Como citar: LIMA, Lucas F.; ABREU, Lucimar S.; ROMEIRO, Ademar R. Políticas Públicas e o Desenvolvimento de Sistemas Agroalimentares Orgânicos: o caso da Dinamarca. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 18, n. 6, p. 724-740, 2023.
https://doi.org/10.33240/rba.v18i6.51303
Políticas públicas e o desenvolvimento de sistemas agroalimentares orgânicos: o caso da Dinamarca
Public policies and the organic agrifood systems development: the case of Denmark
Lucas Ferreira Lima¹, Lucimar Santiago de Abreu2, Ademar Ribeiro Romeiro3
1 Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, Brasil. Orcid: 0000-0001-5839-2834 e e-mail: lucaslima.eco@gmail.com.
2 Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas, Brasil. Pesquisadora da EMBRAPA Meio Ambiente, Jaguariúna, Brasil. Orcid: 0000-0002-2787-3448 e e-mail: lucimar.abreu@embrapa.br.
3 Doutor em Economia na Universidade de Paris (EHESS/França). Professor Titular do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, Brasil. Orcid: 0000-0003-0683-3030 e e-mail: aromeiro@unicamp.br.
Recebido em 27 ago. 2023 - Aceito em 23 out 2023
Resumo
O desenvolvimento de sistemas agroalimentares orgânicos na Dinamarca é resultado de políticas de estímulo à agricultura sustentável. O processo de desenvolvimento rural experimentado por esse país gerou, por um lado, a ampliação da oferta de produtos orgânicos e, do outro, o aumento da demanda por tais produtos, tornando-os os líderes mundiais no consumo. Assim, o objetivo desse artigo é mostrar que nesse país há um círculo virtuoso de interação entre atores públicos e privados que o destaca mundialmente na produção e no consumo de orgânicos. Após a introdução, esse artigo apresenta uma revisão da literatura compreendendo a trajetória institucional do desenvolvimento da produção orgânica desse país, apresentando as ações e as políticas implementadas, bem como os resultados alcançados. Por fim, o trabalho destaca as lições aprendidas com esta experiência, demonstrando que o sucesso experimentado pelo país não foi fruto do acaso, mas sim de políticas públicas bem formuladas e parcerias bem-sucedidas.
Palavras-chave: Agricultura orgânica; Círculo virtuoso; Agentes públicos e privados; Aprendizado.
Abstract
The development of organic agrifood systems in Denmark results from policies to encourage sustainable agriculture. The rural development process experienced by this country has led, on the one hand, to an increase in the supply of organic products and, on the other, to an increase in demand for such products, making it the world leader in consumption. Thus, this article aims to show that this country has a virtuous circle of interaction between public and private actors, making it a world leader in producing and consuming organic products. After the introduction, this article presents a literature review of the institutional trajectory of the development of organic production in this country, presenting the actions and policies implemented and the results achieved. Finally, the paper highlights the lessons learned from this experience, demonstrating that the success experienced by the country was not the result of chance, but rather of well-formulated public policies and successful partnerships.
Keywords: Organic agriculture; Virtuous circle; Public and private agents; Learning.
INTRODUÇÃO
Para a mitigação das crises ambientais globais estão sendo propostas políticas de promoção de sistemas de produção e de consumo sustentáveis e ecologicamente responsáveis (UNEP, 2011, 2012). Um exemplo concreto de tais ações é a política de combate à fome e de estímulo à agricultura sustentável, presente nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU na Agenda 2030 (PNUD, 2015). A produção orgânica, tema central de investigação deste trabalho, contribui para a aplicação das ações dos ODS, mitigando problemas relacionados à fome, às questões de saúde e ambientais.
De acordo com Willer et al. (2020), as áreas disponíveis para o cultivo de orgânicos e as vendas desses produtos no varejo apresentaram crescimento constante para os 186 países pesquisados. Entretanto, as formas de organização da produção orgânica e os resultados obtidos por esses países são bastante discrepantes (Willer et al., 2020).
