Há Cem Anos, o IV Centenário: Onde Estava o Povo?
Palavras-chave:
Ciências Humanas. História.Resumo
"Era uma vez, à s vésperas do ano 1000, um povo, o da Europa, tomado de pânico". Assim começa Fim de século, em que Hill e l Schwartz recorre à s ferramentas da História Cultural ”” aqui diríamos História das Mentalidades ”” para mostrar o impacto da noção de século, e sobretudo das viradas de século, sobre o sentido da passagem do tempo no Ocidente, explicar os interesses envolvidos nas excessivas esperanças e nos exagerados temores que entram em cena a cada fim de século, e, enfim, encarar de frente as tensões da passagem para o terceiro milênio. Nada há de verdade na lenda criada por Michelet, mas, com as devidas reservas, os historiadores contemporâneos concordam quanto à validade da escolha do ano 1000 como marco de um ponto de mutação na trajetória do Ocidente. Hillel Schwartz dirige-se com certeza a nós, seus colegas, quando retira de seus ombros a culpa de qualquer sintoma de obsessão por seu objeto de estudo: pois é verdade que nosso próprio fim de século vem sendo invariavelmente vivenciado e descrito por quase todos, nós mesmos inclusive, como um tempo excepcional no limite das alternativas mais extremas. Exposições mundiais no século XIX: espetáculos da transformação sócio-cultural, de Werner Plum, não foge a um certo milenarismo na percepção da atualidade: frente ao triunfalismo da civilização industrial em expansão no século passado, estamos hoje amedrontados pela imprevisibilidade das conseqüências do uso da energia atômica, da poluição, do desequilíbrio ecológico. Contudo, nem a sociedade da produção, nem aquela dos serviços, nem a juventude que sonha com a sociedade do prazer, reconhecem as brumas da sociedade do medo que estão a rodear-nos.