O VERO E O CERTO:A PROVIDÊNCIA NA HISTÓRIA SEGUNDO GIAMBATTISTA VICO
Resumo
A elogiosa declaração de Michelet tem a virtude de apontar, na obra de Giambattista Vico, os aspectos em que ele identificava a afinidade dessa obra com certos interesses e orientações centrais de sua própria historiografia. São alguns daqueles que, quase por consenso, costumam ser enumerados como traços característicos da concepção de história abrigada sob a rubrica de 'romantismo': perspectiva globalizante do devir como processo; valorização das tradições populares, encaradas como criações espontâneas e como substrato modelador das culturas; importância atribuí- da à s épocas primitivas; interesse pela poesia heróica e pela mitologia; refinamento na crítica filológica. Aqui se pode tomá-los, em princípio, como representativos do corte romântico de uma determinada historiografia, ressalvando-se, desde logo, a fluidez e o artificialismo inerentes à s categorias do tipo barroco, romantismo, classicismo e similares, com que se pretende periodizar a história cultural. "O espaçotempo cultural não é passível de organização, segundo articulações inteligíveis", afirma um autor1 a propósito justamente dessas classificações, sem que isso o tenha impedido de procurar circunscrever os elementos de significação da noção de romantismo.