A violência, entre práticas e representações sociais:
uma trajetória de pesquisa
Abstract
A o preparar a apresentação deste dossiê sobre violência, algumas reflexões auxiliaram-me a decidir sobre a forma de conduzi-la. Em primeiro lugar, concluí, com certa apreensão e alguma tristeza, mas também com um sentimento positivo, que este é já o terceiro número de Sociedade e Estado dedicado ao tema. A apreensão e tristeza foram decorrentes da constatação de que, passados 20 anos desde a publicação do primeiro dossiê, em 1995, seguido de um segundo, em 2004, o contexto empírico da violência em suas múltiplas formas de manifestação se mantém como problema social persistente e recorrente ”“ seja em termos das práticas, seja no que diz respeito à s representações sociais ”“, configurando cenários de insegurança e medo que, apesar de diferenças significativas em suas formas de concretização, atravessam o conjunto da sociedade brasileira. O caráter positivo, por sua vez, é consequência da constatação de que, sem se deixar pura e simplesmente colonizar pelos problemas sociais, a reflexão acadêmica soube delimitar quando, como e onde se fazia pertinente construir o problema social como questão sociológica, resultando daí um considerável avanço no processo de conhecimento sobre o fenômeno. Não se pode, por certo, concluir daí que este maior conhecimento resulte automaticamente em menos violência.