INEFICIÊNCIA NA COMPRA DE PASSAGENS AÉREAS PELO GOVERNO FEDERAL NO BRASIL: DIMENSIONAMENTO, CARACTERÍSTICAS E EVOLUÇÃO
Inefficiency in the procurement of air tickets by the federal government in Brazil: dimension, characteristics, and evolution
DOI:
https://doi.org/10.18829/2317-921X.2024.e53725Palavras-chave:
compras públicas, orçamento público, viagens, transporte aéreoResumo
As viagens representam uma despesa substancial para o Governo Federal do Brasil. Em 2023, R$ 803 milhões foram gastos com a aquisição de passagens aéreas para as viagens de funcionários e outras pessoas ligadas ao governo. Apesar de suas dimensões, o sistema público de compras de passagens aéreas é ineficiente, levando o governo a pagar preços acima do mercado. O presente artigo objetiva analisar a diferença entre o preço de mercado das passagens aéreas e o preço pago pelo Governo Federal do Brasil no período entre 2014 e 2023. Os gastos do Governo Federal com passagens aéreas foram analisados a partir dos microdados das viagens a serviço disponíveis no Portal da Transparência. Os preços de mercado das passagens aéreas foram estimados a partir dos microdados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). No período analisado, o Governo Federal realizou a compra de 3,5 milhões de passagens aéreas. Em cada assento, em média, o governo pagou R$ 347 acima do preço de aquisição de passagens no mercado. O adicional médio de preço ao longo dos 10 anos analisados foi de 76%, chegando a 98% no período da pandemia de covid-19. Órgãos que adquirem um maior volume de assentos tendem a conseguir melhores preços. Uma correlação positiva também existe entre o preço adicional e o número total de assentos adquiridos em cada trecho origem-destino.
Downloads
Referências
ANAC. Aeródromos. Disponível em: https://www.anac.gov.br/acesso-a-informacao/dados-abertos/areas-de-atuacao/aerodromos. Acesso em: abr. 2023.
BANDIERA, O.; PRAT, A.; VALLETTI, T. Active and Passive Waste in Government Spending: Evidence from a Policy Experiment. American Economic Review, v. 99, n. 4, p. 1278-1308, 2009. https://doi.org/10.1257/aer.99.4.1278
CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO. Avaliação da Política de Emissão de Passagens Aéreas adotada pelos órgãos e entidades da Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo Federal. Controladoria Geral da União, 2020. Disponível em: https://eaud.cgu.gov.br/relatorios/download/878490. Acesso em: abr. 2023.
CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO. Painel de Viagens Realizadas a Serviço. Disponível em: https://www.portaltransparencia.gov.br/viagens. Acesso em: abr. 2024.
COORAY, A.; SCHNEIDER, F. Does corruption throw sand into or grease the wheels of financial sector development? Public Choice, v. 177, n. 1, p. 111–133, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11127-018-0592-7
DIKMEN, S.; ÇIÇEK, H. G. Fighting Against Corruption and Bribery in Public Procurements During the Covid-19 Pandemic. In: MCGEE, R. W.; BENK, S. (Org.). The Ethics of Bribery. Springer: 2023. p. 309-328. Disponível em: https://doi.org/10.1007/978-3-031-17707-1_18
FERNANDES, C. C. C. Compras Públicas no Brasil: Tendências de inovação, avanços e dificuldades no período recente. Administração Pública e Gestão Social, v. 11, n. 4, 2019.
GROSSMAN, S. J.; HART, O. D. An analysis of the principal-agent problem. In: DIONNE, G.; HARRINGTON, S. E. (Org.). Foundations of insurance economics. Springer, 1992. p. 302-340.
IZQUIERDO, A.; PESSINO, C.; VULETIN, G. Melhores gastos para melhores vidas: Como a América Latina e o Caribe podem fazer mais com menos. IADB: 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18235/0001217-es
JACOBSON, J. M.; DORMAN, G. J. Joint Purchasing, Monopsony and Antitrust. The Antitrust Bulletin, v. 36, n. 1, p. 1-79, 1991. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0003603X9103600101
JAIN, A. K. Corruption: A Review. Journal of Economic Surveys, v. 15, n. 1, p. 71-121, 2001. Disponível em: https://doi.org/https://doi.org/10.1111/1467-6419.00133
LAFFONT, J.-J.; MARTIMORT, D. The theory of incentives. Princeton University Press: 2009.
LIMA, A. M. S.; ARENAS, M. V. S.; SOUZA, V. B. P. Inovação no serviço público federal para passagens aéreas: tecnologia, eficiência e legalidade. Brazilian Journal of Development, v. 4, n. 4, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv4n4-175
MÉON, P.-G.; SEKKAT, K. Does corruption grease or sand the wheels of growth? Public Choice, v. 122, n. 1, p. 69-97, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11127-005-3988-0
MÉON, P.-G.; WEILL, L. Is Corruption an Efficient Grease? World Development, v. 38, n. 3, p. 244-259, 2010. Disponível em: https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.worlddev.2009.06.004
MIRANDA, H. S. Compra direta de passagens aéreas. Escola Nacional de Administração Pública, 2018. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3460
OCDE. Recommendation of the Council on Enhancing Integrity in Public Procurement. OCDE, 2021.
PIRES, V.; MOTTA, A. R. Dimensões da qualidade das compras governamentais: um enfoque para o combate ao desperdício passivo no uso dos recursos públicos. Revista do TCE-PE, v. 20, n. 20, p. 33-48, 2018.
PORPORATO, M.; RUIZ, J. I. Changes in government procurement: COVID-19 as an opportunity for corruption. Journal of Accounting in Emerging Economies, v. 13, n. 4, p. 714-735, 2023. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1108/JAEE-10-2021-0325
SHIVAJEE, V.; SINGH, R. K.; RASTOGI, S. Procurement system for resilient supply chain amid the COVID-19 pandemic: systematic literature review. Journal of Global Operations and Strategic Sourcing, v. 16, n. 2, p. 397-429, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1108/JGOSS-04-2022-0029
YUKINS, C. R. A versitile prism: assessing procurement law through the principal-agent model. Public Contract Law Journal, v. 40, n. 1, p. 63-86, 2010. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/25755802
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 RP3 - Revista de Pesquisa em Políticas Públicas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores de trabalhos submetidos à revista autorizam sua publicação em meio eletrônico, unicamente para fins acadêmicos, podendo ser reproduzidos desde que citada a fonte. Os mesmos atestam sua originalidade e sua autoria