Do paradoxo à competição:
o lugar da dimensão programática nas disputas eleitorais
Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar e discutir como diferentes estudos
abordam a dimensão programática na competição eleitoral. Partindo
do clássico modelo de proximidade downsiano, argumento que o autor
impõe, stricto sensu, um paradoxo programático aos partidos. Porém,
modelos alternativos, como a teoria da saliência da competição partidária, modelo direcional de voto e modelos de desconto e de ativismo partidário, permitem evidenciar fragilidades da contribuição downsiana.
A partir de diferentes perspectivas, portanto, como motivação política,
formação endógena e multidimensional de preferências, demonstro
como tal paradoxo pode ser superado, reafirmando a relevância da
dimensão programática enquanto componente efetivamente mobilizado
nas disputas eleitorais. Por fim, apresento estudos específicos do contexto
brasileiro, mostrando como essa dimensão tem ausentado-se do debate
sobre competição eleitoral no Brasil.