Batekoo

território de afetos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/cmd.v8i2.31146

Palavras-chave:

gênero, raça, afetividade, sexualidade, est´ética negra

Resumo

A Batekoo é uma festa voltada para o público negro e LGBT+ de periferia. Criada em Salvador em 2014, é atualmente realizada em diversas capitais brasileiras e já alcançou mesmo cidades do exterior. Neste artigo, trato da edição que aconteceu no dia 13 de julho de 2018, em Brasília. Meu objetivo é compreender o discurso da organização do evento quanto a gênero e raça, e também como o público interpreta e vivencia o projeto em questão, tendo em vista os usos do corpo e as lógicas de encontros e aproximações, de circulação e ocupação do espaço. Para tanto, considero as imagens de divulgação do evento nas redes sociais e as dinâmicas de interação de indivíduos e grupos durante a festa, partindo de um modelo interseccional que analisa a estética, a sexualidade e a moralidade sexual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AIDOO, Lamonte. Slavery Unseen: Sex, Power, and Violence in Brazilian History. Durham, NC: Duke University Press, 2018.

BAIRROS, Luiza. Orfeu e Poder: uma perspectiva afro-americana sobre a política racial no Brasil. Afro-Ásia, n. 17, p. 173-186, 1996.

BARROS, Zelinda dos Santos. Casais inter-raciais e suas representações acerca de raça. 2003. 199 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) ”“ Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Salvador, 2003.

BASTIDE, Roger. Dusky Venus, Black Apollo. Race, v. 3, n. 1, p. 10-18, 1961.

BASTIDE, Roger; FERNANDES, Florestan. Brancos e negros em São Paulo: ensaio sociológico sobre aspectos da formação, manifestações atuais e efeitos do preconceito de cor na sociedade paulistana. São Paulo: Global, [1955] 2008.

BATEKOO. Sobre nós. Disponível em: http://batekoo.com/sobre-nos/. Acesso em: 10 out. 2017.

BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. p. 25-57.

BERQUÓ, Elza. Nupcialidade da população negra no Brasil. Textos NEPO, v. 11, ago. 1987.

BORGES, Rosane. Amor (afro)centrado: é possível falar nesses termos? Disponível em: http://blogueirasnegras.org/2014/06/10/amor-afrocentrado/. Acesso em: 14 de janeiro de 2017.

BOURDIEU, Pierre. The Logic of Practice. Stanford, CA: Stanford University Press, 1990.

BUTLER, Judith. Undoing Gender. New York; London: Routledge, 2004.

CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: ASHOKA EMPREENDIMENTOS SOCIAIS; TAKANO CIDADANIA (org.). Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano Editora, 2003. p. 49-58

______. Gênero Raça e Ascensão Social. Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 544-552, jan. 1995.

CODEPLAN. Pesquisa por Amostra de Domicílios - Distrito Federal - PDAD/DF - 2013. Brasília-DF: CODEPLAN; SEPLAN; GDF, 2014.

COLLINS, Patricia Hill. Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness, and the Politics of Empowerment. New York; London: Routledge, 2009.

COSTA, Angelo B.; NARDI, Henrique C. O casamento “homoafetivo” e a política da sexualidade: implicações do afeto como justificativa das uniões de pessoas do mesmo sexo. Revista Estudos Feministas. v. 23, n. 1, p. 137-150, jan./abr. 2015 2015.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.

DELIOSKY, Kathy. Normative White Femininity: Race, Gender and the Politics of Beauty. Atlantis, v. 33, n. 1, p. 49-59, 2008.

DIXON, Angela R.; TELLES, Edward E. Skin Color and Colorism: Global Research, Concepts, and Measurement. Annual Review of Sociology, v. 43, n. 1, p. 405-424, 2017.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972.

FIGUEROA, Mónica G. Moreno; MOORE, Megan Rivers. Beauty, Race and Feminist Theory in Latin America and the Caribbean. Feminist Theory, v. 14, n. 2, p. 131-136, 1 ago. 2013.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Utopias de nós desenhadas a sós. Brasília-DF: Brado Negro, 2015.

FOUCAULT, Michel. A história da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

GIACOMINI, Sônia Maria. A alma da festa: família, etnicidade e projetos num clube social da zona norte do Rio de Janeiro ”“ o Renascença Clube. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Editora UFMG; IUPERJ, 2006.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2013.

GOLDSTEIN, Donna M. “Interracial” Sex and Racial Democracy in Brazil: Twin Concepts? American Anthropologist, v. 101, n. 3, p. 563-578, 1999.

GONZALEZ, Lélia; UCPA. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa… São Paulo: Diáspora Africana, 2018.

GORDON, Doreen. A Beleza Abre Portas: Beauty and the Racialised Body among Black Middle-Class Women in Salvador, Brazil. Feminist Theory, v. 14, n. 2, p. 203-218, 2013.

GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Raça, cor, cor da pele e etnia. Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), v. 20, n. 20, p. 265, 30 mar. 2011.

HALL, Stuart. The Spectacle of the “Other”. In: HALL, Stuart (org.). Representation: Cultural Representations and Signifying Practices. London; Thousand Oaks, CA; New Delhi: Sage, 1997a. p. 225-279.

HANCHARD, Michael G. Orfeu e o poder: o movimento negro no Rio de Janeiro e São Paulo. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001.

HARRIS, Marvin. Patterns of Race in the Americas. New York: Walker and Company, 1964.

HEILBORN, Maria Luiza et al. (org.). O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

HIGGINBOTHAM, Evelyn B. Righteous Discontent: the women's movement in the Black Baptist Church, 1880-1920. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1993.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisas, v. 37, n. 132, p. 595-609, dez. 2007.

