Tue, 07 Dec 2021 in Linhas Críticas
Contribuições da pesquisa-ação para educação em saúde no contexto escolar
Resumo
Esse estudo investiga as contribuições da pesquisa-ação nas práticas pedagógicas de professores inseridos em processos formativos, visando a educação em saúde. As etapas, progressivamente planejadas, perpassaram o diagnóstico situacional, problematização, aprofundamento teórico, planejamento e incremento do plano de ação. Os achados apontam que a pesquisa-ação possibilitou a contextualização de problemas presentes no cotidiano, e apresentou potencialidades para a introdução de práticas pedagógicas em saúde, planejadas e articuladas ao currículo escolar, considerando o envolvimento entre a família e a escola nesse processo, além de promover o trabalho coletivo e interdisciplinar dos docentes.
Main Text
Introdução
O desenvolvimento de temas relacionados à saúde está presente no contexto escolar desde os primeiros anos de escolarização, em conformidade com os documentos que normatizam a educação brasileira. Recentemente, Sousa et al. (2019) analisaram os documentos curriculares nacionais, desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Brasil, 1996) até a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2017). Para as autoras, a presença do tema saúde nos documentos orientadores da Educação Básica indica que a temática assume uma dimensão importante a ser trabalhada no processo de ensino e aprendizagem em todas as suas etapas. Burchard et al. (2020) também analisaram a inserção da temática saúde na BNCC (Brasil, 2017). Os autores apontam que a temática foi encontrada com maior concentração nos textos relacionados ao Ensino Fundamental, principalmente nos componentes curriculares de Ciências e Educação Física, e criticam a perspectiva de saúde adotada no documento, que, segundo os autores, dedica-se aos aspectos biológicos das doenças e na diminuição dos riscos e cuidado do corpo, desconsiderando as questões ambientais e sociais que podem interferir na saúde da população.
Diferentes concepções, atreladas aos conceitos de educação e saúde, são aludidas na literatura, compreendendo dimensões políticas, filosóficas, sociais e culturais (Salci et al., 2013). Ao analisar este panorama, Maciel (2009) aponta duas classificações para as ações educativas em saúde: as tradicionais e as dialógicas. Para a autora, o modelo tradicional, historicamente hegemônico, utiliza-se do referencial biologicista e tem como foco a aprendizagem sobre doenças e intervenções curativas. Em contraposição, o modelo dialógico surge na perspectiva de romper com o modelo tradicional, e pressupõe a análise crítica sobre os aspectos da realidade pessoal e coletiva, assumindo como objetivo central a promoção da saúde.
Para Candeias (1997), a promoção da saúde considera a combinação de apoios ambientais e educacionais no planejamento de ações que conduzam à saúde. Sendo assim, a educação em saúde integra um dos componentes da promoção da saúde, e contempla o arranjo de intervenções educativas, sistematicamente planejadas. Nesse âmbito, quando desenvolvida no contexto escolar, a educação em saúde pressupõe um conjunto de práticas pedagógicas de caráter participativo e emancipatório, desenvolvidas de forma intencional, como parte do currículo escolar (Marinho & Silva, 2013; Menezes et al., 2020a; Mohr, 2002).
As discussões sobre um conceito de saúde ampliado, que valoriza o modo de viver das pessoas e desvia-se daquele que relaciona saúde apenas à ausência de doença, intensificaram-se a partir da Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Carta de Ottawa, 1986). Inserida nesta perspectiva, a promoção da saúde contempla tanto medidas que conduzam às condições e requisitos para a saúde (paz, educação, moradia, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade) quanto estratégias que favoreçam o desenvolvimento de habilidades dos indivíduos para a tomada de decisões (Brasil, 2006).
O trabalho educativo em saúde, distanciado do modelo tradicional, tem avançado no cotidiano didático-pedagógico das escolas. No entanto, alguns autores apontam que a construção de práticas pedagógicas que contemplem a interface saúde e educação permanece um desafio frente à complexidade de temas relacionados à saúde, à educação e à promoção da saúde (Cardoso et al., 2008; Carvalho, 2015; Casemiro et al., 2014; Santos et al. 2016). Nesse sentido, ao analisar algumas experiências desenvolvidas no contexto escolar, o Ministério da Saúde destacou importantes desafios para a consolidação da escola como espaço de promoção da saúde. A saber: a ruptura do caráter prescritivo, desarticulado e focalizado das ações; transformação de metodologias e técnicas pedagógicas tradicionais; desenvolvimento curricular de forma integrada; formação permanente de docentes; investigação, continuidade e avaliação das atividades desenvolvidas; e difusão de informações sobre os avanços e desafios encontrados, entre outros (Brasil, 2006).