A Dinamarca se destaca nesse cenário. Este é um país nórdico membro da União Europeia, formado por uma península e mais de 400 pequenas ilhas. O país cobre uma área total de 43.100 km2 (4.310.000 de hectares), área equivalente ao estado brasileiro do Rio de Janeiro, e possui, aproximadamente, 5,6 milhões de habitantes, sendo considerado um país densamente povoado, com aproximadamente 130 habitantes por km2. A Dinamarca dispõe de 256.711 hectares para a produção orgânica, entretanto, possui o maior marketshare do mundo, com 11,5% do mercado global de orgânicos, movimentando cerca de 1,8 bilhões de euros (Willer et al., 2020).
Além disso, os dinamarqueses, juntamente com os suíços, tiveram o maior consumo anual per capita de produtos orgânicos, no valor de 312 euros (Willer et al., 2020). Em termos percentuais, aproximadamente 12% das compras de alimentos dos dinamarqueses foram em produtos orgânicos, que é a maior participação de mercado orgânico em comparação com qualquer outro país do mundo.
O sucesso relativo experimentado pela Dinamarca não é fruto do acaso, mas sim, de políticas públicas bem formuladas e parcerias bem-sucedidas com o setor privado. O objetivo desse artigo é mostrar que nesse país há um círculo virtuoso de interação entre agentes públicos e privados, que o coloca em destaque mundial na produção e no consumo de produtos orgânicos.
Após essa introdução, a segunda sessão do artigo apresenta a evolução histórica da organização da produção orgânica dinamarquesa nos séculos XIX e XX. A sessão posterior apresenta o panorama e os resultados da produção orgânica dinamarquesa no século XXI. Na última sessão, à guisa de conclusão, o trabalho destaca as lições aprendidas com esta experiência.
DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA DINAMARQUESA
A Dinamarca apresentou uma grande evolução agrícola desde o último quartil do século XIX, quando produtores familiares rurais exportavam cereais para a Inglaterra e alcançou, no século XXI, lugar de destaque na produção de produtos orgânicos. A evolução, até o primeiro quartil do século XX, se deu, basicamente, por meio da organização e da cooperativização de produtores familiares rurais em “comunidades parceladas”. Até 1972, os principais avanços se deram por meio de novas regulamentações agrícolas no parlamento dinamarquês e pela crescente busca por produtividade agrícola. Esta última foi representada pela aquisição de terras dos pequenos agricultores pelos produtores de médio ou grande porte. O bordão (slogan) que representou essa estratégia foi “coma seu vizinho ou será comido” (Ingemann, 2006).
A partir da década de 1980 a agricultura orgânica evoluiu de experimentos feitos por alguns pioneiros para uma parte institucionalizada da agricultura dinamarquesa. O Grupo de Estudos Agrícolas da Dinamarca foi convidado, no primeiro trimestre de 1980, para uma reunião pública na mansão da cooperativa de Svanholm. O objetivo da reunião foi considerar o estabelecimento de uma organização nacional para a agricultura orgânica. Os participantes celebraram a iniciativa e reconheceram a necessidade de tal organização. Em 1981, foi criada a Associação Nacional de Agricultura Orgânica – LØJ (Ingemann, 2006; Lima, 2021).
Havia duas tarefas principais para a LØJ nos primeiros anos. Primeiramente, havia a necessidade do estabelecimento de regras e padrões de produção e comercialização e, posteriormente, era necessária a criação de um sistema de certificação e de um rótulo para os produtos. Ao estabelecer as regras e padrões do setor, a LØJ teve que substituir o antigo e vago entendimento sobre agricultura orgânica por uma definição mais clara. Ao fazê-lo, a LØJ enfatizou o abandono de produtos químicos e a necessidade de respeitar a lógica ecológica dos processos biológicos de produção. No entanto, eles também destacaram a necessidade de uma ação mais holística, enfatizando como meta, a cooperação com consumidores, agricultores convencionais e instituições de pesquisa e de ensino (Christensen, 1998).
