Resumo
A Teoria Funcionalista dos Valores Humanos (TFVH) compreende os valores como princípios-guia gerais, transcendendo objetos ou situações específicas. Objetivou-se testar as hipóteses de conteúdo e a estrutura da TFVH. Participaram 634 universitários (M idade =22,6), sendo a maioria mulheres (51,3%). Com a análise fatorial confirmatória (e.g., CFI=0,97, TLI=0,96 e RMSEA=0,04), testou-se a hipótese de conteúdo. Com o escalonamento multidimensional confirmatório (Proxscal), testou-se a hipótese de estrutura, indicando que os valores podem ser representados em um espaço 3 X 2 em que o 3 refere-se a tipo de orientação - pessoal, central e social - e o 2, a tipo de motivador - materialista e idealista. Concluiu-se que a TFVH reuniu evidências de sua adequação no contexto estudado, podendo ser utilizada para compreender os valores humanos e seus correlatos.
Palavras-chave
Valores sociais; funções; estrutura; conteúdo; Pernambuco
Abstract
The Functional Theory of Values (TFVH) understands values as general guiding principles, transcending specific objects or situations. The objective was to test the hypothesis of the content and structure of TFVH. There were 634 university students (Mage=22.6), the majority female (51.3%). The hypothesis was tested with confirmatory factor analysis (e.g., IFC=0.97, TLI=0.96, and RMSEA=0.04). The hypothesis of the structure was also tested with confirmatory multidimensional scaling (Proxscal), indicating that values can be represented in a 3 X 2 space where the 3 refers to the type of orientation - personal, central and social - and the 2, the type of motivator - materialistic and idealistic. We concluded that the TFVH gathered evidence of its suitability in the studied scope and can be used to understand human values and their correlates.
Keywords
Social values; functions; structure; content; Pernambuco
Os valores humanos possuem posição central na Psicologia Social. Desde as contribuições de Rokeach (1973), que ajudou a legitimar este construto, é possível identificar tipologias que auxiliaram em seu entendimento nos níveis cultural e individual (Medeiros, 2011). Destacam-se na vertente sociológica (nível cultural) os modelos teóricos de Hofstede (1984) e Inglehart (1977), enquanto que, em nível individual, os autores mais clássicos têm sido Rokeach (1973) e Schwartz (1992), surgindo mais recente a teoria proposta por Gouveia (1998, 2013).
Não se discutem a importância e o amplo uso dos modelos de Rokeach (1973) e Schwartz (1992), entretanto, partindo das limitações e críticas que estes receberam (Medeiros, 2011; Soares, 2015), a teoria de Gouveia (1998, 2003, 2013), denominada como teoria funcionalista dos valores humanos (TFVH), apresenta-se como um modelo promissor. De fato, ele permite integrar modelos prévios de forma mais parcimoniosa (Gouveia et al., 2014a), sem necessidade de diferenciar níveis de análise, criando um modelo individual e outro cultural (Soares, 2015). Na TFHV, os valores são concebidos como princípios universais (categorias) que guiam e orientam a vida das pessoas, sendo compartilhados por grupos sociais (Gouveia et al., 2011). Estes valores não estão ligados a qualidades que remetem a instituições, situações ou objetos específicos (Gouveia, 2003, 2016). Contrariamente, surgem como atributo motivacional, representando cognitivamente as necessidades humanas básicas (Gouveia et al., 2015; Maslow, 1954).
Segundo Gouveia (2003, 2013), essa teoria é composta por um núcleo rígido, mais estruturante, que define seus pressupostos principais não comprováveis empiricamente e
hipóteses específicas sobre o conteúdo, a estrutura, a congruência e a compatibilidade dos valores. Quanto aos pressupostos, admite cinco: (1) o homem tem natureza benévola (positiva), razão de serem todos os valores positivos; (2) os valores são princípios-guias individuais, devendo a cultura endossar mais aqueles que são úteis para a sobrevivência do grupo, tornando-os desejáveis; (3) têm uma base motivacional, sendo representações cognitivas das necessidades humanas; (4) apresentam um caráter terminal, expressando as metas finais ou o propósito último da vida; e (5) apresentam uma condição perene, sendo aproximadamente os mesmos em todos os tempos e lugares, variando apenas a magnitude com que são apresentados.