Em consonância, ao investigar as práticas promotoras em saúde no contexto escolar brasileiro, Couto et al. (2016) sugerem que a consolidação das ações pressupõe o apoio dos docentes, que devem estar aptos a abordar o conceito de saúde, desenvolvendo estratégias educativas facilitadoras para a construção integrada do conhecimento. Assim, visando romper com concepções tradicionais, em busca da construção de modelos críticos e dialógicos, a contribuição da pesquisa para o desenvolvimento profissional dos docentes tem sido foco de muitos estudos (Martins et al., 2018; Sessa et al., 2019; Thiollent, 2011; Zeichner, 2012).
A pesquisa-ação, quando desenvolvida com fins pedagógicos, pode configurar-se em um ambiente de aprendizado coletivo e colaborativo ao considerar as demandas locais, e orientar os indivíduos na investigação e transformação do seu contexto social e educacional (Engel, 2000; Imbernón, 2010; Tripp, 2005). Nesse sentido, ao subsidiar o diálogo entre fundamentos teóricos e práticos, a pesquisa-ação contribui para o planejamento pedagógico, e pode constituir-se como um importante recurso para a qualificação dos docentes (Martins et al., 2018; Menezes et al., 2020b).
Thiollent (2011) aponta para a diversificação dos espaços de utilização da pesquisa-ação. Contudo, na área da saúde, a pesquisa-ação ainda permanece um método pouco explorado (Brusamarello et al., 2018; Oliveira & Bueno, 2016; Thiollent, 2011). Todavia, recentes estudos sugerem que a pesquisa-ação permite a observação e análise das demandas locais, e pode orientar as ações educativas adaptadas a realidade da educação em saúde, pois os momentos educativos podem ser sistematicamente integrados e desenvolvidos em diversos contextos, possibilitando relações participativas e dialógicas (Brusamarello et al., 2018; Cortez & Silva, 2017; Mendonça et al., 2017; Oliveira & Bueno, 2016).
Santos et al. (2016) enfatizam a importância da estruturação e avaliação de programas e projetos educativos para promoção da saúde no ambiente escolar, uma vez que percebem a escola como um ambiente favorável para que se estabeleçam mudanças comportamentais. Não obstante, ressaltam que é preciso pensar os processos de intervenção numa lógica de partilha e de corresponsabilidade, distanciando-se de modelos tradicionais. Além disso, apontam a necessidade de produções científicas que analisem as metodologias e resultados dos programas/projetos existentes, para que esses possam subsidiar novas propostas que atendam às especificidades locais.
Sustentados nestes pressupostos teóricos e metodológicos, nesse estudo nos propomos a investigar as contribuições da pesquisa-ação para a educação em saúde no contexto escolar.
Percurso metodológico
Esse estudo situa-se num contexto de trabalho colaborativo, desenvolvido em parceria com uma escola pública, de educação básica, vinculada à 8ª Coordenadoria Regional de Educação do Rio Grande do Sul, que atende em média 500 escolares anualmente (Brasil, 2018). O recorte temporal em que se estabelece essa observação contempla o ano letivo de 2018, durante o qual o quadro profissional da instituição contava com 35 docentes, além de cinco gestoras.
Estudos prévios, desenvolvidos em anos anteriores, investigaram as demandas dessa comunidade escolar e se relacionam com diferentes perspectivas. É importante ressaltar que, a parceria com a referida instituição escolar teve início em 2011. Ao longo desse período, estabeleceu-se uma sistemática cíclica de observação, avaliação e planejamento, as quais orientaram novas ações e reavaliações. Essa dinâmica permitiu desencadear novos planejamentos continuamente. Nessa perspectiva, os estudos mais recentes têm se dedicado a investigar os processos educativos, visando a promoção da saúde (Rodrigues et al., 2019; Menezes et al., 2020a; Rodrigues et al., 2020).
