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Brasília, v. 18, n. 6, p. 760-784, 2023

DOI: https://doi.org/10.33240/rba.v18i6.51590

Como citar: BIONDO, Elaine et al. Núcleo de estudos em Agroecologia no Território Rural Vale do Taquari (NEA VT): articulando redes e criando sinergias para a segurança alimentar e nutricional. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 18, n. 6, p. 760-784, 2023.


Núcleo de Estudos em Agroecologia no Território Rural Vale do Taquari (NEA VT): articulando redes e criando sinergias para a segurança alimentar e nutricional

 

Nucleus of Studies in Agroecology in the Rural Territory of Vale do Taquari (NEA VT): articulating networks and creating synergies for food and nutrition security

 

Elaine Biondo1, Cândida Zanetti 2, Letícia Mairesse3, Eliane Maria Kolchinski4, Cláudia Regina de Oliveira Tramontini 5, André Michel Muller6, Ivan Iuri Bonjorno7, Gabriele Daniele8, Luane Vivian de Oliveira Miranda9, Higor Alfredo Bagatini Valer10, Flávia Muradas Bulhões11, Voltaire Sant’Anna12

 

1 Docente no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Doutora em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Encantado, Brasil. Orcid http://orcid.org/0000-0001-7793-9700 e e-mail: elaine-biondo@uergs.edu.br

2Bolsista de Extensão no País, Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica no Território Vale do Taquari, Mestre em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Encantado, Brasil. Orcid http://orcid.org/0000-0002-0145-3859 e e-mail: candidazanetti84@gmail.com

3Extensionista Rural Social – EMATER/ASCAR/RS, Bióloga, Mestre em Ambiente e Sustentabilidade, pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sustentabilidade, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Lajeado, Brasil. e-mail: lemairesse@gmail.com

4 Docente no Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Doutora em Agronomia, pela Universidade Federal de Pelotas. Encantado, Brasil. Orcid http://orcid.org/0000-0002-1009-8000 e e-mail: eliane-kolchinski@uergs.edu.br

5 Chefe de Unidade, Assessora de Comunicação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Encantado, Brasil. E-mail: claudia-oliveira@uergs.edu.br

6 Extensionista Rural – EMATER/ASCAR/RS, Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agroecossistemas, pelo Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, da Universidade Federal de Santa Catarina. Arroio do Meio, Brasil. e-mail: ammuller2@outlook.com

7Extensionista Rural  – EMATER/ASCAR/RS, Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agroecologia, pelo Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, da Universidade Federal de Santa Catarina. Santa Clara do Sul, Brasil. e-mail: ibonjorno@yahoo.com.br

8 Bolsista de Iniciação Científica, Discente do Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Encantado, Brasil. E-mail: gabrieli-daniele@uergs.edu.br

9 Bolsista de Iniciação Científica, Discente do Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Encantado, Brasil. E-mail: luane-miranda @uergs.edu.br

10  Bolsista de Iniciação Científica, Discente do Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Encantado, Brasil. E-mail: higor-valer @uergs.edu.br

11 Docente no Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Doutora em Desenvolvimento Rural, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Encantado, Brasil. Orcid https://orcid.org/0000-0002-3938-5759 e e-mail: flávia-bulhões@uergs.edu.br

12 Docente no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Doutor em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Encantado, Brasil. Orcid https://orcid.org/0000-0003-3348-0592 e-mail: voltaire-santana@uergs.edu.br

 

Recebido em 02 ago. 2023. Aceito em 15 nov. 2023

 

Resumo

Redes de Agroecologia fortalecem e promovem a Segurança e a Soberania Alimentar nos territórios brasileiros. O presente trabalho busca responder ao seguinte problema: o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica no Território Rural Vale do Taquari (NEA VT) contribuiu para a articulação em rede dos atores sociais que atuam nesse campo? Constituído em 2018 no Vale do Taquari/RS, o NEA VT  visa fortalecer vivências e práticas estabelecidas, fomentando a Agroecologia através da articulação de diversas organizações compostas por agricultores agroecologistas, consumidores, técnicos, estudantes das escolas e das universidades no território. Os resultados deste trabalho indicam que foram desenvolvidas várias ações envolvendo pesquisa, ensino e extensão, as quais possibilitaram fortalecer e ampliar, de forma sustentável, a articulação em rede proposta nos objetivos do NEA VT no território, de modo que suas atividades foram importantes para avançarmos na valorização da Agroecologia e na promoção da segurança alimentar e nutricional.

Palavras-chave: Agrobiodiversidade; Alimento; Sustentabilidade, PANCs; Agricultores.

 

Abstract

Agroecology Networks strengthen and promote Food Security and Sovereignty in Brazilian territories. The present work seeks to answer the following problem: did the Center for Studies in Agroecology and Organic Production in the Rural Territory Vale do Taquari (NEA VT) contribute to network articulation and social actors working in this field? Created in 2018 in the Vale do Taquari, RS, NEA VT , aimes to strengthen established experiences and practices by promoting Agroecology, through the articulation of several organizations made up of agroecological farmers, consumers, technicians, students from schools and universities in the territory. The results of this work indicate that several actions were developed, involving research, teaching and extension, which made it possible to strengthen and expand, in a sustainable way, the network articulation proposed in the objectives of NEA VT in the territory, and its activities were important for us to advance in the valorization of Agroecology and the promotion of food and nutritional security.

Keywords: Agrobiodiversity; Foodsttufs; Sustantability; UFPs; Farmers.