Partindo desses pressupostos, Gouveia e seus colaboradores identificaram duas funções primárias dos valores (Gouveia, 2016; Gouveia et al., 2014a): (1) guiam as ações; e (2) representam cognitivamente as necessidades humanas. Estas duas funções formam dois eixos, que correspondem, respectivamente, ao tipo de orientação (eixo horizontal) e ao tipo de motivador (eixo vertical). O primeiro define os valores como padrão-guia de comportamentos, diferenciando entre metas pessoais (o indivíduo por si mesmo), centrais (propósito geral da vida) e sociais (o indivíduo na comunidade), e o segundo descreve os valores como expressão das necessidades humanas, identificando dois tipos de necessidades: idealistas (a vida é percebida como uma fonte de oportunidades) e materialistas (a vida é concebida como uma fonte de ameaça) (Gouveia et al., 2015).
Embora estas não sejam as únicas funções dos valores (Rokeach, 1973), parece evidente que são as duas mais importantes, permitindo explicar o universo de valores que têm sido identificados em diferentes tipologias (Gouveia et al., 2014b). Quando combinadas estas funções, formam um delineamento 3 X 2 em que o 3 se refere a tipo de orientação - pessoal, central e social e o 2 refere-se a tipo de motivador - materialista e idealista, que resultam em seis subfunções ou valores básicos, representados na Figura 1 (Gouveia, 2016; Gouveia et al., 2014a, 2015).
Conforme se observa nesta figura, os dois eixos (ou as duas dimensões) são combinados para formar seis quadrantes, correspondendo a cada uma das subfunções, as quais são distribuídas de maneira equitativa nos tipos de orientação social (interativa e normativa), central (suprapessoal e existência) e pessoal (experimentação e realização), e nos tipos de motivadores materialistas (existência, realização e normativa) e idealistas (experimentação, suprapessoal e interativa) (Gouveia et al., 2011). Procura-se, a seguir, descrever estas subfunções:
Subfunção Existência (orientação central e motivador materialista). Representa as necessidades cognitivas mais elementares, objetivando garantir as condições básicas de sobrevivência orgânica, assegurando ainda saúde mental e psicológica, além de segurança (Godoy & Oliveira-Monteiro, 2015). No caso, reúne valores congruentes com as orientações social e pessoal, servindo de referência para as subfunções realização e normativa (Gouveia, et al., 2015). Esta subfunção é formada pelos valores específicos estabilidade pessoal, saúde e sobrevivência.
Subfunção Realização (motivador materialista e orientação pessoal). Esta subfunção representa a necessidade de estima e realização. Geralmente, pessoas guiadas por esses valores levam em conta princípios pessoais com foco em realizações materiais, sendo práticos em suas decisões e comportamentos, além de apreciarem uma sociedade estruturada e organizada (Gouveia et al., 2015). Os valores específicos que podem ser usados como representativos desta subfunção incluem êxito, prazer e sexualidade.
Subfunção Normativa (motivador materialista e orientação social). Apresenta similaridade com valores de existência por expressarem necessidades de sobrevivência, mas concentrando-se em objetivos sociais, tais como a preservação da própria cultura, o estabelecimento e cumprimento de regras sociais e o destaque à obediência a autoridades (Godoy & Oliveira-Monteiro, 2015). Expressa, ainda, as necessidades de segurança e controle e mesmo as pré-condições para satisfazer todas as necessidades básicas. Geralmente, as pessoas mais velhas são guiadas por valores desta subfunção (Gouveia et al., 2015), como obediência, religiosidade e tradição.
Subfunção Suprapessoal (orientação central e motivador humanitário). Seus valores representam as necessidades de estética, cognição e autorrealização. São compatíveis com valores de orientação social e pessoal com o mesmo motivador, indicando a importância de ideias abstratas, dando menor ênfase a coisas concretas e materiais (Gouveia, 2013). Esta subfunção é fonte para outras duas subfunções representantes do mesmo motivador (experimentação e interativa), agrupando os valores beleza, conhecimento e maturidade.
