FALANDO DE NÓS/POR NÓS
a afrocentricidade e os saberes de terreiro como resposta à desumanização cultural negra
DOI :
https://doi.org/10.26512/pl.v13i29.54777Mots-clés :
Afrocentricidade. Saberes de Terreiro. Oralidade. Intolerância Religiosa.Résumé
Fundamentado no paradigma da afrocentricidade como forma de articular caminhos possíveis e gerar entendimentos com base na realidade afrodiaspórica vivida, este ensaio tem por objetivo construir reflexões e problematizações sobre o apagamento cultural proposital de saberes negros de terreiro. Considerando a histórica inferiorização das tradições religiosas de matrizes africanas no Brasil, compreendemos que a afrocentricidade oportuniza a ideia de que devemos ter um compromisso com as (re)descobertas do lugar africano plural e subjetivo na sociedade. Sob esse viés, articulamos a epistemologia de terreiro com a concepção da força vital da oralidade, assim como ressaltamos a importância da (auto)conscientização para defendermos nossos valores ancestrais e espirituais. Sugerimos, ainda, uma urgência na valorização da cultura dos povos afrodiaspóricos como forma de viver em comunhão a partir do respeito, do amor e da liberdade.
Téléchargements
Références
ADAD, Clara Jane Costa. Candomblé e sua tradição viva. In: BOAKARI, F. M. (Org.). Descolonialidades e cosmovisões: pesquisas sobre gênero, educação e afrodescendência. 1ed. Tereina: EDUFPI, 2018, v. 1, pp. 28-41.
ALBUQUERQUE, Wlamyra.; FILHO, Walter Fraga. Uma história do negro no Brasil. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.
ALVES, Maria Kellynia Farias. Resistência negra no círculo de cultura sociopoético: pretagogia e produção didática para implementação da Lei 10.639/03 no Projovem Urbano. 2015. 159f. – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira, Fortaleza (CE), 2015. Disponível em: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/16658. Acesso em: 02 jul. 2024.
ALVES, Míriam Cristiane; JESUS, Jayro Pereira de; SCHOLZ, Danielle. Paradigma da afrocentricidade e uma nova concepção de humanidade em saúde coletiva: reflexões sobre a relação entre saúde mental e racismo. Saúde em Debate, v. 39, n. 106, p. 869-880, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-1104201510600030025.
APPIAH, Kwame Anthony Akroma-Ampim Kusi. Na casa do meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio de janeiro, Contraponto, 1997.
ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricity. 1st edition, Trenton: Africa World Press, 1980.
ASANTE, Molefi Kete. The Afrocentric Idea. Philadelphia: Temple University Press, 1987.
ASANTE, Molefi Kete. Kemet, Afrocentricity and Knowledge. Trenton: Africa World Press, 1990.
ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinar. In: NASCIMENTO, E. L. (Org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009, pp. 93-110
ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade como crítica do paradigma hegemônico ocidental: introdução a uma ideia. Ensaios Filosóficos, v. 14, dez. 2016. Disponível em: https://www.ensaiosfilosoficos.com.br/Artigos/Artigo14/00_Revista_Ensaios_Filosoficos_Volume_XIV.pdf. Acesso em: 02 jul. 2024.
BARBARESCO, Rogério Ananias. Intolerância contra religiões de matrizes africanas sob a ótica do discurso de ódio de Judith Butler. Brazilian Applied Science Review, v. 8, n. 1, p. 108-129, 2024. DOI: https://doi.org/10.34115/basrv8n1-006.
BERNARDINO-COSTA, Joase.; MALDONADO-TORRES, Nelson.; GROSFOGUEL, Ramón. (Org.) Decolonialidade e Pensamento Afro Diaspórico. Belo Horizonte, Ed. Autêntica, 2018.
BRITO, L. G. O véu do congá: sobre três aspectos do conhecimento umbandista. Rio de Janeiro: Gramma, 2019.
CARNEIRO, Edison. Candomblés da Bahia. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2008.
CAPUTO, Stela Guedes. Reparar miúdo, narrar Kékeré – notas sobre nossa fotoetnopoética com crianças de terreiros. Revista Teias, v. 19, n. 53, p. 36-63, 2018. DOI: https://doi.org/10.12957/teias.2018.34443.
CORRÊA, Aureanice de Melo. Irmandade da Boa Morte como manifestação cultural afro-brasileira: de cultura alternativa à inserção global. Tese de Doutorado. PPGG/UFRJ, Rio de Janeiro, 2004. Disponivel em: http://objdig.ufrj.br/16/teses/652721.pdf. Acesso em: 02 jul. 2024.