 

INTRODUÇÃO

O Brasil é apontado como sendo um dos territórios com a maior biodiversidade do planeta (ICLEI, 2021). Somos ricos em água doce, diversidade de solos, espécies vegetais e animais e também na diversidade de povos e culturas. Neste sentido, deveríamos ter uma população bem alimentada dentro do conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (Brasil, 2006; Brasil, 2014), com acesso à alimentação em quantidade, qualidade e diversidade de alimentos, obtidos em sistemas alimentares sustentáveis. No entanto, o 2° Inquérito sobre Insegurança Alimentar no contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil (II VICGISAN), produzido pela Rede PENSSAN e publicado em 08 de junho de 2022, sob o título de “Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil”, expõem a alarmante realidade de mais de 33 milhões de brasileiros que vivem em situação de fome extrema (Rede PENSSAN, 2022).

A necessidade de promover a segurança alimentar e nutricional das populações, associada à necessidade de conservar a biodiversidade nos biomas brasileiros, demonstra a urgência de uma agricultura de base ecológica que promova o desenvolvimento rural sustentável. Dentre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos na Agenda 2030 das ações para sustentabilidade planetária, está o Objetivo 2: a Erradicação da Fome que, associado aos demais objetivos, busca a Agricultura Sustentável e, ao mesmo tempo, propõe outras metas que objetivam reduzir, pela metade, o desperdício alimentar global per capita, tanto no varejo quanto em nível de consumidor, além de diminuir perdas ao longo das cadeias produtivas e de comercialização (ONU, 2022). Associado a isto, há diversas discussões sobre como diferentes práticas de produção e consumo de alimentos podem promover sistemas alimentares sustentáveis e saudáveis (Niederle et al., 2021).

A Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, instituída no Brasil por meio do Decreto nº 7.794 de 20 de agosto de 2012 (Brasil, 2012), visa integrar, articular e adequar políticas, programas e ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica e de base ecológica, fortalecendo o desenvolvimento sustentável e melhorando a qualidade de vida pela racionalidade no uso dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis. Dentre os principais instrumentos desta política está o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO), que inclui os Núcleos de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (NEAs) como uma das suas principais iniciativas (Zanetti e Biondo, 2021).

Segundo Associação Brasileira de Agroecologia (2020), os NEAs são coletivos, grupos ou redes que atuam na perspectiva do diálogo agroecológico entre os atores envolvidos em práticas onde há indissociabilidade entre pesquisa, extensão e ensino, de forma que o fomento à Agroecologia é realizado entre universidades e a comunidade.

Os NEAs têm potencialidade para constituir circuitos curtos de comercialização (Haas, Rambo e Boelter, 2019) e são importantes espaços de discussão, reflexão, construção e transformação social, permeados por conhecimentos agroecológicos (Barros Junior, 2022). Além disso, fortaleceram a produção cientifica, a formação de professores e de educandos, permitindo maior acesso ao conhecimento relacionado à Agroecologia, bem como o incentivo às articulações e parcerias (Ferreira, 2018), auxiliando na formação acadêmica interdisciplinar e contribuindo para a constituição de capital humano e social na Universidade (Donazzolo et al., 2019). Compreende-se também, que os NEAs desenvolvem ações junto a escolas locais, na organização e manutenção de hortas, desenvolvendo educação ambiental e buscando a segurança alimentar; articulam cursos de formação técnico-social em Agroecologia, produção orgânica e cooperativismo, inclusive para comunidades indígenas; iniciaram movimentos para a realização de feiras orgânicas e artesanais na periferia, aproximando quem produz, dos consumidores em maior vulnerabilidade social e nutricional e implantaram ações em empreendedorismo sustentável para a promoção do consumo de alimentos saudáveis (Fioreze, Bracagioli e Aguiar, 2017). Assim, entendemos que os NEAs possibilitam avanços na promoção de mudanças nas formas de produzir alimentos nos territórios, amplia reflexões sobre o que são alimentos saudáveis e, assim, nas redes de articulação, com diferentes atores nas comunidades dos territórios, promove a valorização da sociobiodiversidade e das diversas culturas alimentares, ampliando a segurança alimentar e nutricional.

Os NEAs são considerados uma inovação nas instituições de pesquisa e de ensino superior no Brasil, cujo papel é promover o ensino, o diálogo, a construção coletiva de novas práticas de produção e de consumo sustentável, apoiando as organizações e os coletivos envolvidos na inserção agroecológica, na sistematização e na socialização de experiências dos agricultores familiares camponeses (Biondo, 2021; Cardoso et al., 2018; Souza et al., 2017; Zanetti e Biondo, 2021 ), bem como incentivar o resgate, a valorização e o uso das plantas bioativas, como as plantas alimentícias não convencionais, as aromáticas e as condimentares, frutas nativas, dentre outras.

De acordo com Haas, Rambo e Boelter (2019), as Redes de Agroecologia formadas com a criação dos NEAs e suas ações, representam experiências que habilitam a construção de sistemas agroalimentares alternativos, os quais reconhecem os saberes dos agricultores familiares, fortalecem relações mais sustentáveis com o ambiente e contribuem com a segurança e com a soberania alimentar. De acordo com a ANA (2019), foram apoiados 282 projetos de NEAs até 2019, havendo 154 Núcleos de Agroecologia e cinco Redes de Núcleos espalhados pelo Brasil, com mais de 60 mil pessoas envolvidas. No Estado do Rio Grande do Sul estão constituídos 20 NEAs (ABA-Agroecologia, 2020).

Pesquisas e ações em Agroecologia devem envolver abordagens transdisciplinares, as quais incluem dimensões ecológicas, sociais, culturais, de fenômenos, práticas e vivências que, segundo Nodari e Guerra (2015), conduzem ao pluralismo metodológico, e para Zanetti e Biondo (2021), envolvem ações de ensino e de extensão que propiciam a reconstrução do processo histórico-social em múltiplas facetas e contribuem para a consolidação da Agroecologia nos territórios. Neste sentido, conforme Beraldo, Mendonça e Rodrigues (2018) as ações dos NEAs nas universidades garantem espaços de diálogo de constante e permanente interação com a sociedade, no tripé ensino-extensão-pesquisa.

