de Janeiro, Jul./Set. 2019.
YÚDICE, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Arquivos do CMD
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