CRISTOVAO, Leandro da Silva Gomes. Dizer-se. Narrar-se. Etnografar-se. Veredas – Revista de Estudos Linguísticos, v. 22, n. 1, p. 264-270, 2018. DOI: https://doi.org/10.34019/1982-2243.2018.v22.27970.
EUGENIO, Naiara Paula; ASSIS DE PAULA, Glauce Regina. O brincante devoto: performatividades pretas como via de insurgência e reencontro. Problemata: Revista Internacional de Filosofia, v. 13, n. 1, p. 298-316, 2022. DOI: https://doi.org/10.7443/problemata.v13i1.63072.
FABRÍCIO, Branca Falabella. Linguística Aplicada como lugar de desaprendizagem: redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. da (Org.) Por uma Linguística Aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, pp. 45-65.
FLOR DO NASCIMENTO, Wanderson. Sobre os candomblés como modo de vida: imagens filosóficas entre Áfricas e Brasis. Ensaios Filosóficos, v. 13, p. 153-170, 2016. Disponível em: https://www.ensaiosfilosoficos.com.br/Artigos/Artigo13/00_Revista_Ensaios_Filosoficos_Volume_XIII.pdf. Acesso em: 02 jul. 2024.
FULGÊNCIO, Cristiane Alarcão; FLOR DO NASCIMENTO, Wanderson. Bioética de Intervenção e justiça: olhares desde o sul. Revista Brasileira de Bioética, v. 8, n. 1-4, p. 46-55, 2012. DOI: https://doi.org/10.26512/rbb.v8i1-4.7776.
GONÇALVES, Dinalva Pereira.; GONÇALVES, Pêdra Paula Pereira. História e memória de quilombo: raízes e relatos da comunidade Ramal de Quindiua em Bequimão/MA. Revista ABPN, v. 9, n. Ed. Especi, p. 199-223, 2017. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/site/article/view/486. Acesso em: 02 jul. 2024.
GROSFOGUEL, Ramón. La descolonización de la economía-política y los estúdios poscoloniales: transmodernidad, pensamiento fronterizo y colonialidad global. Tábula Rasa, n. 4, p. 17-48, enero-junio, 2006. DOI: https://doi.org/10.25058/20112742.245.
HOOKS, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
KARENGA, Maulana. A função e o futuro dos estudos africana: reflexões críticas sobre sua missão, seu significado e sua metodologia. In: Nascimento, Elisa L. (org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009, pp. 333-359.
LIMA, Fábio Batista. Corpo e Ancestralidade. Repertório: Teatro & Dança, v. 18, n. 24, p. 19-32, 2015. DOI: https://doi.org/10.9771/r.v0i0.14826. Disponivel em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revteatro/article/view/14826. Acesso em: 02 jul. 2024.
LIMA, Fabiana Ferreira de. Personalidades negras?! Só conheço Zumbi, professora: a construção do herói e a invisibilização do negro na história. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as, v. 10, n. Ed. Especi., p. 05-21, 2018. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/site/article/view/383. Acesso em: 02 jul. 2024.
LOUZADA, Natália do Carmo. Recriando Áfricas: subalternidade e identidade africana no Candomblé Ketu. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tde/2323. Acesso em: 02 jul. 2024.
MACEDO, Edir. Orixás, caboclos e guias – deuses ou demônios. Rio de Janeiro: Universal Produções, 2006.
MACHADO, Adilbênia Freire. Filosofia africana contemporânea desde os saberes ancestrais femininos: novas travessias/novos horizontes. ÍTACA, n. 36, p. 248-280, 2020. DOI: https://doi.org/10.59488/itaca.v0i36.31952.
MATTOS, Wilson Roberto de. Valores civilizatórios afro-brasileiros, políticas educacionais e currículos escolares. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, v. 12, n. 19, p. 229-234, jan./jun. 2003. DOI: https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.v12.n19.
MAZAMA, Ama. Afrocentricidade como um paradigma. In: NASCIMENTO, E. L. (Org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009, pp. 111-128.
MIRANDA DE OLIVEIRA, Vanessa Regina Eleutério. Um currículo multicultural: práticas inclusivas e a afro-descendência. In: OLIVEIRA, I.; GONÇALVES E SILVA, P.B. (org.). Identidade negra: pesquisas sobre o negro e a educação no Brasil. São Paulo: Ação Educativa, 2003, pp.103-116.
MIRANDA, José Valdinei Albuquerque.; MELO, Neusiane de Nazaré Coelho de. Corpo afrorreligioso e resistência: caminhos para uma educação antirracista. Interfaces da Educação, v. 11, n.33, p. 89-111, 2020. DOI: https://doi.org/10.26514/inter.v11i33.4973.