Em fevereiro de 2018 implantou-se o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Vale do Taquari/RS (NEA VT), por meio do projeto aprovado na Chamada MCTIC/MAPA/MEC/SEAD – Casa Civil/CNPq n° 21/2016. O objetivo principal foi a formação de uma rede de referência em ensino, pesquisa e extensão alinhada às diretrizes do PLANAPO, integrando agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, estudantes, professores, pesquisadores e agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural, voltada à inclusão social e produtiva da agricultura familiar. Esse conta com o apoio e a parceria das instituições que já vêm desenvolvendo ações de promoção da Agroecologia e da produção orgânica no Território Rural do Vale do Taquari/RS (Cardoso et al., 2018).

O NEA VT envolveu redes e articulações já atuantes na região, como a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e diversos atores regionais que, de acordo com Müller e Schäfer (2021), protagonizam, há mais de 20 anos, a Agroecologia no território Rural Vale do Taquari. Para Souza e colaboradores (2017), a construção de parcerias sólidas nas regiões, anteriores aos editais de constituição dos NEAs, são fundamentais pois permitem a continuidade das ações independentemente do recurso financeiro, mantendo ações modestas, mas que dão continuidade a Agroecologia nos territórios.

Nesse sentido, ações que promovam a Agroecologia e a produção orgânica junto aos agricultores familiares, integrando estudantes, professores, pesquisadores e técnicos, dão a base para o desenvolvimento rural sustentável. Assim, o objetivo deste artigo é apresentar as principais ações realizadas pelo NEA VT no Território Rural Vale do Taquari/RS, bem como discutir as transformações fomentadas pela rede que foi articulada.

METODOLOGIA

O Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica no Território Rural Vale do Taquari (NEA VT) está estabelecido no Vale do Taquari/RS (Figura 1).

O NEA VT é coordenado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), unidade em Encantado, e as entidades parceiras são a EMATER/ASCAR/RS, a Articulação em Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT), o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), o Arranjo Produtivo Local Agroindústrias Familiares (APL) e o Colégio Teutônia (escola privada comunitária).

Além dessas entidades parceiras, foram desenvolvidas várias ações em conjunto com outras organizações locais, como a Comissão Pastoral da Terra, os Clubes de Mães, a Organização de Controle Social (OCS) Encantos da Terra e Defensores da Natureza, as Prefeituras Municipais da região (especialmente através das secretarias municipais de agricultura e da saúde), a Rede Ecovida de Agroecologia, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais e Escolas Estaduais de Teutônia e Cruzeiro do Sul. Essas organizações também contribuíram na construção da rede articuladas com o NEA VT.

 
Figura 1 – Mapa do Território Rural do Vale do Taquari e localização no estado do Rio Grande do Sul e Brasil.

Fonte: CGMA/SDT/MDA, 2015.

 

A metodologia que permeia o desenvolvimento das atividades do NEA VT busca a adoção de práticas pedagógicas que sejam capazes de dialogar com os sujeitos do território, que sejam baseadas na experimentação do campo – por meio das demandas e anseios dos agricultores familiares – e também na construção do desenvolvimento rural sustentável na região. Com o intuito de mobilizar os atores do território e promover a autoestima e o empoderamento destes indivíduos, o NEA VT, em suas atividades, faz uso de metodologias participativas que, segundo Kummer (2007), reforçam a confiança nas pessoas, na sua força pessoal, e coletiva, de propor mudanças para o território.

As metodologias, ou ferramentas participativas, acolhem o entendimento e a opinião dos participantes sobre as atividades realizadas, buscando uma horizontalidade no processo de construção e de partilha do conhecimento abordado e, ao mesmo tempo, gera informações que permitem perceber o quanto estas ações alcançaram os participantes, ou seja, se trouxeram resultados sobre o alcance das atividades realizadas.

Na tabela 1 são apresentados as atividades realizadas e o número de participantes em palestras, oficinas e minicursos, rodas de conversa, tardes de campo e lives, além de reuniões de planejamento com os membros do NEA VT designados pelas entidades e organizações participantes, bem como reuniões com agricultores familiares durante a constituição da Organização de Controle Social Encantos da Terra de Encantado.

Tabela 1 – Ações desenvolvidas durante a vigência do projeto de instituição do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica no Território Rural Vale do Taquari (NEA VT), instituído em fevereiro de 2018, Chamada n° 21/2016, MCTIC/MAPA/MEC/SEAD - Casa Civil/CNPq.

Ações

Número de atividades

Público Alcançado/ Participante

Palestras

8

698

Reuniões de planejamento com participantes do NEA VT

34

12

Participação em reuniões para a criação da Organização de Controle Social (OCS) Encantos da Terra

10

8

Apoio à consolidação de feiras regionais de produtos orgânicos e agroecológicos

2

20

Oficinas e minicursos

8

263

Tardes de campo

3

110

Encontros de Sementes Crioulas

4

1.144

Lives

3

2.565 visualizações

Materiais de pesquisa, extensão e ensino publicados (folders, banners, resumos, resumos expandidos, artigos científicos, livro)

21

Todos os participantes dos eventos

Vídeos

2

669 + 757 visualizações

Publicação de artigos científicos

15

 

Publicação de livro

1

 

Publicação de capítulos de livros

7

 

Trabalhos de conclusão de cursos (TCCs)

13

 

Total

 

6.206 pessoas

Fonte: Autores, 2023.