Subfunção Experimentação (motivador humanitário e orientação pessoal). Representa as necessidades fisiológicas de satisfação no sentido mais amplo, ou seja, princípio do prazer (Gouveia, 2013). Pessoas que priorizam esses valores não se conformam facilmente com regras sociais, contribuindo para a promoção de mudança e inovação na estrutura das organizações sociais, além de não serem orientadas em longo prazo por metas materiais e concretas (Souza et al., 2015). Valores que podem representar esta subfunção são emoção, prazer e sexualidade.
Subfunção Interativa (motivador humanitário e orientação social). Valores desta subfunção são essenciais para regular, estabelecer a manutenção as relações interpessoais, representando as necessidades de pertença, amor e afiliação. Ressaltam-se o destino comum que têm as pessoas e as experiências afetivas compartilhadas; o contato social é uma meta em si, enfocando em atributos mais afetivos e abstratos, sem visar ganhos pessoais. Valores que representam esta subfunção incluem afetividade, apoio social e convivência.
A partir do conjunto de valores tidos como exemplares das seis subfunções e da organização dos valores (Figura 1), isto é, a distribuição espacial teorizada, a teoria funcionalista dos valores humanos estabelece duas de suas hipóteses principais: estrutura e conteúdo dos valores, respectivamente. Descreve-se brevemente cada uma delas a seguir.
Hipótese de Conteúdo
Esta hipótese estabelece que os 18 valores específicos são distribuídos mais adequada e equitativamente nas 6 subfunções valorativas previamente descritas (modelo hexafatorial), inclusive apresentando melhor ajuste que modelos alternativos (Gouveia et al., 2014a, 2014b, 2015; Soares, 2015), a saber: (1) unifatorial: admite que os 18 itens saturam em um único fator, o que poderia ser explicado em razão da desejabilidade social inerente aos valores (Kluckhohn, 1951; Schwartz et al., 1997); (2) bifatorial: pressupõe que os valores podem ser melhor organizados a partir do tipo de motivador (materialista e idealista) (Braithwaite et al., 1996; Inglehart, 2012); (3) trifatorial: sugere que os valores são organizados segundo o tipo de orientação, isto é, valores pessoais, centrais e sociais (Rokeach, 1973; Schwartz, 1992); e (4) pentafatorial: admite que os valores centrais (subfunções existência e suprapessoal), por formarem o propósito último da vida, poderiam se agrupar para formar uma única dimensão, diferenciando-se das outras 4 subfunções valorativas (Gouveia, 2013; Maslow, 1954).
Hipótese de Estrutura
Inicialmente testada por meio de análises estatísticas exploratórias, esta hipótese procura explicar a organização dos valores, isto é, como eles se distribuem espacialmente. Tomando em conta a Figura 1, estima-se uma organização dimensional, correspondendo aos dois eixos ou funções dos valores: servir de princípio que guia a vida das pessoas (tipo de orientação) e representar cognitivamente as necessidades humanas (tipo de motivador). No primeiro caso, prediz-se que os valores pessoais e sociais se apresentam em lados opostos do espaço, figurando entre eles os valores centrais, que são congruentes com ambos, representando os propósitos da vida. No segundo caso, espera-se que os dois tipos de motivadores [materialista (pragmático) e humanitário (idealista)] se apresentam em diferentes regiões do espaço bidimensional (Gouveia, 2013).
Em resumo, passadas quase duas décadas desde que foi proposta (Gouveia, 1998, 2003) e recebendo alguns ajustes em anos mais recentes (Fischer et al., 2011; Gouveia, 2013; Gouveia et al., 2011; Gouveia et al., 2008), a teoria funcionalista dos valores humanos tem se mostrado bastante promissora, tendo sido verificada em diversas macrorregiões e capitais brasileiras (Gouveia, 2003, 2013; Gouveia et al., 2014a, 2015; Medeiros, 2011), mas também em dezenas de países (Ardila et al., 2012; Gouveia et al., 2010; Soares 2015). Não obstante, ainda são escassos os estudos que incluem residentes de cidades do interior, sobretudo os que testam as hipóteses de conteúdo e estrutura dessa teoria. Precisamente estes aspectos motivaram o presente estudo, que procurou testar tais hipóteses com participantes de uma cidade do interior de um estado do Nordeste brasileiro (Petrolina, em Pernambuco).
