Chamada para dossiê especial: Trajes afro-brasileiros: os transbordamentos estéticos do vestir para além dos limites de terreiro
O grupo de pesquisas Fayola Odara1, em parceria com o Calundu - Grupo de Estudos sobre Religiões Afro-Brasileiras, propõe um dossiê especial para a Revista Calundu, para o qual convidamos autoras/es a debaterem sobre visualidades, principalmente o traje que carrega consigo símbolos e tradições das religiões afro-brasileiras e afro-latinas, mas também é refletido na cultura, através dos folguedos populares como o Carnaval e também em tradições como a capoeira e o samba de roda.
Neste dossiê, o traje é entendido para além de suas partes têxteis, como as roupas, mas também com o uso de seus complementos como fios-de-contas, guias e paramentos. Nas pesquisas que abarcam Candomblé, Umbanda e religiões da afro-diáspora, por meios dos trajes é possível acessar as histórias dos orixás, voduns e inquices, mensagens de encantados, cultuar ancestrais personificados através das vestes, se aproximar da cosmopercepção dos povos africanos trazidos para as Américas no período de tráfico e comércio transatlântico, dialogando com os povos originários.
A proposta é suscitar um debate que considere o conceito iorubá de odara, em que esses trajes para serem considerados belos também sejam bons e funcionais. Neste dossiê há também espaço para a discussão de trajes que transbordam os limites dos terreiros, como por exemplo o Traje de Baiana - que talvez seja o ícone vivo mais representativo da contribuição da mulher negra para a indumentária brasileira, usado desde mulheres comerciantes no início do século XIX, que representam a ideia de um vestir-se negra no período imperial brasileiro, que influencia até os dias atuais as componentes das escolas de samba, mas também é inspiração para o traje de samba de roda e de outros folguedos populares -; os trajes de capoeira; representações cênicas; e outros que façam parte das trajetórias históricas desse vestir-se negra.
A chamada está aberta para a submissão de textos originais, até 30 de abril de 2022, por meio do link a seguir: https://periodicos.unb.br/index.php/revistacalundu/about/submissions
Textos submetidos após a data limite não serão considerados para o dossiê temático.
1 Fayola Odara é um grupo de pesquisas estéticas e culturais africanas e afro-diaspóricas, registrado no CNPq. O grupo tem sede na Universidade de São Paulo, no qual seus membros discutem periodicamente temas ligados a trajes, heranças e a cultura afro-brasileira.