Por envolver acesso ao conhecimento dos diferentes atores, além da divulgação de imagens e vídeos em muitas das atividades realizadas, o projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul sob o número de parecer 3.290.471 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) número 05000818.8.0000.8091.

No que se refere às pesquisas realizadas, foram utilizadas metodologias de Pesquisa-Ação e Pesquisa Participante. Os trabalhos de pesquisas relacionados à atuação do NEA VT geraram a publicação de um livro, 15 artigos, 7 capítulos de livro, 12 trabalhos de conclusão de curso (TCCs) e 3 dissertações de mestrado.

No que se refere ao ensino, destaca-se que os docentes envolvidos nas ações do NEA VT incorporaram os resultados das pesquisas e a construção de conhecimento participativo, ocorrido nas ações de extensão, em suas aulas, em um processo que contribuiu para a ampliação dos temas tratados nos componentes curriculares, além do envolvimento de discentes nas atividades de extensão e pesquisa, o que também gera novos aprendizados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Território Rural Vale do Taquari é uma região originalmente ocupada por povos indígenas Guarani e Kaingang depois se instalaram caboclos, açorianos e africanos escravizados e, posteriormente, foi colonizada por imigrantes alemães e italianos, dentre outras etnias. Mais recentemente chegaram imigrantes haitianos e venezuelanos que se instalaram principalmente em áreas urbanas. Atualmente, o território urbano é industrializado e o rural é caracterizado pela agricultura familiar ligada as áreas historicamente ocupadas por colonos, contando ainda com duas terras indígenas Kaingang (Foxá e Jamã Tÿ Tãnh) e duas comunidades quilombolas (São Roque e Unidos do Lajeado), reconhecidas pela Fundação Palmares. A região é rica em recursos naturais e recursos hídricos, em solos pretos e vermelhos, há formações florestais de grande importância como a Floresta Estacional Semidecidual e a Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária, devido a diversidade de características geográficas e de condições edafoclimáticas. Neste território há abundância de recursos hídricos, sendo o principal o Rio Taquari, que compõe, junto com o Rio das Antas e seus inúmeros afluentes, a Bacia do Taquari-Antas (Zanetti et al., 2019).

Segundo Kolchinski et al. (2016) o Território Rural Vale do Taquari/RS é constituído por 37 municípios, com área de abrangência de 4.916.58 km2, 329.891 habitantes e 24.067 propriedades da agricultura familiar (com área média de 13 hectares). Em dezembro de 2011, foi criado o Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Vale do Taquari, instância de gestão social da política territorial, constituído como espaço de pactuação entre os diferentes segmentos que integram e interagem com a agricultura familiar.

A região caracteriza-se pela produção de alimentos em propriedades rurais de agricultura familiar, com área média de 14,2 hectares (IBGE, 2019). Os cultivos são os mais variados, desde grãos, como soja e milho, culturas de erva-mate, nozes, vinhas até uma ampla diversidade de hortaliças e frutas. A produção animal que abrange, especialmente, aves e suínos, seguida de gado leiteiro, tem sido destaque nesta região.

O processamento de alimentos, incluindo derivados cárneos, bem como o processamento e o embalo de erva-mate são importantíssimos do ponto de vista econômico e social na região. Além disto, o setor da indústria também se desenvolve na produção e na comercialização de produtos de beleza e higiene, metal, mecânica, embalagens, construção civil, setor de serviços e comércio, bem como o setor de turismo rural e regional que também vem sendo estimulado (Zanetti e Biondo, 2021). É uma região culturalmente rica onde são realizadas diversas atividades comunitárias, desde festas de igreja, festas regionais, encontros de sementes crioulas, campeonatos esportivos com modalidades locais (como jogo de bocha e bolão), sendo também conhecida como uma região de alimentação farta e diversificada, devido ao histórico colonial e à presença de diferentes etnias.

O Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Vale do Taquari (NEA VT) constitui-se em uma articulação em rede para fomentar a Agroecologia no território, a qual se desenvolve associada a diferentes formas de manifestações de representação social. O NEA VT teve como objetivo reforçar as ações desenvolvidas pela Articulação de Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT), que congrega diversas entidades de assistência técnica, social, pesquisa, ensino e agricultores familiares que produzem alimentos em sistemas de base ecológica, certificados ou em transição agroecológica, e desde 2008 estabelece o diálogo, a disseminação e a divulgação das práticas agroecológicas. Em 2011, o Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Vale do Taquari (CODETER VT) apoiado, a partir de 2014, pelo Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial do Vale do Taquari (NEDET VT) reforçou esse trabalho no seu Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS), ao destacar, como eixo prioritário para a região, a “promoção do desenvolvimento a partir da percepção da sustentabilidade ambiental” e, como estratégia, “incentivar a produção e o consumo de alimentos orgânicos no Vale do Taquari” (Kolchinski e Zanetti, 2017).

A atuação do NEA VT na região tornou-o uma rede de referência em ensino, pesquisa e extensão, envolvendo agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, estudantes, professores, pesquisadores e agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural, voltada para a inclusão social, produtiva e para a geração de renda para agricultores familiares em sistemas sustentáveis de Produção Orgânica e Agroecológica (Cardoso et al., 2018; Zanetti e Biondo, 2021).

