no Brasil, Go-
doi opta pela designação arte transformista:
como uma aposta na nomenclatura nacional do fenômeno artístico em questão, salien-
tando sua trajetória local, mas operando como um nome guarda-chuva que engloba o
que massivamente é apresentado no campo de pesquisa como arte drag queen (Godoi,
2022, p. 12).
Com a publicação da Portaria nº 54, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia
Criativa do Distrito Federal (SECEC DF), em 2021, e a partir da solicitação efetuada pelo Dis-
trito Drag e Instituto LGBT+, a arte transformista passou a ser reconhecida “como um campo
autônomo que dialoga com diversas outras artes, linguagens e veículos de comunicação. Tam-
bém produz suas próprias referências, saberes, práticas, vertentes e modos de circulação e co-
mercialização” (Godoi, 2022, p. 9).
A partir de um conjunto de entrevistas semiestruturadas, mapeou-se dados quantitativos
como renda, local de moradia, escolaridade, idade, cor/raça, identidade de gênero, sexualidade
e modalidade de transporte das 40 artistas entrevistadas (Godoi, 2022, p. 15). Enquanto no âm-
bito qualitativo, focalizou-se nas narrativas de memórias e influências artísticas, bem como os
desafios, as violências que muitos artistas transformistas experienciam, como isso afeta os sen-
tidos e significados psicoemocionais e o fazer da arte transformista.
As artistas entrevistadas foram Allice Bombom, Andyva Divã, Angelina Bower, Anon
Dragótico Anônimo, Ayobambi, Baby Brasil , Bonnie Butch, Bopety, Brenda Max, Cassandra
Monster, Dakota Caliandra Corote Overdose, Dália del Mar, Dávila, Dita Maldita, Donna Karão,
Fran Ferrari, Hellen Quinn, Invictor, K-halla, Katrina Jones, Licorina, Likidah, Linda Brondi,
Lushonda, Mary Gambiarra, Medu Zaa, Melina Imperia, Mozilla Firefox, Pikineia, Raykka Rica,
Rojava, Rubi Ocean, Ruth Venceremos, Samiallien, Sereia Punk, Shayennie Aparecida, Simone
Demoqueen Lafond, Tiffany – a drag cênica –, Verônica Strass e Xantara Thompson. Todas ex-
pressam a potencialidade e a multiplicidade da arte transformista no coração do país.
Dentre os dados sociodemográficos, destaca-se a faixa etária das artistas entrevistadas.
Duas eram nascidas na década de 1970; três de 1980-1984; dez de 1985-1989; nove de 1990-