HOOKS, bell. Black Looks: Race and Representation. Boston, Massachusetts: South End Press, 1992.

HORDGE-FREEMAN, Elizabeth. The Color of Love: Racial Features, Stigma and Socialization in Black Brazilian Families. Austin: University of Texas Press, 2015.

JARRÃN, Alvaro. The Biopolitics of Beauty: Cosmetic Citizenship and Affective Capital in Brazil. Oakland, CA: University of California Press, 2017.

MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2010.

MCKITTRICK, Katherine. Demonic Grounds: Black Women and the Cartographies of Struggle. Minneapolis; London: University of Minnesota Press, 2006.

MISKOLCI, Richard. Pânicos morais e controle social: reflexões sobre o casamento gay. Cadernos Pagu, n. 28, p. 101-128, jun. 2007.

MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988.

MOUTINHO, Laura. Razão, “cor” e desejo: uma análise comparativa sobre relacionamentos afetivo-sexuais “inter-raciais” no Brasil e na África do Sul. São Paulo: UNESP, 2004.

NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra S/A, 1978.

NASCIMENTO, Beatriz. Parte II ”“ É tempo de falarmos de nós mesmos. In: RATTS, Alex (org.). Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006. p. 91-129.

NASH, Jennifer C. Re-thinking intersectionality. Feminist Review, v. 89, n. 1, p. 1-15, jun. 2008.

NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo Social, v. 19, n. 1, p. 287-308, 2007.

NUNES, Brasilmar Ferreira. Elementos para uma sociologia dos espaços edificados em cidades: o “Conic” no Plano Piloto de Brasília. Cadernos Metrópole, v. 21, p. 13-32, 1o. sem. 2009.

OSUJI, Chinyere K. Boundaries of Love: Interracial Marriage and the Meaning of Race. New York: NYU Press, 2019.

_____. Racial “Boundary-Policing”. Du Bois Review, v. 10, n. 1, p. 179-203, mar. 2013

PACHECO, Ana Cláudia Lemos. Mulher negra: afetividade e solidão. Salvador: EDUFBA, 2013.

______. Raça, gênero e relações sexual-afetivas na produção bibliográfica das Ciências Sociais Brasileiras ”“ um diálogo com o tema. Afro-Ásia, n. 34, p. 153-188, 2006.

PARKER, Richard Guy. Corpos, prazeres e paixões: a cultura sexual no Brasil contemporâneo. São Paulo: Editora Best Seller, 1991.

PEREIRA, Bruna C. J. Dengos e zangas das mulheres-moringa: vivências afetivo-sexuais de mulheres negras. 2019. 306 f. Tese (Doutorado em Sociologia) ”“ Universidade de Brasília, 2019.

PIERSON, Donald. Brancos e pretos na Bahia: estudo de contacto racial. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1971.

QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, Luc Van. Manual de investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1995.

RATTS, Alex (org.). Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.

RIBEIRO, Carlos Antonio Costa; SILVA, Nelson do Valle. Cor, educação e casamento: tendências da seletividade marital no Brasil, 1960 a 2000. Dados, v. 52, n. 1, p. 7-51, 2009.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana. Psicologia & Sociedade, v. 26, n. 1, p. 83-94, 2014.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e a questão racial no Brasil ”“ 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SHERIFF, Robin E. Dreaming Equality: Color, Race, and Racism in Urban Brazil. New Brunswick, New Jersey, and London: Rutgers University Press, 2001.

SOUZA, Claudete Alves da Silva. A solidão da mulher negra: sua subjetividade e seu preterimento pelo homem negro na cidade de São Paulo. 2008. 174 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) ”“ Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.

STOLER, Ann Laura. Race and the Education of Desire. Durham, N. C.; London: Duke University Press, 1995.

TEIXEIRA, Moema de Poli; BELTRÃO, Kaizô Iwakami; SUGAHARA, Sonoê. Além do preconceito de marca e de origem: a motivação política como critério emergente para classificação racial. In: PETRUCCELLI, José Luis; SABOIA, Ana Lucia (org.). Características étnico-raciais da população: classificações e identidades. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. p. 101-123.

TELLES, Edward E. Race in another America: The Significance of Skin Color in Brazil. Princeton, N. J.: Princeton University Press.

TWINE, France W. Racism in a Racial Democracy: The Maintenance of White Supremacy in Brazil. New Brunswick, NJ; London: Rutgers University Press, 1998.

VIVEROS VIGOYA, Mara. Dionisios negros: corporalidad, sexualidad y orden socio-racial en Colombia. In: FIGUEROA MUÑOZ, Mario Bernardo; SANMIGUEL A., Pío Eduardo (org.). ¿Mestizo yo? Bogotá: CES/Universidad Nacional, 2000. p. 95-130.

WADE, Peter. Race and Sex in Latin America. London; New York: Pluto Press, 2009.

WILLIAMS, Erica Lorraine. Sex Tourism in Bahia: Ambiguous Entanglements. Champaign, IL: University of Illinois Press, 2013.

WOLF, Naomi. The Beauty Myth. New York: Random House, 2002.

YOUNG, Robert C. G. Desejo colonial: hibridismo em teoria, cultura e raça. São Paulo: Perspectiva, 2005.

ZANELLO, Valeska. Saúde mental, gênero e dispositivos: cultura e processos de subjetivação. Curitiba: Appris, 2018.

Downloads

Publicado

2020-09-03

Como Citar

Pereira, B. C. J. . (2020). Batekoo: território de afetos. Arquivos Do CMD, 7(2), 58–77. https://doi.org/10.26512/cmd.v8i2.31146