As Redes são sistemas complexos que reúnem elementos sociais, políticos, técnicos, culturais, naturais, além do espaço físico (Alves e Guivant, 2012) e se constituem em vias de ligação que possibilitam o movimento de diversos tipos de fluxos imateriais e materiais (Finatto, 2016). O autor, ao estudar as relações nas redes de determinadas cooperativas, associações e empresas que desenvolvem a Agroecologia e a produção orgânica no Sul do Brasil destaca:

As Redes de Agroecologia possuem em comum o fato de terem surgido apoiadas na necessidade de criar alternativas técnicas adequadas às características dos agricultores familiares camponeses. A existência das Redes de Agroecologia só foi possível a partir da mobilização e pressão política que permitiram que as alavancas necessárias à constituição desse perfil de redes pudessem se constituir. (Finatto, 2016, p.141)

Conforme Schmitt (2011), a noção de rede é abrangente e varia de acordo com a abordagem, o que, em determinados casos, dificulta precisar seu real significado. Segundo a autora:

As redes, mobilizando relações, recursos e significados, propiciam a interconexão entre diferentes mundos e formas de conhecimento, transcendendo domínios institucionais específicos e interligando uma grande diversidade de arenas. (Schmitt, 2011, p.92)

De acordo com Niemeyer e Silveira (2022) foram as redes e os movimentos agroecológicos que promoveram as experiências mais exitosas ao enfrentamento da pandemia, garantindo abastecimento e segurança alimentar no campo e na cidade.

Nesse propósito de trabalho em rede, o NEA VT incentiva a produção e o consumo de alimentos orgânicos no Vale do Taquari através da criação de mecanismos e incentivos de facilitação para a transição agroecológica junto aos agricultores familiares; apoia o acesso às políticas públicas de aquisição de alimentos; promove a conscientização do consumo de alimentos orgânicos junto aos consumidores; e incentiva o uso de insumos alternativos para o controle de pragas e invasoras em parceria com os órgãos de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) através da disseminação de manejos alternativos, como veremos a seguir.

Ações de extensão realizadas e participação em atividades de organizações parceiras

Muitos atores no território participaram das atividades de extensão propostas pelo NEA VT (Figura 2), totalizando cerca de três mil pessoas em atividades presenciais, chegando a mais de seis mil pessoas em atividades virtuais, no período entre 2018 até 2022 (Tabela 1). Nessa perspectiva de trabalho em rede em prol do desenvolvimento rural sustentável, o NEA VT também apoiou diversas ações de promoção à Agroecologia e Produção Orgânica organizadas na região, como os encontros de sementes crioulas (Figura 2e) e tardes de campo (Figura 2f) que ocorreram em pelo menos dez municípios. Estes eventos caracterizam-se por serem ações de extensão de grande relevância e, por conseguinte a elaboração, divulgação e distribuição de materiais digitais e impressos referentes à temática, assim como a elaboração de fichas agroecológicas, foram relevantes no desenvolvimento das atividades.

Uma das temáticas abordadas pelo NEA VT foram as plantas alimentícias não convencionais (PANCs) (Figuras 2b, 2c e 2d), que envolveram especialmente agricultoras familiares, mulheres participantes de Clubes de Mães e agentes de saúde, abrangendo os municípios de Arroio do Meio, Dois Lajeados, Doutor Ricardo, Encantado, Estrela, Roca Sales, Teutônia e Vespasiano Correia. Nas oficinas os participantes puderam identificar espécies, bem como manusear e degustar pratos preparados a base de PANCs. Nestas oficinas ocorrem trocas de saberes, experiências e discussões de alternativas a questões que permeiam o cotidiano dos participantes, e que são importantes para suas famílias, sendo consideradas por Peixoto et al. (2019) como um método complexo aplicado a grupos, solucionando e possibilitando a ampliação do conhecimento partilhado.

 

 
Figura 2. Ações realizadas durante o desenvolvimento do projeto de Constituição do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica no Território Rural Vale do Taquari/RS (NEA VT): a) Palestra na Semana do Alimento Orgânico 2018, Encantado; b) Oficinas “Agrobiodiversidade pela Boca” na Semana do Alimento Orgânico 2018, Encantado, RS; c) Minicurso “PANCs na alimentação”, Univates, Lajeado/RS; d) Palestra sobre PANCs na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Gomes Freire de Andrade, Teutônia; e) Encontro de Sementes Crioulas Regional Diocese de Passo Fundo em Dois Lajeados/RS; f) Visita técnica a um produtor da Organização de Controle Social Encantos da Terra, Muçum/RS.

Fonte: Autores, 2022.

 

De acordo com Biondo et al. (2018) há uma grande diversidade de espécies de plantas alimentícias não convencionais no território rural Vale do Taquari, as quais são consideradas alimentos de fácil acesso e com qualidade nutricional superior a muitas espécies consideradas convencionais. No entanto, essas ainda são incipientemente reconhecidas na comunidade. Portanto, como é discutido por Peixoto et al. (2019), oficinas de identificação e preparação de pratos com PANCs permitiram a ressignificação destas espécies pelos participantes, proporcionando hábitos alimentares mais saudáveis e uma alimentação diversificada com valorização da produção local.

No Vale do Taquari, os Clubes de Mães realizam reuniões mensais de cunho social e cultural, onde são abordados diferentes temas, os quais são propostos dentro do cotidiano das próprias mães, como o uso de plantas medicinais e plantas alimentícias, pois saber identificar as propriedades – e as próprias plantas –, é o que dá segurança e eficácia no seu uso. Além disto, este conhecimento é levado para os membros das famílias e  para as organizações das quais estas mulheres participam (Mairesse e Biondo, 2022). Segundo Silva, Oliveira e Oliveira (2018), discutir o tema PANCs, associando-o ao manuseio das plantas ou com a elaboração de pratos e receitas, é de grande relevância, uma vez que desafia os participantes, que se sentem animados com o tema e desmistificam muitas informações sobre o consumo de determinados alimentos, especialmente os de origem vegetal (Figura 2b e 2c).