Nessa conjuntura, esse estudo esteve amparado pela pesquisa-ação, proposta por Thiollent (2011), o qual propõe um planejamento flexível, uma vez que essa metodologia solicita avaliações e adequações constantes. Inserida nessa premissa, a conformação desse ciclo de pesquisa-ação apresenta-se em etapas (ver Figura 1), as quais foram progressivamente planejadas, respeitando, sobretudo, o cotidiano escolar.
Considerando um contexto colaborativo e dialógico de formação, todos os professores foram encorajados a participar das discussões e elaborar, coletivamente, os objetivos e planejamentos pedagógicos. Todavia, nem todos puderam participar nas datas e horários pré-definidos para reuniões. Nesse sentido, vale ressaltar que, inicialmente, os encontros foram realizados mensalmente, aos sábados, nos meses de maio, junho e julho de 2018. Nesse período, um total de 25 docentes perpassaram as reuniões. O detalhamento desses encontros será apresentado na continuidade desse texto (ver Quadro 1).
Após esses encontros formativos, os desdobramentos das ações foram acompanhados quinzenalmente durante o restante do ano letivo. Grupos focais foram organizados conforme a disponibilidade dos docentes, que relatavam o desenvolvimento das atividades em sala de aula, bem como suas percepções sobre o engajamento dos estudantes e familiares nas atividades propostas. Assim, os encaminhamentos também eram discutidos e elaborados coletivamente. Todas as observações foram documentadas no diário de campo das pesquisadoras, nos quais foram registradas as observações sobre os participantes, espaços e recursos utilizados. Do mesmo modo, foram inseridos os registros realizados pelos docentes das atividades conduzidas durante as aulas.
Os procedimentos éticos seguiram as diretrizes da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 2012) e foram aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da universidade (CAAE 40314114.8.0000.5346).
Estabelecendo a pesquisa-ação na escola
Com vistas a investigar como a pesquisa-ação pode contribuir para as demandas educativas em saúde, inicialmente foi conduzido um diagnóstico situacional. Essa etapa foi implementada antes da abertura do ano letivo, primeiramente por meio de uma reunião coletiva entre gestores, docentes e pesquisadores. Em seguida, com o intuito de ampliar a relação colaborativa e dialógica, um segundo encontro solicitou também, a participação de familiares.
Em consonância com a metodologia proposta por Thiollent (2011), no início de uma pesquisa-ação faz-se necessário a designação de um problema. Nesse âmbito, a aproximação e apoio familiar nas atividades escolares foi apontada, pelos docentes, como uma problemática recorrente. Em continuidade, também foram discutidos aspectos do estilo de vida, hábitos alimentares, estado nutricional e nível de atividade física dos estudantes, resultados das avaliações realizadas em anos anteriores (Rodrigues et al., 2019).
Diante da preocupação com os aspectos do estilo de vida dos escolares, associada à necessidade de aproximação da família com o cotidiano escolar, a educação em saúde foi definida como tema central. Com isso, três encontros foram idealizados, coletivamente, a fim de estimular a reflexão dos docentes, bem como incrementar subsídios teóricos. O Quadro 1 apresenta a síntese dos temas e conteúdos contemplados em cada encontro.
Durante os encontros de estudos teóricos foram discutidas diferentes estratégias metodológicas com potencial para articular os objetivos da educação em saúde ao currículo escolar. Dentre as proposições, destacaram-se a elaboração de um projeto de ensino-aprendizagem, articulado a uma ação educativa visando a sensibilização dos familiares. As propostas foram organizadas coletivamente e integraram o plano de ação.
O projeto foi planejado de forma interdisciplinar, mediado por quatro docentes, integrando as áreas de Linguagens e Ciências, e foi desenvolvido juntamente com os estudantes dos 6º e 7º anos. As atividades solicitaram a colaboração dos familiares no desenvolvimento das tarefas e permitiram conhecer e explorar informações importantes sobre o estilo de vida dos participantes. Essas informações foram essenciais para orientar as discussões em sala de aula. O projeto foi desenvolvido ao longo de dois trimestres, e solicitou a identificação de situações reais, associadas aos hábitos alimentares e estilo de vida dos estudantes, visando a construção coletiva e contextualizada do conhecimento. O detalhamento de todo o processo de construção e implementação desse projeto foi descrito e publicado recentemente (Menezes et al., 2020a).
