Por um modelo Nacional de Prevenção do Trabalho Escravo? Desafios e conflitos na nacionalização do Projeto Ação Integrada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202035030008

Palavras-chave:

Trabalho escravo, campo, ação integrada, prevenção e vulnerabilidades.

Resumo

O artigo contribui para os estudos de políticas de combate e prevenção do trabalho escravo ao analisar o processo de implementação nacional do projeto Ação Integrada ocorrido entre 2014 e 2018, quando se tentou alçá-lo à condição de modelo de prevenção da reincidência de trabalhadores/as em situações análogas à escravidão. A análise baseia-se na observação das relações institucionais do campo de combate ao trabalho escravo no Brasil pela participação em situações sociais ocorridas durante o processo e reveladoras da estrutura e dos conflitos intrínsecos ao campo. Como resultado, foram revelados desafios sociais e entraves políticos ao enfrentamento do problema, como a impossibilidade de replicar um projeto de prevenção em um mundo do trabalho complexo e dinâmico produtor de vulnerabilidades específicas para o trabalho escravo nas diferentes regiões do país, ao lado de conflitos institucionais que, acentuados pela disputa por recursos escassos, ameaçam a atuação conjunta do campo.

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Biografia do Autor

Patricia Trindade Maranhão Costa, Universidade de Brasília (UnB)

Doutora em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (UnB) e com pesquisa de pós-doutorado em Antropologia realizada no Centre Interuniversitaire d'Études sur les Lettres, les Arts et les Traditions (CELAT) da Université Laval em Quebec, Canadá

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Publicado

27-11-2020

Como Citar

Trindade Maranhão Costa, P. (2020). Por um modelo Nacional de Prevenção do Trabalho Escravo? Desafios e conflitos na nacionalização do Projeto Ação Integrada. Sociedade E Estado, 35(03), 837–860. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202035030008

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