O NEA VT apoiou a formalização da Organização de Controle Social (OCS) Encantos da Terra (Figura 2f) em conjunto com a Emater/RS, ASCAR, Encantado e com a UERGS, tendo recebido a certificação em junho de 2019. Cinco famílias de agricultores constituíram a OCS com base nas leis: Decreto Federal nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007 (Brasil, 2007), que regulamenta a Lei nº 10.831 de 23 de dezembro de 2003 (Brasil, 2003).

Ao mesmo tempo, o NEA VT teve a oportunidade de acompanhar a consolidação de feiras regionais de produtos orgânicos e agroecológicos em alguns municípios no território. Segundo Schmitt e Grisa (2013) as feiras de produtores rurais são espaços que permitem, além da venda direta – sem intermediários –, a construção de vínculos diretos entre consumidor e agricultor, a valorização das cadeias curtas e o fomento a novos parâmetros de qualidade e práticas de produção e consumo de alimentos orgânicos.

A busca pela comprovação da qualidade dessa produção orgânica no Vale do Taquari contribuiu para o crescimento dos processos de certificação. Atualmente1 a região conta com um sistema participativo de garantia (SPG) através da Certificação Participativa pela Rede Ecovida de Agroecologia, pelo Núcleo Vale do Rio Pardo, pelas organizações de controle social na venda direta (OCS) cadastradas no MAPA: Defensores da Natureza (Arroio do Meio), Orgânicos do Vale (Lajeado, Forquetinha e Cruzeiro do Sul), Orgânicos Estrela (Estrela) e Encantos da Terra (Encantado e Muçum), além de certificação por auditoria realizada pelo Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) nos municípios de: Anta Gorda, Arvorezinha, Capitão, Cruzeiro do Sul, Dois Lajeados, Encantado, Estrela, Ilópolis, Imigrante, Marques de Souza, Paverama, Putinga, Roca Sales e Santa Clara do Sul (MAPA, 2023).

O poder público municipal tem um importante papel como indutor do desenvolvimento local, seja por meio da criação de políticas públicas de incentivo às diferentes cadeias produtivas, seja pelo desenvolvimento de ações que promovam qualidade de vida em diversos setores. Nesse contexto, destaca-se o município de Santa Clara do Sul, onde há um forte investimento por parte do governo municipal – destacando-se o programa Santa Clara Mais Saudável –, que incentiva a transição agroecológica e os processos de certificação de orgânicos, bem como a conscientização de consumidores sobre importância de consumir alimentos orgânicos produzidos localmente (Diedrich, Biondo e Bulhões, 2021). No município há quatro grupos de agricultores agroecológicos com certificação via Organismos Participativo de Avaliação de Conformidade (OPAC) Rede Ecovida, sendo eles: Saúde com Orgânicos, Orgânicos de Alto Alegre, Orgânicos Santa Clara e o Orgânicos Sabor da Roça (Bonjorno, 2023, comunicação pessoal).

De acordo com Biondo et al (2020, p.10), observa-se o crescimento da demanda por produtos orgânicos, “o que favorece a ampliação de espaços para o aumento da produção de orgânicos e o fortalecimento de circuitos locais de comercialização, além dos já existentes”. Esse é um fator que, além de promover o consumo de orgânicos, poderá estimular a permanência dos jovens no campo, na busca de qualidade de vida.

Ainda dentro das atividades promovidas e apoiadas pelo NEA VT destacam-se os encontros de exposição e troca de sementes crioulas realizados em diversos municípios do território rural do Vale do Taquari como, por exemplo, em Arroio do Meio, Capitão, Dois Lajeados (Figura 2e), Ilópolis, entre outros. Para além de um simples insumo, as sementes crioulas são componentes da identidade cultural e patrimônio biológico das comunidades rurais. Por meio delas é possível preservar a agrobiodiversidade, o equilíbrio e a qualidade das plantas (Barbosa et al., 2010; Kolchinski, Müller e Mairesse, 2021).

Foi promovida também, uma tarde de campo, com preparação de caldas e biofertilizantes orgânicos para agricultores familiares. Todas estas atividades realizadas junto à comunidade, promoveram a Agroecologia e a produção de alimentos saudáveis, contemplando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, concretizando e ampliando as redes de Agroecologia e Produção Orgânica, que promovem e privilegiam o desenvolvimento rural sustentável do Vale do Taquari.

Ações de ensino em escolas e universidades

Em sua atuação o NEA VT também desenvolveu ações no âmbito da Educação Ambiental a fim de promover e disseminar a Agroecologia e a Produção Orgânica junto às crianças e os jovens estudantes nos municípios do Vale do Taquari (Figura 2d e Figuras 3a e 3c). As iniciativas envolveram palestras e discussões sobre alimentos orgânicos e o papel da sua produção para sustentabilidade ambiental, reflexões sobre o impacto dos agrotóxicos no ambiente e na vida, além de atividades práticas de reconhecimento de plantas alimentícias não convencionais e cultivo de sementes crioulas.

Segundo Lanzanova et al. (2021), abordar temas relevantes como Agroecologia, alimentação saudável e PANCs, por meio da educação não formal em escolas rurais, além de ensinar hábitos saudáveis, favorece a valorização de produtores agroecológicos e o uso das espécies da agrobiodiversidade, ampliando a percepção sobre as possibilidades da diversificação alimentar e incentiva as crianças e os jovens a permanecer no campo e a realizar agricultura de base ecológica. Considerando o cenário atual e o papel da juventude na construção de um desenvolvimento mais sustentável, o qualificador ambiental aparece “como uma nova ênfase para a educação, ganhando legitimidade dentro deste processo histórico como sinalizador da exigência de respostas educativas a este desafio contemporâneo de repensar as relações entre sociedade e natureza” (Carvalho, 2001, p. 57).