Assim, nos anos 1980, os consumidores puderam escolher alimentos orgânicos rotulados com o logotipo da LØJ. A Associação Nacional de Agricultura Orgânica (LØJ) também registrou a marca Økologisk (“Ecológica” em tradução livre), de modo que os agricultores que desejavam vender alimentos orgânicos tiveram que se juntar à LØJ e seu sistema de certificação (Geer e Jørgensen, 1996).
Em 1982, outro marco importante foi alcançado quando a Escola Nacional de Agricultura Orgânica (DØJ) foi estabelecida. Na Dinamarca, os agricultores foram tradicionalmente educados nas Escolas de Agricultura. Essas escolas foram fundadas e administradas pelas organizações de agricultores em uma base regional, mas contavam com o apoio financeiro do governo (Ingemann, 2006). A DØJ foi fundada na mesma base jurídica, mas como uma escola nacional, de modo que sua fundação foi uma resposta à crescente demanda por educação e know-how por parte do crescente número de agricultores orgânicos e de alguns agricultores convencionais que demonstraram interesse em métodos orgânicos (Ingemann, 2006).
Simbolicamente, a DØJ foi um marco para a profissionalização do setor, isto é, ela era como as outras escolas agrícolas capazes de oferecer educação oficial aos agricultores dinamarqueses, mas estava focada apenas em métodos orgânicos de produção. Além disso, assim como no caso das escolas agrícolas convencionais, a DØJ pôde oferecer cursos in loco (Christensen, 1998).
Os passos para a profissionalização da produção orgânica prosseguiram e, em 1984, as organizações biodinâmicas e a organização de agricultores familiares chegaram a um acordo no qual, agricultores orgânicos e biodinâmicos prestariam serviços de consultoria para os agricultores convencionais. O apoio financeiro necessário para essa iniciativa foi garantido por meio do parlamento (Holmegard, 1997)
O ano de 1987 marcou o início do período em que esse setor obteve reconhecimento governamental. O marco crucial foi alcançado quando o parlamento dinamarquês aprovou uma lei sobre agricultura orgânica – a chamada Økologilov (“Lei da Ecologia” em tradução livre). Esse foi um marco crucial pois simbolizava:
[...] o reconhecimento oficial das fazendas orgânicas como parte da agricultura dinamarquesa e porque implicava a entrada em uma nova era na qual o movimento orgânico tinha acesso ao complexo agropolítico e, em seguida, teve que assumir o papel de um ator responsável (Ingemann, 2006, pg. 19).
A partir de 1987, um sistema de certificação governamental foi institucionalizado para garantir aos consumidores que os produtos produzidos e processados fossem realmente orgânicos. No entanto, as autoridades não tinham um rótulo para certificar os produtos, mas ainda era possível (e a maioria dos atores do setor exigia) usar o logotipo da LØJ no rótulo. Conforme descrito anteriormente, o nome Ecológico (Økologisk) foi escolhido na Dinamarca para denominar a agricultura orgânica e um rótulo governamental com a letra dinamarquesa “Ø” foi introduzido, conforme pode ser visto na Figura 1.
Figura 1. Rótulo Orgânico Dinamarquês
Em 1990, a lei expirou. No entanto, houve um consenso no parlamento de que ainda eram necessários alguns anos para conceder subsídios à conversão das terras convencionais para a agricultura orgânica e, em março de 1990, a Lei da Agricultura Orgânica – Økologilov foi prorrogada até 1993 (Ingemann, 2006).
O Ministério da Agricultura da Dinamarca propôs que a lei continuasse com apenas algumas pequenas alterações. Entre as principais mudanças, as ações de publicidade e marketing deveriam ser intensificadas.
Em março de 1993, uma proposta foi publicada, mas a LØJ ficou insatisfeita, pois:
Em julho de 1993, os maiores supermercados dinamarqueses (do grupo varejista FDB) introduziram alimentos orgânicos a preços promocionais, isto é, reduziram os preços de 40 produtos orgânicos entre 15% e 20%. Essa estratégia gerou resultados imediatos e os supermercados aumentaram as vendas, especialmente de leite e hortaliças. A estratégia de concessão de descontos também induziu supermercados menores a seguir uma estratégia semelhante. Essa ação estimulou as redes de supermercados — que, até então, evitavam comercializar alimentos orgânicos —, a fazê-lo. Segundo Ingemann (2006), a Irma, empresa vinculada a FDB, por exemplo, anunciou, no último trimestre de 1993, que interromperia as vendas de cenouras convencionais e passaria a comercializar apenas cenouras orgânicas.