Em complemento, a ação educativa, designada “Dia da Saúde na escola”, foi realizada em um sábado, e buscou integrar os familiares no projeto desenvolvido pelos estudantes. Destarte, a fim de sensibilizar os participantes sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis, e alertar sobre as condutas de risco ao desenvolvimento de doenças, a gestão escolar procurou auxílio da equipe de Estratégia da Saúde da Família (ESF) do bairro onde a escola está inserida. A equipe do ESF realizou avaliações de pressão arterial, frequência cardíaca, glicemia, estado nutricional e orientações técnicas, bem como encaminhamentos ao setor de saúde, quando necessário. Vale destacar que, a equipe do ESF é atuante no contexto escolar, promovendo e orientando atividades vinculadas ao Programa Saúde da Escola (PSE), previstas no Projeto Político Pedagógico da instituição de ensino.
No âmbito dessa experiência, tanto o projeto interdisciplinar quanto a ação educativa integraram o plano de ação e permitiram a apreciação de informações importantes sobre o estilo de vida dos escolares, bem como a integração dos familiares e a articulação dos saberes socioculturais provenientes da realidade dos estudantes. As atividades solicitaram, dos estudantes, a identificação de situações reais associadas aos hábitos alimentares e estilo de vida do grupo familiar, e permitiram identificar alguns determinantes em saúde dos escolares. Essas observações foram essenciais para orientar as discussões em sala de aula e promoveram um ambiente colaborativo de aprendizagem, facilitando a construção de conhecimentos e intercederam na busca pela solução dos problemas. Ademais, na conclusão desse ciclo da pesquisa-ação, os professsores solicitaram dos escolares a elaboração de mídias impressas, que foram posteriormente divulgadas através de informativos e fixadas na escola.
Possibilidades da pesquisa-ação na educação em saúde
A pesquisa-ação é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, no qual os participantes estão envolvidos de modo cooperativo (Thiollent, 2011). Inserida numa abordagem educacional, considera o contexto local, os aspectos sociais, políticos e culturais (Engel, 2000; Thiollent, 2011; Tripp, 2005). Assim, a construção do conhecimento responde a diferentes demandas e se realiza por meio da interação de diferentes agentes, podendo constituir um importante papel na interface educação e saúde (Coscrato & Bueno, 2010).
Estudos recentes, direcionados a diferentes populações, apontam importantes subsídios da pesquisa-ação nas demandas educativas em saúde na escola (Brito et al., 2017; Brusamarello et al., 2018; Cortez & Silva, 2017; Coscrato & Bueno, 2010; Martins & Brito, 2013; Mendonça et al., 2017). Dentre eles, Martins e Brito (2013) realizaram uma revisão integrativa dos estudos publicados em língua portuguesa, entre 1990 a 2012, que contemplaram a pesquisa-ação em saúde. As autoras apontam ampla utilização e aplicabilidade dessa abordagem, sobretudo, nos estudos da área de enfermagem, enquanto no ambiente escolar não foram identificados estudos no período investigado.
Mendonça et al. (2017) realizaram um estudo com profissionais da atenção primária em saúde da cidade de Uberaba (MG) que atuavam com práticas de educação em saúde direcionadas a grupos de idosos. Os resultados auxiliaram na análise das necessidades e desenvolvimento de educação permanente dos profissionais. Brusamarello et al. (2018) também investigaram as possibilidades de incremento da pesquisa-ação na área de enfermagem. Para os autores, essa metodologia se mostrou adequada ao permitir a valorização do conhecimento e a participação dos indivíduos nas ações educativas, inseridas numa perspectiva de cuidado integral.
Para Brito et al. (2017), a pesquisa-ação em saúde ainda é um desafio, ao passo que, solicita a combinação de diferentes competências num processo de aprendizagem mútua, considerando que a pesquisa deve contemplar, de forma equitativa, os indivíduos que não estão acostumados com métodos investigativos e pesquisadores que, por vezes, estão afastados dos problemas emergentes e concretos dos contextos sociais os quais desejam investigar.