Nota-se que o conhecimento desenvolvido, especialmente com os agricultores familiares e com as mulheres participantes dos Clubes de Mães, através das palestras e oficinas sobre as plantas alimentícias não convencionais, as partes comestíveis e o preparo de pratos, além de aprofundarem o conhecimento e os saberes adquiridos, também ampliaram informações e incentivaram a produção das PANCs em maior escala, a fim de comercializá-las nas feiras de produtos agroecológicos, proporcionando aos consumidores combinações diferenciadas de nutrientes e uma alimentação mais saudável. A inclusão de PANCs dentre os produtos comercializados nas feiras, além de ser um diferencial que aproxima produtor de consumidor, também possibilita que estas cheguem à mesa dos consumidores urbanos, contribuindo assim para o fortalecimento e para a valorização da agrobiodiversidade regional no território.

O NEA VT se mantem atuante junto as entidades parceiras como a UERGS, a AAVT, a EMATER/ASCAR/RS, o CAPA, o APL das agroindústrias familiares, os sindicatos e as secretarias de agricultura de muitos municípios da região, de modo que uma diversidade de ações continua sendo realizada (Figura 3b), onde os atores se envolvem com um sentimento de pertencimento, continuando o debate, os movimentos, o ensino e a pesquisa e o fortalecimento em Rede.

 
Figura 3. Ações em Rede para a Agroecologia no Território Rural Vale do Taquari após constituição do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica no Território Rural Vale do Taquari (NEA VT)/ RS : a) Palestra Semana do Meio Ambiente – PANCs para promoção da alimentação e da sustentabilidade; b) Oficina de despolpa de açaí-juçara, Santa Clara do Sul/RS; c) Palestra sobre Agrotóxicos na Escola do Campo, Cruzeiro do Sul/RS; d) Movimento e ação de conscientização sobre importância do consumo de alimentos orgânicos na Semana do Alimento Orgânico, Lajeado/RS; e) Encontro de Sementes Crioulas Arroio do Meio/RS; f) Encontro de Sementes Crioulas – estações de práticas agroecológicas, Arroio do Meio/RS.

Fonte: Autores, 2022.

 

A Agroecologia é dinâmica, e muitas são as ações e os propósitos associados as suas principais manifestações, as quais são potências na região. A abordagem de gênero, associado aos movimentos que ocorrem na região, são a construção mais bela e favorável às diversidades estabelecidas. Segundo a ANA (2019) somente há Agroecologia quando há o reconhecimento do papel e o trabalho das mulheres. As mulheres e suas sinergias fortalecem as Redes, levando conhecimentos e transformando suas realidades. As sinergias geradas ao longo do desenvolvimento das ações, fortaleceram a promoção da segurança alimentar e nutricional das populações do território envolvidas nas atividades, uma vez que constroem um amplo conhecimento entre os participantes das ações, sendo evidente a participação das mulheres nas atividades realizadas. Segundo Biondo et al. (2022) as mulheres envolvidas com o NEA VT são protagonistas fundamentais nos processos de transição agroecológica, no manejo da agrobiodiversidade e na sua comercialização, promovendo as conexões necessárias à segurança alimentar aliada a conservação dos recursos naturais em uma agricultura sustentável. Ao mesmo tempo, Mairesse et al. (2021) destaca o papel dos movimentos agroecológicos onde estas participam, sendo o papel do NEA VT e das instituições parceiras essenciais nestes processos, os quais envolvem a discussão de gênero e das diversidades na agricultura agroecológica.

Associado as sinergias promovidas, o NEA VT desenvolveu atividades relacionadas ao ensino e à extensão, por meio de palestras nas escolas (Figura 3a e 3c); promoveu oficinas de despolpa de açaí-juçara (Figura 3b) a fim de estruturar esta cadeia produtiva no território rural Vale do Taquari através de tecnologias sociais junto aos agricultores agroecológicos, sendo esse um projeto em andamento.

Além disto, considerando que Agroecologia é Ciência, Prática e Movimento (Daroldt, 2019), o NEA VT participou de movimentos para a conscientização de consumidores em ambientes urbanos na Semana Nacional do Alimento Orgânico em Lajeado (Figura 3d), da Romaria da Terra 2022 e de Encontros de Sementes Crioulas (Figura 3e e 3f), estes últimos considerados por Kolchinski, Müller e Mairesse (2021) como uma estratégia para resgatar e manter as variedades crioulas, havendo muitos municípios que realizam estes encontros pelo menos uma vez ao ano. Segundo os autores, nos municípios há muitos produtores de sementes crioulas e guardiões de sementes de diversas espécies e variedades, as quais são mantidas em bancos de sementes crioulas (Malaggi et al., 2020).

Ao abordar nas escolas temas relacionados a alimentação saudável e diversificada, optando-se pelas plantas alimentícias não convencionais e pelos produtos da sociobiodiversidade (Figura 3b), bem como a oportunização da reflexão e da discussão dos modelos de produção de alimentos que utilizam agrotóxicos, associando estes aos seus efeitos ambientais e na saúde (Figura 3c), contribui-se, segundo Almeida, Almeida e Fridrich (2021) com as práticas de saberes essenciais, promovendo uma reflexão sobre o lugar onde estamos, o qual transformamos e somos transformadores, bem como se constrói, junto aos estudantes, as atitudes e ações necessárias ao cuidado com o ambiente (Augusto-Ruiz et al., 2020).