Método
Participantes
Contou-se com amostra não probabilística (de conveniência) formada por 634 estudantes de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas de Petrolina (PE). Estes tinham média de idade 22,7 anos (DP=5,38; suas idades variaram de 18 a 65 anos), sendo a maioria do sexo feminino (51,3%), heterossexual (90,9%), solteira (85,8%), católica (50%) e oriunda das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (61,4%). Tais participantes indicaram ter renda familiar média de R$ 4.257,41 (DP=3.614,96).
Instrumentos
Os participantes responderam um livreto formado por duas partes:
Questionário dos Valores Básicos (QVB). Este é composto por 18 itens ou valores específicos (Gouveia et al., 2014a), cada um reunindo 2 descritores (e.g., TRADIÇÃO. Seguir as normas sociais do seu país; respeitar as tradições da sua sociedade; EMOÇÃO. Desfrutar desafiando o perigo; buscar aventuras). A pessoa o responde em termos do quanto cada um desses valores é importante como um princípio que guia sua vida, considerando uma escala de 7 pontos, que varia de 1 (Totalmente não importante) a 7 (Extremamente importante). Esse instrumento reúne diversos estudos que descrevem seus parâmetros psicométricos, sobretudo acerca de evidências de sua validade de construto (e.g., estrutura fatorial, organização espacial) e precisão (e.g., consistência interna, confiabilidade composta, homogeneidade) (Medeiros, 2011; Soares, 2015). Por exemplo, seus coeficientes de consistência interna (alfa de Cronbach) costumam ser próximos ou superiores a 0,60, justificando seu uso em pesquisa, variando entre 0,53 e 0,74 (Gouveia, 2013, 2016).
Questionário Demográfico. Este teve como finalidade descrever os participantes do estudo, reunindo perguntas que permitissem caracterizá-los. Incluíram-se seis perguntas: idade, sexo, estado civil, renda média, curso e área do conhecimento.
Procedimentos
Procurou-se inicialmente contar com a anuência dos representantes das instituições de ensino, procedendo-se posteriormente à coleta dos dados. Esta aconteceu em ambiente coletivo de sala de aula, embora os instrumentos tenham sido respondidos de forma individual. O primeiro autor deste artigo ficou responsável pela coleta. Previamente, explicaram-se os propósitos da pesquisa, assegurando o anonimato e a confidencialidade das respostas, enfatizando o caráter voluntário da participação e garantindo que não haveria qualquer prejuízo, ônus ou bônus aos participantes, dando-lhes a chance de desistir, embora enfocando a importância de sua participação. Os que concordaram em participar tiverem que assinar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, consoante com o que determina a Resolução CNS nº 466/12, tendo o projeto sido aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa de uma IES pública do Pernambuco (CAAE: 51391315.0.0000.5196/ Parecer n° 1.460.888). Em média, os respondentes levaram 15 minutos para concluir sua participação na pesquisa.
Análise de Dados
Os dados foram analisados com o PASW (versão 21) e R (versão 3.2.4). O PASW permitiu calcular estatísticas descritivas, índices de precisão (homogeneidade, alfa de Cronbach e Confiabilidade Composta) e escalonamento multidimensional (MDS; com algoritmo Proxscal), buscando-se testar a hipótese de estrutura da teoria funcionalista. Nesse caso, considerou-se a matriz de distâncias euclidianas, transformado os valores em pontuações z, admitindo o nível ordinal de medida e permitindo break ties. A organização espacial dos valores foi definida de acordo com a teoria em pauta, com as subfunções assumindo os seguintes parâmetros para a dimensão tipo de orientação: experimentação [1,0], realização [1,0], existência [0,0], suprapessoal [0,0], interativa [-1,0] e normativa [-1,0]; na dimensão tipo de motivador os parâmetros assumidos pelas subfunções foram como seguem: experimentação [0,5], realização [-0,5], existência [-1,0], suprapessoal [1,0], interativa [0,5] e normativa [-0,5]. Portanto, cada valor foi forçado a ocupar uma posição no espaço, segundo sua subfunção. O coeficiente Phi de Tucker (ϕ) foi utilizado como medida de ajuste do modelo, aceitando-se valores de 0,90 ou superiores (van de Vijver & Leung, 1997).