Uma pesquisa realizada nesse período revelou que a estratégia de desconto implicava que os preços dos produtos orgânicos diminuíram 15% em dois anos para o consumidor e, simultaneamente, a demanda havia aumentado fortemente. Essa pesquisa também revelou que, aproximadamente 40% dos produtos orgânicos, tinham um preço excedente (premium) de 30%, que representava a disposição dos consumidores a pagar (Ingemann, 2006; Lima, 2021).
Em 1997, o governo dinamarquês elaborou uma proposta de lei para a distribuição de alimentos orgânicos em cantinas públicas, creches e escolas. Os partidos de direita no parlamento se opuseram, em sua maioria por considerarem que a proposta sinalizaria que os alimentos convencionais eram de segunda classe ou de qualidade inferior ou, como no caso do partido conservador, por entenderem que não caberia ao governo decidir isso (Ingemann, 2006).
Um plano de ação para a agricultura orgânica (AAP II) foi lançado em fevereiro de 1999 e uma das propostas foi a de que a área com agricultura orgânica deveria aumentar para 10% da área agrícola total na Dinamarca (Ingemann, 2006). Esse plano de ação continha 85 recomendações feitas pelo Comitê Consultivo para a Agricultura Orgânica e, segundo o Ministério da Agricultura, o plano deveria ser visto como um conjunto de ideias para ampliar a agricultura orgânica no país. Segundo Ingemann (2006), a principal diferença entre o primeiro (AAP I) e o segundo plano de ação (AAP II) foi que o primeiro enfatizou principalmente a agricultura e a conversão de terras convencionais em terras orgânicas, enquanto o segundo enfatizou o processamento e a comercialização de produtos.
A partir dos anos 2000, as políticas de estímulo à conversão de terras convencionais em terras orgânicas e a ampliação da produção e da comercialização de alimentos orgânicos alcançaram patamares mais elevados, levando a Dinamarca a uma posição de destaque mundial, como pode ser visto na próxima sessão.
PANORAMA RECENTE DA PRODUÇÃO ORGÂNICA DINAMARQUESA
Conforme apresentado anteriormente, a agricultura orgânica dinamarquesa foi reconhecida legalmente em 1987, tornando a Dinamarca o primeiro país do mundo a legislar sobre esse tema. No século XXI, as fazendas orgânicas dinamarquesas encontram-se espacialmente distribuídas no sul, no meio e no oeste da Jutlândia, e na parte norte da Zelândia, onde também é produzida a maior parte do gado (Lima, 2021).
A área total com agricultura orgânica e o número de fazendas de produtos orgânicos na Dinamarca apresentaram uma evolução relevante a partir de 2015, conforme observado na Figura 2. O número de unidades de produção orgânica em 2015 era de 2.546 e, em 2019, o número se elevou para 4.016, um crescimento aproximado de 58% no período. Esses resultados foram possíveis devido às políticas de estímulo à conversão de terras convencionais em terras orgânicas e devido ao aumento da demanda por seus produtos (Lima, 2021).
A taxa de crescimento da área de cultivo com agricultura orgânica em relação à área agriculturável total da Dinamarca atingiu seu ápice em 2018, representando 9,8% da área total agriculturável (Figura 3). Para efeito de comparação, a média dos países da União Europeia foi de 7,7% no mesmo período.
Figura 3. Evolução da área com agricultura orgânica em relação ao total da área agriculturável na Dinamarca no período de 2006 a 2018 (%).
Fonte: IFOAM (2020).
O consumo anual per capita de produtos orgânicos pelos dinamarqueses foi de 312 euros em 2018, representando o maior consumo per capita do mundo, ao lado da Suíça (Figura 4).
Figura 4. Consumo per capita de produtos orgânicos nos principais países consumidores (Euros).