MODUPE, Danjuma Sinue. The Afrocentric Philosophical Perspective: A Narrative Outline. In: Ama Mazama (Ed.). The Afrocentric Paradigm. Trenton: NJ: Africa World Press, 2003, pp. 55-72.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil: Identidade Nacional versus Identidade Negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
NASCIMENTO, Elisa Larkin. O olhar afrocentrado: introdução a uma abordagem polêmica. In: Nascimento, E. L. (Org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009, pp. 181-196.
NOGUEIRA, Sidnei. Intolerância religiosa. São Paulo: Pólen, 2023.
NOGUERA, Renato. Afrocentricidade e educação: os princípios gerais para um currículo afrocentrado. Revista África e africanidades, v. 3, n. 11, 2010. Disponível em: https://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/01112010_02.pdf. Acesso em: 02 jul. 2024.
NOGUERA, Renato. Ubuntu como modo de existir: elementos gerais para uma ética afroperspectivista. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as), v. 3, n. 6, p. 147-150, 2012. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/site/article/view/358. Acesso em: 02 jul. 2024.
PASSOS, Leandro.; PASSOS, Luana.; NASCIMENTO, Edinaldo da Silva. De oratura e dança: oxum na obra omo-oba: histórias de princesas e no espetáculo BrÁfrica. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as), v. 11, n. Ed. Especi, p. 07-24, 2019. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/site/article/view/794. Acesso em: 02 jul. 2024.
PASSOS, Mailsa.; CAPUTO, Stela Guedes. Cultura e conhecimento em terreiros de candomblé: lendo e conversando com Mãe Beata de Yemonjá. Currículo sem Fronteiras, v. 7, n. 2, p. 93-111, 2007. Disponível em: https://biblat.unam.mx/hevila/CurriculosemFronteiras/2007/vol7/no2/6.pdf. Acesso em: 02 jul. 2024.
PINTO, Ana Flávia Magalhães. De pele escura e tinta preta: a imprensa negra do século XIX (1833-1899). 2006. Dissertação (Mestrado em História Cultural) - Universidade de Brasília, 2006. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/6432. Acesso em: 02 jul. 2024.
PRANDI, Reginaldo. O candomblé e o tempo: concepções de tempo, saber e autoridade da África para as religiões afro-brasileiras. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16, n. 47, p. 43-58, 2001. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092001000300003.
PRANDI, Reginaldo. Modernidade com feitiçaria: Candomblé e umbanda no Brasil no século XX. Tempo Social, v. 2, n.1, p. 49-74, 1990. DOI: https://doi.org/10.1590/ts.v2i1.84787.
REIS NETO, João Augusto dos. Pensar-viver-água em Oxum para (re)encantar o mundo. Revista Calundu, v. 4, n. 2, p. 108-132, 2021. DOI: https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v4i2.34344.
REIS, Maurício de Novais.; FERNANDES, Alexandre de Oliveira. Afrocentricidade: identidade e centralidade africana. Odeere: Revista do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade, v. 3, n. 6, p. 102-119, 2018. DOI: https://doi.org/10.22481/odeere.v3i6.4302. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/odeere/article/view/4302. Acesso em: 02 jul. 2024.
RIBEIRO, Ronilda.; SÀLÀMI, Sikirú (King). Exu e a ordem do universo. São Paulo: Oduduwa, 2015.
RUFINO, Luiz.; MIRANDA, Marina Santos de. Racismo religioso: política, terrorismo e trauma colonial. Outras leituras sobre o problema. Problemata: Revista Internacional de Filosofia, v. 10, n. 2, p. 229-242, 2019. DOI: https://doi.org/10.7443/problemata.v10i2.49125.
RUFINO, Luiz. Vence-demanda: Educação e Descolonização. Rio de Janeiro: Mórula, 2021.
SEVERO, Cristine Gorski. Pós-colonialismo e Linguística: relação (im)possível?. In: Fernando Zolin-Vesz. (Org.). Linguagens e Descolonialidades. 1ed. Campinas: Pontes, 2017, v. 2, pp. 39-54.
SILVA, Maurício. Afrocentricidade: um conceito para a discussão do currículo escolar e a questão étnico-racial na escola. Revista de Educação, v. 21, n. 2, p. 255-261, 2016. DOI: https://doi.org/10.24220/2318-0870v21n2a2903.
SILVA, Vagner Gonçalves. Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2005.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés PÓLEMOS – Revista de Estudantes de Filosofia da Universidade de Brasília 2025

Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Pas de Modification 4.0 International.
Todos os trabalhos que forem aceitos para publicação, após o devido processo avaliativo, serão publicados sob uma licença Creative Commons, na modalidade Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License (CC BY-NC-ND 4.0). Esta licença permite que qualquer pessoa copie e distribua a obra total e derivadas criadas a partir dela, desde que seja dado crédito (atribuição) ao autor / Ã autora / aos autores / às autoras.