Entre “ós”, “ais” e “jaguanhenhéns”:

voz e linguagem em Padre Antônio Vieira e Guimarães Rosa a partir de Nuno Ramos

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DOI:

https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185418

Resumo

O artigo toma por objeto a articulação voz e linguagem na obra Ó (2008), de Nuno Ramos, atentando à correlação desta bipartição à polaridade cultura e natureza, conforme consta na Política, de Aristóteles. Infere-se que Ramos elabora uma descida da linguagem à voz, procedimento que pode ser entendido como a inversão do esquema traçado por Padre Antônio Vieira no sermão “Nossa senhora do ó” (1640), no qual a voz é submetida à linguagem, o corpo ao espírito. Doravante, elegeremos o conto “Meu tio o Iauaretê”, de João Guimarães Rosa, como um possível precursor da expressão “ó” por fazer o ruído animal atravessar a comunicação, embora nossa conclusão seja a de que Nuno Ramos propõe uma decida de mão única do espírito à animalidade, do lógos Ã  phoné, o que nos permitiria vincular sua humanista teoria da separação entre cultura e natureza àquela proposta pelo filósofo Giorgio Agamben; enquanto em Rosa haveria um procedimento perspectivista, como o teorizado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, segundo o qual a natureza seria capaz também de possuir linguagem, saber.

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Publicado

05/21/2018

Como Citar

Santos, J. G. D. de M. (2018). Entre “ós”, “ais” e “jaguanhenhéns”:: voz e linguagem em Padre Antônio Vieira e Guimarães Rosa a partir de Nuno Ramos. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (54), 339–359. https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185418