“Matou o cara certo que é da sua cor”
chacinas e masculinidades negras nos estudos acadêmicos
Paraules clau:
Chacina; Estudos; Masculinidades; Raça; ViolênciaResum
O presente trabalho possui como objetivo investigar de que forma os estudos acadêmicos sobre as chacinas relacionam a questão com o racismo e o debate sobre masculinidades, em especial as negras. Partindo-se de uma compreensão de que as chacinas são acontecimentos violentos em que homens se reúnem para matar outros homens, sendo estas vítimas e autores, em sua maioria homens negros, é possível constatar a sua íntima relação com a masculinidade e com o próprio racismo. Para isso, recorreu-se a análise de teses e dissertações produzidas até fevereiro de 2022, que possuíssem como um de seus objetos de pesquisa, as chacinas. Assim, a partir da análise do conteúdo dos trabalhos levantados, conclui-se que embora presente nos eventos violentos das chacinas, a articulação entre masculinidades e o racismo ainda se mostram como pontos ignorados, acabando por restringir a análise das chacinas apenas ao chamado racismo estrutural e colocando a masculinidade como um elemento propulsor de violência, acabando por tecer uma visão limitada sobre estas ocorrências, deixando de compreender a chacina em sua real magnitude.
Descàrregues
Referències
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro/ Pólen, 2019.
ALVARENGA FILHO, José Rodrigues. A “chacina do pan” e a produção de vidas descartáveis na cidade do Rio de Janeiro: “Não dá pé mão tem pé nem cabeça. Não tem ninguém que mereça. Não tem coração que esqueça”. (Mestrado em Psicologia) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói, p. 319, 2010.
ANGERAMI, Adriana; SILVA, Ivone Maria Mendes. Significados em torno do “ser” homem: perspectivas de jovens rapazes acerca da masculinidade. In: Simpósio Juventudes Contemporâneas, I. 2018, Porto Alegre, anais, PUCRS.
BAOBÁ. Pele alva e pele alvo: porque jovens negros continuam sendo vítimas preferenciais da violência. 2020. Disponível em: https://baoba.org.br/pele-alva-e-pele-alvo-porque-jovens-negros-continuam-sendo-vitimas-preferenciais-da-violencia/. Acesso em 10 jan. 2023.
BARROS, Betina Warmling. A coerência da crueldade: Os significados da violência extrema para os envolvidos no tráfico de drogas no Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Faculdade de Sociologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS, Porto Alegre, p. 229, 2020
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
CONRADO, Mônica; RIBEIRO. Alan Augusto Moraes. Homem Negro, Negro Homem: masculinidades e feminismo negro em debate. Revista Estudos Feministas [online]. 2017, v.25, n.1, pp. 73-97. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p73. Acesso em: 08 fev. 2022.
FAUSTINO, Deivison Mendes; RIBEIRO, Alan Augusto Moraes. Negro Tema, Negro Vida, Negro Drama: estudos sobre masculinidades negras na diáspora. Transversos: Revista de História. Rio de Janeiro, n. 10, ago. 2017.
KIMMEL, Michael S. A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas. Tradução de Andréa Fachel Leal. Santiago, Chile, 1998. Horizontes Antropológicos [online]. 1998, v. 4, n. 9, pp. 103-117.
LIMA, Laura Gonçalves de. CRIMES DE MAIO: Estigmas e memorias da democracia das chacinas. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Faculdade de Ciências Sociais, Universidade de Brasília – UNB, Brasília, p. 186, 2016.
MACHADO, Lia Zanotta. Masculinidades e violências: gênero e mal-estar na sociedade contemporânea. Ed. 290 de Série Antropologia. Universidade de Brasília, Departamento de Antropologia, 2001.
MORAIS, Romulo Fonseca. O extermínio da juventude popular no Brasil: uma análise sobre os “discursos que matam”. Programa de Pós-graduação em Direito. Universidade Federal do Pará. 2016.
MOREIRA, A. J.; FABRETTI, H. B. (2018). Masculinidade e criminalidade em Moonlight: um estudo sobre as relações entre identidade e delinquência. Revista De Direitos E Garantias Fundamentais, V.19, n° (2), 43-98. Disponível em: https://doi.org/10.18759/rdgf.v19i2.1373
OLIVEIRA NETO, Sandoval Bittencourt de. Sangue nos olhos: Sociologia da letalidade policial no estado do Pará. Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Sociologia, Universidade de Brasília – UNB, Brasília, p. 415, 2020
PAIVA, Luiz Fábio S. Mortes na periferia: considerações sobre a chacina de 12 de novembro em fortaleza. Revista o público e o privado, dossiê encarceramento e alternativas penais, V.13, n° 26, jul. dez (2015), Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/issue/view/199. Acesso em: 08 fev. 2022.
ROCHA, Marilene Sousa Pantoja da. Chacina do Paar: As dimensões do poder no universo policial. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará – UFPa, Belém, p. 127, 2007
ROSA, Waldemir. Observando uma masculinidade subalterna: homens negros em uma “democracia racial”. In: Anais do 13° Mundos de Mulheres & Fazendo Gênero 11, Florianópolis, anais, UFSC, 2017.
RODRIGUEZ, Shay de los Santos. Um breve ensaio sobre a masculinidade hegemônica. Revista Diversidade e Educação, v.7, n.2, pp. 276-291, 2019.
SCHWARTZMAN, S. Pesquisa e Pós-Graduação no Brasil: duas faces da mesma moeda? Estudos Avançados, v. 36, n. 104, p. 227–254, jan. 2022.
Descàrregues
Publicades
Com citar
Número
Secció
Llicència
Drets d'autor (c) 2023 Francisco Assis, Alexandre Julião , Luanna Tomaz
Aquesta obra està sota una llicència internacional Creative Commons Reconeixement-NoComercial 4.0.