Além de atividades de ensino ligadas às escolas, houve também atividades de ensino com estudantes universitários ligados à Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, que participaram de diversas atividades desenvolvidas e/ou apoiadas pelo NEA VT, incluindo os estágios curriculares e a inclusão do relato das experiências locais e palestras com representantes de organizações parceiras nos componentes curriculares ministrados pelos docentes ligados ao NEA VT.

Atividades de pesquisa

O NEA VT desenvolveu várias pesquisas desde que foi criado, priorizando o uso de pesquisa-ação e observação participante, devido às características de sua atuação. Os resultados dessas pesquisas foram apresentados em quinze artigos, sete capítulos de livros, a publicação de um livro (versão impressa e digital), seis trabalhos de conclusão de cursos de graduação, quatro especializações e três dissertações de mestrado. Todos esses trabalhos contaram com a participação de agricultores, pesquisadores e técnicos das organizações parceiras em diferentes formas – participando das visitas às suas unidades de produção ou ambientes de trabalho, concedendo entrevistas, fornecendo dados, respondendo questionários ou participando de bancas.

Observa-se que o NEA VT realizou atividades de extensão, ensino e pesquisa integradas, muitas vezes sendo difícil separar esses três elementos. Todas elas contribuíram, em diferentes intensidades, para a articulação de uma Rede de Agroecologia no território do Vale do Taquari, aproximando atores sociais de diferentes organizações, com atividades e formações diversas, mas que tinham em comum o interesse em construir ações relacionadas à Agroecologia em seu contexto de atuação. Entende-se que o NEA VT cumpriu seu objetivo de contribuir na articulação dessa Rede.

Dentre os principais desafios para o fortalecimento e continuidade de ações está a redução e a falta de editais de fomento para que os NEAs já constituídos continuem promovendo ações. O diálogo coletivo, desenvolvido entre entidades parceiras do projeto de NEA VT, mantem e amplia as redes articuladas a partir da constituição no NEA VT, de forma que também reforça e agrega novos coletivos que fomentam e praticam a Agroecologia na região. Assim, as ações promovidas através do NEA VT são fundamentais para ampliação da Rede de Agroecologia existente.

Cabe salientar que todo o envolvimento do NEA VT nas ações realizadas promoveu ações sistêmicas no território, as quais promoveram a Agroecologia. Segundo Daroldt (2019), o que mobiliza as redes de atores na produção de alimentos em princípios ecológicos, também é fundamental na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais devem ser priorizados quando buscamos o desenvolvimento rural sustentável e a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares.

No território descrito, o NEA VT potencializou, ampliou e qualificou ações e iniciativas, articulando, juntamente com outras instituições em nível municipal e regional, o apoio a políticas e programas que incentivam a produção e o consumo de alimentos orgânicos.

Por fim, registra-se que o território passou recentemente por uma enchente de grandes dimensões, a qual devastou áreas da agricultura familiar, causando mortes, destruições e dificuldades econômicas e financeiras. Há esforços partindo do poder público e privado para que a reconstrução ocorra o mais breve possível. As organizações ligadas ao NEA VT também se mobilizaram para auxiliar os atingidos pela cheia, especialmente os agricultores familiares, através da divulgação e da participação em eventos de distribuições de alimentos, sementes e mudas na região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As políticas públicas que fomentam a valorização da produção agroecológica e a transição agroecológica são essenciais em um país que objetiva produzir alimentos em sistemas sustentáveis de produção, dentre as quais está a criação dos NEAs como parte do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO).  O NEA VT fortaleceu as ações e os movimentos das Redes de Agroecologia, fomentou a produção de alimentos saudáveis de base ecológica e contemplou a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, através de diferentes atividades e envolvendo diversos atores. Nesse processo, atingiu seu objetivo de fortalecer vivências e práticas agroecológicas através da articulação de diversas organizações e articulações compostas por agricultores agroecologistas, consumidores, técnicos, estudantes das escolas e das universidades no território do Vale do Taquari.

A atuação do NEA VT contribuiu para o fortalecimento de Redes de Agroecologia e Produção Orgânica que promovem e privilegiam o desenvolvimento rural sustentável do Vale do Taquari e em outros territórios do Rio Grande do Sul. Nesse contexto, e tendo em vista os resultados alcançados, destaca-se a necessidade de continuidade orçamentária, uma vez que um dos principais desafios para a consolidação e ampliação da rede existente é a redução e a falta de editais de fomento para que os NEAs já constituídos continuem promovendo suas ações, construindo esse diálogo coletivo, mantendo e ampliando a redes já articulada.

 

AGRADECIMENTO

Este estudo foi financiado pelo MCTIC/MAPA/MEC/SEAD – Casa Civil/ CNPq/Chamada 21/2016 e contou com bolsa de extensão no país. As entidades apoiadoras dos eventos são: a UERGS, a Articulação em Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT), a EMATER/ASCAR/RS, o Centro de Apoio a Produção Agroecológica (CAPA), o Colégio Teutônia, as agricultoras e os agricultores familiares.

Copyright (©) 2023 Elaine Biondo, Cândida Zanetti, Letícia Mairesse, Eliane Maria Kolchinski, Cláudia Regina de Oliveira Tramontini, André Michel Muller, Ivan Iuri Bonjorno, Gabriele Daniele, Luane Vivian de Oliveira Miranda, Higor Alfredo Bagatini Valer, Flávia Muradas Bulhões, Voltaire Sant’Anna.

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1Dados baseados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Brasil na data de outubro de 2022, disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/organicos/cadastro-nacional-produtores-organicos.

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Revista Brasileira de Agroecologia
ISSN 1980-9735

Publicação da Associação Brasileira de Agroecologia - ABA-Agroecologia em cooperação com o Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural - PPG-Mader, da Universidade de Brasília – UnB

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