O neopentecostalismo e os dilemas da modernidade periférica sob o signo do novo desenvolvimentismo brasileiro
Resumo
Resumo
Este trabalho se propõe a demonstrar que o fenômeno pentecostal brasileiro, mormente o neopentecostalismo e sua “Teologia da Prosperidade”, representa a vocalização de um ethos privatista cultivado silenciosamente durante décadas de desamparo político e legal por parte do conjunto mais amplo e vulnerável da sociedade brasileira. Neste artigo sustenta-se que o neopentecostalismo desponta como organizador de uma cultura política marcada pela intersecção de dois processos sociais coetâneos, quais sejam: o de mudança social orientada pela expansão da sociedade de consumo e o de insuficiência das capacidades institucionais do Estado, por um lado, e organizativas da sociedade civil, por outro, no tocante ao enfrentamento dos problemas de marginalização social ocasionados pela excessiva desigualdade econômica e pelo déficit de capitais simbólicos necessários ao fortalecimento de uma cultura política cívica e democrática.
Palavras-chave: neopentecostalismo; cultura política; democracia; modernidade periférica.
Abstract
This paper aims to demonstrate that the Brazilian Pentecostal phenomenon, especially neo-Pentecostalism and its “Prosperity Theology” represents the vocalization of a privatist ethos silently cultivated over decades of political and legal helplessness from the broader and vulnerable set of Brazilian society. This paper argues that neo-Pentecostalism emerged as the organizer of a political culture marked by the intersection of two current social processes, which are: 1) social change driven by the expansion of consumer society and 2) the lack of the capacitiy of the state, on the one hand, and of the civil society, on the other, to overcome the problems of social marginalization caused by excessive economic inequality and by the deficit of symbolic capital necessary to strengthen civic and democratic political culture.
Keywords: neo-Pentecostalism; political culture; democracy; peripheral modernity.