No âmbito escolar, a educação em saúde visa favorecer ações reflexivas e críticas do conceito de saúde, com investigações de demandas e temas pertinentes à comunidade escolar, além de promover a autonomia dos indivíduos no desenvolvimento de ambientes e atitudes mais saudáveis (Cardoso et al., 2008). Nesse contexto, alguns autores criticam as ações atribuídas à educação em saúde que, com frequência, assumem um caráter informativo e reducionista, cujas práticas têm caráter prescritivo de comportamentos ideais, desvinculados da realidade e distantes dos sujeitos (Marinho & Silva, 2013; Mohr, 2002; Venturi & Mohr, 2011; Venturi et al., 2013). Em face disso, a importância de considerar o contexto socioeconômico, ambiental e cultural, no cotidiano didático-pedagógico das escolas, tem sido evidenciada (Cardoso et al., 2008; Carvalho, 2015; Casemiro et al., 2014; Guimarães et al., 2015; Salci et al., 2013; Venturi et al., 2013). Em consonância, Oliveira e Bueno (2016) apoiam a articulação da pesquisa aos processos educativos no contexto da saúde, e apontam a necessidade de repensar as estratégias pedagógicas, contemplando abordagens caracterizadas pela colaboração e dialógo entre os participantes.
No contexto escolar, Cortez e Silva (2017) desenvolveram um estudo com adolescentes de uma escola pública federal, no qual as ações visaram a construção coletiva de conhecimentos e aprendizagem compartilhada e favoreceram a interação entre os escolares e docentes por meio de palestras, atividades de educação permanente, grupo de apoio familiar e rodas de conversa entre escolares e professores. Para os autores, considerar os conhecimentos prévios dos adolescentes foi fundamental para o engajamento dos escolares nas ações educativas em saúde.
O referencial teórico utilizado nesse estudo pondera que um processo educativo, visando à educação em saúde, exige um planejamento sistemático de ações que estimulem a autonomia e a tomada de decisões dos indivíduos (Brito et al., 2017; Carvalho, 2015; Casemiro et al., 2014; Marinho & Silva, 2013; Oliveira & Bueno, 2016; Venturi et al., 2013). Em nosso estudo, a pesquisa-ação permitiu a contextualização de problemáticas presentes no cotidiano dos escolares, e apresentou potencialidades para a introdução de práticas pedagógicas em saúde, planejadas e articuladas ao currículo escolar, considerando o envolvimento entre a família e a escola nesse processo, além de promover o trabalho coletivo e interdisciplinar. Em consonância, Brito et al. (2017) ressaltam que a pesquisa-ação em saúde pressupõe a colaboração entre sujeitos com diferentes saberes, mas com objetivos comuns na construção de espaços de aprendizagem contextualizada e significativa.
Considerações finais
Ao refletir sobre essa experiência e estabelecer um diálogo com diversos pesquisadores que se dedicaram à pesquisa-ação na área da educação e saúde, foram percebidas potencialidades da pesquisa-ação nas demandas educativas em saúde, permitindo a aproximação com o modelo dialógico de educação em saúde.
Os procedimentos adotados evidenciaram a importância de que o processo educativo seja construído coletivamente, tendo o contexto local como ponto de partida, possibilitando assim, a delimitação coletiva das prioridades a serem pesquisadas e das soluções possíveis de serem encaminhadas a partir das ações, além do acompanhamento das ações e a interação entre os sujeitos. Sobretudo, a aproximação com temas relacionados a realidade da comunidade escolar permitiu ressignificar o processo educativo, oportunizando espaços de discussão sobre hábitos de vida saudáveis além de potencializar, a participação dos estudantes em processos de tomada de decisões.
Considerando a integralidade da pesquisa-ação, as etapas desenvolvidas durante todo o processo, apresentaram-se como um recurso bem-sucedido na orientação das práticas educativas em saúde, promovendo o desenvolvimento curricular de forma integrada e na articulação do trabalho interdisciplinar.
Resumo
Main Text
Introdução
Percurso metodológico
Estabelecendo a pesquisa-ação na escola
Possibilidades da pesquisa-ação na educação em saúde
Considerações finais