Da polícia à política: explicando o perfil dos candidatos das forças repressivas de Estado à Câmara dos Deputados
Palavras-chave:
Forças repressivas do Estado;, Preferência partidária;, Perfil social;, Eleições;, CandidatosResumo
Resumo
Este artigo investiga o perfil social e a preferência partidária dos integrantes das Forças Repressivas do Estado que se lançaram na política institucional nas duas últimas décadas no Brasil. Por meio de estatística descritiva, ressaltamos as especificidades de integrantes das Forças Policiais e Militares que se candidataram a deputado federal. Achados desta pesquisa mostraram mudanças bruscas, de uma eleição a outra, entre os tipos de partidos nos quais essas candidaturas mais se concentraram. Se a passagem da polícia à política era feita, nos anos 1990, via grandes partidos de direita, nos anos 2010 ela se dá por meio de pequenos partidos sem identidade ideológica muito clara (“partidos fisiológicos”). Além do impedimento constitucional de militares filiarem-se a partidos políticos, a ausência de preferência sistemática por um tipo de agremiação partidária pode ser o efeito de um comportamento estratégico, já que obter um lugar na lista desses pequenos partidos não é apenas mais simples, mas há mais abertura a discursos personalistas, tais como os sustentados por esses candidatos-policiais. Esse comportamento também está relacionado à sua visão negativa da política tradicional e dos políticos estabelecidos nos grandes partidos e à crítica a programas com apelos ideológicos muito genéricos. Esses candidatos preferem representar agendas determinadas, como as demandas de suas próprias corporações.
Palavras-chave: forças repressivas do Estado, preferência partidária, perfil social, eleições, candidatos.
Abstract
The present article explores the social profile and political party preference by members of the State Repressive Forces with a career in institutional politics during the last two decades in Brazil. By means of descriptive statistics, we underline the particularities of Police and Military candidates for a federal deputy office. Findings from this research indicated abrupt changes, from one election to another, among the parties in which these candidates were most highly concentrated. If the transition from police to politics during the 1990s occurred through major right-wing parties, in the 2010 decade it takes place through small parties without clear ideological identities (“physiological parties”). In addition to the constitutional impediment of military personnel affiliation to political parties, the lack of a systematic preference for a party college type may be the effect of a strategic behavior, since not only is it easier to obtain a nomination within these small parties, but there also exists a greater lenience toward personalist discourses, such as those espoused by these policeperson-candidates. This behavior is also related to a negative view of traditional politics and established politicians within major parties as well as a condemnation of political programs with overly generic ideological appeals. Such candidates favor certain specific agendas, such as the demands from their own professional corporations.
Keywords: repressive forces of the State, party preference, social profile, elections, candidates.