Com o R, foram realizadas análises fatoriais confirmatórias (AFC) por meio do pacote Lavaan (Rosseel, 2012), procurando testar a hipótese de conteúdo. Consideraram-se os seguintes indicadores de ajuste para avaliar os modelos alternativos uni, bi, penta e hexafatorial (Byrne, 2010; Hair et al., 2009; Hu & Bentler, 1999; Marôco, 2014a, 2014b; Tabachnick, & Fidell, 2013): (1) χ2/gl (razão entre χ2 e graus de liberdade) é uma tentativa de tornar o χ2 menos dependente do tamanho amostral; o ajustamento pode ser considerado perfeito (1 <χ²/gl <3), aceitável (3 <χ²/gl <5) e inaceitáveis (χ²/gl >5); (2) Comparative Fit Index (CFI) é um índice comparativo, cujos valores a partir de 0,90 são referências de um modelo ajustado; (3) Tucker-Lewis Index (TLI), representa uma medida de parcimônia entre os índices do modelo proposto e daquele nulo, variando de 0 a 1, sendo aceitável coeficiente acima de 0,90; (4) Root-Mean-Square Error of Approximation (RMSEA) e seu intervalo de confiança de 90% (IC 90%), aceitando-se valores entre 0,05 e 0,08, admitindo-se até 0,10; e (5) Root Mean Square Residual (RMSR) é a raiz quadrada matriz dos erros dividida pelo grau de liberdade, assumindo que o modelo é ajustado; um RMSR <0,08 indica o ajustamento adequado do modelo. Com relação aos modelos alternativos e o de referência (seis subfunções), tiveram-se em conta as diferenças de qui-quadrado (∆χ²), considerando mais ajustado aquele com menor valor de χ².
Finalmente, visando reunir evidências complementares de validade de construto do QVB, calculou-se a confiabilidade composta (CC) (Hair et al., 2009). A confiabilidade composta é um indicador adicional de consistência interna, sendo aceito valores iguais ou superiores a 0,70 asseguram a adequação da medida, entretanto deve-se considerar que este indicador sofre alterações em função do número de itens e da homogeneidade das cargas fatoriais (Valentini & Damásio, 2016).
Resultados
Estatísticas Descritivas e Consistência Interna das Subfunções
Primeiramente, buscou-se conhecer as pontuações médias dos respondentes nas subfunções. A maior média correspondeu à subfunção existência (M=6,17; DP=0,76), ficando a menor por conta da subfunção realização (M=5,02; DP=0,90). O coeficiente médio de consistência interna (alfa de Cronbach) foi de 0,55 (DP=0,04), variando de 0,52 (suprapessoal) a 0,68 (normativa); a homogeneidade (correlação média interitens) para todas as subfunções obteve coeficiente médio de r m.i.=0,31 (DP=0,08), variando de 0,22 (existência) a 0,44 (normativa); e, por fim, a CC média foi de 0,61 (DP=0,07), variando de 0,52 (suprapessoal) a 0,71 (normativa). Estes achados são detalhados na Tabela 1. Portanto, conhecidos os parâmetros da medida de valores, passou-se a testar as duas hipóteses de estudo.
Hipótese de Conteúdo
Esta hipótese previa que os 18 valores específicos, conforme descritos no QVB, se distribuiriam nas 6 subfunções valorativas teorizadas (Figura 1). Nesse caso, realizaram-se análises fatoriais confirmatórias (AFC) para avaliar a qualidade de ajuste deste modelo teórico. Considerou-se como entrada a matriz de correlações policóricas, adotando o método de estimação dos Mínimos Quadrados Ponderados Robustos (WLSMV), resultando nos seguintes indicadores de ajuste, descritos na Tabela 2: χ2/ gl=1,79, CFI=0,97, TLI=0,96, RMSEA (IC90%)=0,04 (0,03-0,04) e SRMR=0,05. Ressalta-se que todos os valores específicos apresentaram lambdas (λ) diferentes de zero (λ ≠ 0; F > 3,84, p < 0,05).
