A racionalidade, a cultura e o espirito empresarial

Autores

  • Paola Cappellin Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  • Gian Mario Giuliani Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Palavras-chave:

Sociologia da Empresa, racionalidade.

Resumo

O artigo busca a articulação das noções de
racionalidade, interesse, valores e cultura. Na sociologia
weberiana, a racionalidade é associada ao capitalismo moderno
e ao “espírito empresarial”. Outros autores (Off, Hirschman,
Veblen, Simmel, Elster) têm discutido quão difícil é a realização
do encontro entre o “moderno” e o “racional”. Destas análises,
é possível apontar duas questões relevantes para o estudo da
problemática empresarial. A primeira é que o desenvolvimento
do capitalismo tem, de fato, imposto e universalizado a
racionalidade econômica, porém não a tornou nem homogênea
nem independente da influencia da cultura. A segunda diz
respeito à influência dos valores sobre a racionalidade
econômico-empresarial, formulando normas e regras que dão
fundamento e orientam as ações e iniciativas para a manutenção
do patrimônio e para a realização do lucro. Pode-se então falar
de “cultura de empresa” que leva a refletir sobre um conjunto
de formas de regulação cultural das empresas, formas que são
herdadas de uma longa história industrial e que devem ser
ponderadas por produzirem efeitos sistemáticos. Com isso, o
“espirito empresarial”, como expressão da racionalidade
capitalista, pode ser enriquecido por dimensões que incluem
um conjunto de práticas e valores fundados em referências
advindas de diferentes ambientes, familiar, territorial, político
e social. Conclui-se que as empresas não podem ser vistas exclusivamente
sob a ótica organizacional, já que estas são
inseridas em uma cultura de uma sociedade, de uma região, das
tradições e organizações profissionais. Também, as empresas
conseguem ter influências sobre diversas dimensões da vida
social, estabelecendo elos e trocas com as instituições, grupos
e comunidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paola Cappellin, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ.

Gian Mario Giuliani, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ

Referências

BERNOUX, P. La sociologie des entreprises. Paris: Seuil, 1995.

BUTERA, F. Dalle occupazioni industriali alle nuove professioni. Milano:

F. Angeli, 1989.

CAPECCHI, V. Classe operaia e cultura borghese: ipotesi di una ricerca in

Emilia-Romagna. In: Famiglia operaia, mutamenti culturali, 150 ore.

Bologna: Il Mulino, 1980.

CAPPELLIN, P.; GIULIANI, G. M. Os herdeiros: estudo de caso das empresas

de porte médio da região serrana do estado do Rio de Janeiro. In:

KIRSCHNER, A. M.; GOMES, E. R. Empresa, empresário e

sociedade. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1999.

DINIZ, E.; BOSCHI, R. Empresariado nacional e Estado no Brasil. Rio de

Janeiro: Forense Universitaria, 1993.

ELSTER, J. Ulysses and the sirens: studies in rationality and irrationality.

Cambridge: Cambridge University Press, 1979.

_______. Sour grapes: studies in the subversion of rationality. Cambridge:

Cambridge University Press, 1983.

_______. Solomonic judjements. Cambridge: Cambridge University Press,

_______. Peças e engrenagens das Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Relume

Dumará, 1994.

FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro.

São Paulo: Globo, 1989.

HIRSCHMAN, A. As paixões e os interesses. São Paulo: Paz e Terra,1979.

GIDDENS, A. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp,

MENDOLESI, L. Introdução. In: HIRSCHMAN, A. Come far passare le

riforme. Bologna: Mulino, 1990.

MOREL, R. L. et al. Perspectivas do Sindicalismo no Rio de Janeiro hoje: o

debate em torno do contrato coletivo do trabalho. ENCONTRO

ANUAL DA ANPOCS, 17. [Anais...]. 1993.

OFFE, C. L’utopia dell’ópzione zero. In: Ecologia e politica. Milano:

Feltrinelli, 1987.

PESCE, A. Un’altra Emilia Romagna: rapporto reginale I. Bologna: E. R.

F. Angeli, 1990.

SABEL, C. F. Trabajo e polìtica. Madrid: Ministerio de Trabajo e Seguridad

Social, 1985.

SAINSAULIEU, R. Sociologie de l’organization et de l’entreprise. Paris:

Presse de Fondation Nationale des Sciences Politiques, Dalloz, 1987.

SEN, A. Sobre ética e economia. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

SCHUMPETER, J. Capitalismo, socialismo e democracia. 1954.

SIMMEL, G. La filosophie de l’argent. Paris: Ed. PUF, 1987.

TOURAINE, A. Le retour à l’acteur. Paris: Fayard, 1984.

VEBLEN, T. La teoria della classe agiata. Torino: Einaudi, 1969. Obra

original: The theory of the leisure class, 1899.

VON NEUMAN; MORGENSTER. Teoria dos jogos e comportamentos

econômicos. 1944.

WEBER, M. Economia e Sociedade. México: Fundo de Cultura Economica,

Downloads

Publicado

12-08-2022

Como Citar

Cappellin, P. ., & Giuliani, G. M. . (2022). A racionalidade, a cultura e o espirito empresarial. Sociedade E Estado, 17(01), 123–152. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/44648