Fonte: IFOAM (2020).
A Tabela 1 apresenta o consumo de alimentos (orgânicos e não orgânicos) dos dinamarqueses, proporcionalmente à sua renda média anual. Vê-se que em 2018, eles gastaram quase 13% da sua renda anual em consumo de alimentos.
Tabela 1. Consumo de alimentos em proporção à renda anual média dos dinamarqueses no período de 2010 a 2018 (em Euros).
Ano |
Renda média anual (em Euros) |
Consumo de Alimentos (em Euros) |
% |
2010 |
30.854,79 |
4184,18 |
13,56 |
2011 |
31.494,95 |
4324,03 |
13,73 |
2012 |
32.282,89 |
4442,55 |
13,76 |
2013 |
33.171,77 |
4398,18 |
13,26 |
2014 |
33.860,66 |
4475,81 |
13,22 |
2015 |
34.837,84 |
4477,42 |
12,85 |
2016 |
35.352,54 |
4460,66 |
12,62 |
2017 |
36.371,00 |
4495,25 |
12,36 |
2018 |
37.231,25 |
4702,00 |
12,63 |
Fonte: Danmarks Statistik (2021).
O percentual do consumo de produtos orgânicos em relação à sua renda média anual correspondeu a aproximadamente 0,85% em 2018. Assim, o peso do consumo de alimentos orgânicos em relação ao consumo geral de alimentos na Dinamarca representou, em 2018, aproximadamente 6,7% (Tabela 2).
Tabela 2. Consumo de alimentos orgânicos vs. consumo de alimentos totais na Dinamarca em 2018 (em Euros)
Ano |
Consumo de Alimentos (em Euros) |
Consumo de Orgânicos (em Euros) |
% |
2018 |
4702 |
312 |
6,64 |
Fonte: Danmarks Statistik (2021).
Esses resultados se deram a partir da implementação do Plano de Ação Orgânica para a Dinamarca (Danish Ministry of Food, Agriculture and Fisheries, 2012), coordenado pelo Ministério da Alimentação, Agricultura e Pesca, e publicado em 2011. Este plano objetivava dobrar a área da agricultura orgânica na Dinamarca até 2020, em relação à 2007. A principal estratégia para atingir esse objetivo foi aumentar a demanda geral por alimentos orgânicos no país e, portanto, estimular os agricultores a converter a produção convencional de alimentos em produtos orgânicos. Além disso, o governo realizou a conversão da produção convencional para orgânica em terras de propriedade pública e ampliou os esforços junto às cozinhas públicas, no sentido de apoiar a transformação dessas para que passassem a fornecer alimentação orgânica (Lima, 2021).
Com aproximadamente meio milhão de refeições públicas produzidas por dia, o governo dinamarquês considerou as compras públicas o principal fator para aumentar a demanda e, portanto, aumentar a área de produção orgânica. O plano visou aumentar a aquisição de alimentos orgânicos em até 60% em todas as cozinhas públicas da Dinamarca até 2020 (Sørensen et al., 2015, pg. 1).
Os resultados podem ser visualizados na Figura 5, na qual é possível observar que a maior parte das vendas de produtos orgânicos em 2018 foi destinada para as Instituições Públicas, com 36% do total.
Figura 5. Vendas de produtos orgânicos para instituições públicas dinamarquesas por grupos de clientes em 2018 (%).
Fonte: Danmarks Statistik (2021).
Essas ações geraram estímulos à produção, à comercialização e ao consumo de alimentos orgânicos na Dinamarca.
Além disso, o montante de alimentos orgânicos comercializados nas lojas de varejo apresentou um crescimento expressivo entre 2003 e 2009, sendo esse retomado de uma forma ainda mais expressiva a partir de 2014, para atingir, em 2018, um volume comercializado quase três vezes maior quando comparado ao ano de 2003 (Figura 6).
Figura 6. Evolução da quantidade de alimentos orgânicos em lojas de varejo na Dinamarca no período de 2003 a 2018 (toneladas).
Fonte: Danmarks Statistik (2021).