Evidências complementares de adequação do modelo teórico proposto (hexafatorial) foram reunidas ao compará-lo com quatro modelos alternativos, que apresentaram indicadores de ajuste menos satisfatórios, como o CFI e o TLI (Tabela 2): unifatorial (CFI=0,84 e TLI=0,82), bifatorial (CFI=0,85 e TLI=0,83), trifatorial (CFI=0,94 e TLI=0,93) e pentafatorial (CFI=0,96 e TLI=0,95). Este modelo pentafatorial, inclusive apresentando indicadores de ajuste próximos àqueles do modelo original, foi estatisticamente inferior ao hexafatorial [Δχ2 (5)=29,66, p < 0,001].
Hipótese de Estrutura
Realizou-se uma análise de escalonamento multidimensional confirmatório (MDS, algoritmo Proxscal) para testar essa hipótese. Os resultados foram promissores, mostrando um Phi de Tucker de 0,94, que revela a adequação de representar os valores em um espaço bidimensional, conforme a Figura 2. Especificamente como previsto, com relação à dimensão 1 (tipo de orientação), os valores pessoais (triângulos) se situaram à direita da figura, estando à esquerda aqueles socais (quadrados) e, entre eles, os valores centrais (círculos); e, no caso da dimensão 2 (tipo de motivador), claramente os valores materialistas (figuras preenchidas, parte inferior) e idealistas (figuras vazias, parte superior) se encontram em espaços diferentes nessa configuração.
Representação espacial dos valores de estudantes universitários de Petrolina, formando um delineamento 3 (tipo de orientação: pessoal, central e social) x 2 (tipo de motivador: materialista e idealista).
Discussão
Este estudo procurou contribuir com evidencias de adequação da teoria funcionalista dos valores humanos no Brasil, considerando uma amostra de uma cidade do interior do Nordeste. Procurou-se, principalmente, testar duas das hipóteses desta teoria, correspondendo ao conteúdo e à estrutura dos valores humanos (Gouveia, 2013, 2016; Gouveia et al., 2010; Gouveia et al., 2014a, 2015). Confia-se que esses objetivos tenham sido alcançados.
Apesar de obter achados coerentes com aqueles observados em estudos prévios (para um resumo, vejam-se Gouveia, 2013, 2016), o presente trabalho não está isento de limitações. Inicialmente, destaca-se que a amostra foi de conveniência e com estudantes universitários, restringindo a generalização dos resultados para a população geral. Porém, este não foi o propósito deste estudo, que objetivou reunir evidências de adequação da TFVH no contexto de uma cidade do interior. Nesta direção, considerando o tamanho da amostra (n >200), entende-se que os resultados foram estatisticamente robustos (Tabachnick & Fidell, 2013). Não obstante, recomenda-se em estudos futuros considerar amostras maiores e mais diversificadas, incluindo mais de um estado de diferentes regiões do país. Ressalta-se, ainda, que foi empregada apenas uma medida de autorrelato, tipo “lápis e papel”, para avaliar os valores, o que pode camuflar a desejabilidade social inerente a este construto (Schwartz et al., 1997). Três alternativas a respeito podem ser considerar uma medida implícita dos valores (Gouveia et al., 2012), usar estratégias de priming (Jacoby, 2006; Maio et al., 2009) ou ter em conta relatos comportamentais subjacentes aos princípios axiológicos (Lima et al., 2014).
Quanto aos achados principais, há inicialmente que se destacar que o QVB foi empregado em diversas pesquisas nos âmbitos nacional (Gouveia et al., 2014a, 2015) e internacional (Gouveia, 2014b; Medeiros, 2011; Soares, 2015), reunindo evidências favoráveis de validade e consistência interna. Apesar de os alfas de Cronbach das subfunções estarem abaixo do valor recomendado na literatura de testes psicológicos (Cohen et al., 2014), são coerentes com aqueles observados para outras medidas de valores humanos, inclusive quando se empregam mais itens (Gouveia, 2013, 2016; Schwartz, 1992; Schwartz et al., 2012). Além disso, indicadores complementares desse parâmetro atestam sua adequação, como são a confiabilidade composta, que foi superior a 0,60 na maioria das subfunções (Hair et al., 2009; Škerlavaj & Dimovski, 2009) e homogeneidade (correlação média inter-itens), que se situou acima de 0,20 (p <0,05) (Clark & Watson, 1995).
