VARIAÇÕES SOBRE O ESTADO SUICIDÁRIO
três possíveis intepretações acerca do modo destrutivo de operar do fascismo
DOI:
https://doi.org/10.26512/pl.v12i25.48512Palavras-chave:
Fascismo. Deleuze. Guattari. Estado suicidário. Foucault.Resumo
Quando Paul Virilio cunhou a expressão Estado suicidário na década de 1970, o termo foi logo utilizado por outros pensadores, como Foucault, Deleuze e Guattari, para se referir ao nazifascismo. A intenção era mostrar que o modo de operar de tal projeto político era diferente de outros regimes totalitários por conta de uma força de destruição intrínseca que acabava por, ao fim do processo, atingir a própria nação que o projetou. Para defender esse ponto, este artigo começa mostrando um pouco da epidemia de suicídios que assolou a Alemanha ao fim da Segunda Guerra Mundial e sugere a provável inspiração para a comunicação apócrifa de Hitler que Virilio alcunhou de telegrama 71 e a resumiu na frase “Se a guerra está perdida, que a nação pereça”. Em seguida, aponta três possíveis leituras para o conceito Estado suicidário: a primeira, seguindo de perto Foucault, que usou tal frase numa aula em 1976, em que abordava pela primeira vez a biopolítica. A segunda, acompanhando Deleuze e Guattari, que a utilizaram para falar sobre a força de destruição das máquinas de guerra quando elas assumem o formato Estado. E a terceira que, buscando ainda inspiração em Deleuze e Guattari, tenta demonstrar que o fascismo é a tentativa de forjar uma noção de maioria, mesmo que tal proposta seja uma impossibilidade conceitual.
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