Ademais, referente aos valores da CC, Valentini e Damásio (2016) argumentam que esse indicador é mais sensível às variações de modelos com cargas fatoriais baixas, além de sofrerem penalidade devido ao número reduzido de itens por fator, entendendo-se que a utilização de pontos de corte fixos pode limitar a interpretação dos resultados de um estudo empírico. Nessa direção, os mencionados autores sugerem que os indicadores de modelos com poucos itens devem ser avaliados de maneira menos conservadora, ou seja, deve-se considerar valores abaixo do ponto de corte que tem sido comumente considerado na literatura (Hair et al., 2009). Dito isto, considera-se que o QVB reuniu evidências complementares de qualidade da medida.
Em suma, considerando os resultados previamente descritos, parecem claras as evidencias de validade fatorial e consistência interna (alfa de Cronbach, homogeneidade e confiabilidade composta) do QVB. Mesmo que alguns valores de alfa de Cronbach e CC não tenham sido excepcionais, considerando a natureza do construto valores humanos, podem ser considerados satisfatórios para propósitos de pesquisa (Medeiros, 2011), sendo equivalentes e inclusive superiores àqueles de outras medidas de valores (Gouveia, 2013).
Referente à hipótese de conteúdo, esta foi confirmada. O modelo teórico proposto formado por seis fatores mostrou-se adequado aos dados empíricos, sendo inclusive mais promissor que aqueles formados por um, dois, três e cinco fatores. Contudo, neste último caso, os indicadores de ajuste foram também adequados, quiçá sugerindo que seja possível, sobretudo em culturas ou contextos com pouca variabilidade das condições de vida (Fischer et al., 2011), considera-lo como explicativo do universo de valores. Menos plausível parece ser reduzir os valores ao tipo de orientação (modelo trifatorial; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992), ao tipo de motivador (modelo bifatorial; Braithwaite et al., 1996) ou, menos ainda, ao construto desejabilidade social (modelo unifatorial; Schwartz et al., 1997).
No caso da hipótese de estrutura, predisse-se que os valores específicos poderiam ser reunidos em subfunções que se distribuiriam espacialmente em razão das duas funções dos valores, isto é, tipo de orientação (guiar os comportamentos) e tipo de motivador (expressar cognitivamente as necessidades) (Gouveia, 2013, 2016). Em linha com o que descreve a Figura 1, os valores foram descritos em uma estrutura 3 x 2, tendo os valores pessoais e sociais se localizados em lados opostos, separados pelos valores centrais, admitidamente congruentes com ambos; de um e outro lado do espaço, se localizaram os valores materialistas e idealistas. Os indicadores de ajuste dessa configuração podem ser considerados satisfatórios (Marôco, 2014b; van de Vijver & Leung, 1997).
Em resumo, como preconiza a TFVH, o universo de valores pode ser representado por seis subfunções valorativas, pautadas nas duas funções principais dos valores (guiar o comportamento e representar as necessidades humanas), que se configuram em um espaço bidimensional que claramente separa os valores pessoais dos sociais e aqueles materialistas dos idealistas, corroborando estudos prévios (Gouveia et al., 2014a, 2015; Medeiros; 2011; Soares, 2015).
Considerações Finais
Este estudo mostrou que, também no contexto do sertão pernambucano, a medida derivada da teoria funcionalista dos valores humanos, isto é, o Questionário dos Valores Básicos, e a própria teoria em si se apresentaram como adequadas. Concretamente, duas das hipóteses principais da TFVH (conteúdo e estrutura) foram corroboradas, sugerindo que é possível conhecer os valores das pessoas, ao menos dos estudantes universitários, que residem nesse contexto. Isso reforça a relevância desta teoria dos valores, que permite explicar conceitualmente modelos e/ou tipologias prévias dos valores (veja-se Gouveia, 2013), inclusive dados coletados com medidas derivadas de outras teorias (Gouveia et al., 2014b).
Referências
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