Dossiê | Pesquisa narrativa no fazer ordinário da docência: múltiplas perspectivas

História de vida, fatos temporais vividos e educação de adultos

Historia de vida, hechos temporales vividos y educación de adultos

Life history, lived temporal facts and adult education

Hervé Breton




Destaques


O manuscrito reflete acerca das histórias de vida a partir de “fatos temporais vividos”.


Destaca-se que a teoria dos regimes narrativos se correlaciona à cinética às histórias de vida.


As práticas narrativas estão localizadas na encruzilhada da hermenêutica do sujeito e da fenomenologia descritiva.


Resumo


O artigo está estruturado em quatro seções: a formalização da corrente das histórias de vida em formação; a formalização das relações entre regimes narrativos e cinética narrativa; a caracterização dos processos de elucidação e compreensão de sujeitos. Através deste estudo, as teorias da narrativa e práticas associadas a elas são interrogadas através de uma perspectiva fenomenológica e hermenêutica e, posteriormente, situadas como uma corrente contemporânea na formação de adultos.

Resumen | Abstract


Palavras-chave

Compreensão. Cinética de narrativas. Fatos temporais vividos.


Recebido: 29.03.2023

Aceito: 22.06.2023

Publicado: 04.07.2023

DOI: https://doi.org/10.26512/lc29202347892

No número 142 da revista Éducation Permanente, publicada em 2000, um artigo propõe a transcrição das contribuições e trocas ocorridas durante uma mesa redonda intitulada “O que fazer com as histórias de vida? Retorno sobre os quinze anos de prática" que reúne Pierre Dominicé, Vincent de Gaulejac, Guy Jobert e Gaston Pineau. É nesta ocasião que Pineau se propõe a definir histórias de vida do seguinte modo: "Para mim, a melhor definição de história de vida é ‘a busca e a construção de sentido a partir de fatos temporais vivenciados’", integrando a ideia de sentido ao sensível, à direção e ao significativo (Dominicé et. al., 2000, p. 237). É a partir desta definição que podem ser desdobrados os eixos contidos neste texto1. Trata-se, de fato, de pensar os vínculos entre processos narrativos mobilizados pelos adultos no contexto das sessões de história de vida em formação e as dimensões formativas desta pesquisa sobre os fatos vividos e que é conduzida em primeira pessoa. A reflexão formalizada neste artigo pretende, pois, estruturar um quadro teórico cujo desafio é caracterizar as dimensões formativas da escrita de si, a partir de dois aspectos: a noção do que são “fatos temporais vividos”; a composição narrativa da escrita de si. Quatro seções estruturam este artigo: a primeira seção é dedicada à formalização da corrente de histórias de vida em formação, sendo o seu desafio aquele de especificar a singularidade do dispositivo e precisar o lugar atribuído à pesquisa sobre os “fatos vividos” neste contexto da formação de adultos. O objetivo da segunda seção é caracterizar a noção de fatos, em seguida a de fatos temporais e, por último, aquela de fatos temporais vividos. A terceira seção pretende especificar, a partir das noções de regimes narrativos e cinética da narrativa, os efeitos gerados sobre os processos de compreensão e formação do sujeito. A quarta e última seção agrega e sintetiza as teorias da narrativa convocadas para questioná-las, segundo uma perspectiva fenomenológica e hermenêutica.

A corrente das histórias de vida em formação


Formar-se pela narrativa de si, pode ser uma forma de caracterizar teórica e metodologicamente a singularidade das histórias de vida na formação. Trata-se, com efeito, de considerar que o trabalho narrativo, seja oral ou escrito, gera efeitos formativos para o sujeito que o exerce. Essa proposição, ao ser questionada, pressupõe tanto caracterizar aquilo que se designa pelo termo “narrativa”, quanto especificar os processos associados à formação do sujeito.

No contexto das histórias de vida, diferentes modalidades de narrativas são mobilizadas, de maneira sucessiva: escrita de si, expressão da narrativa no sentido dos coletivos, circulação de narrativas e experiência de recepção, tematização coletiva… Essa sucessão de tempos não é produzida aleatoriamente nos dispositivos. Ela revela uma estratégia que visa possibilitar, gradativamente, a imersão de adultos em formação no trabalho narrativo. Mergulhar no trabalho de narrar a própria experiência exige do narrador dar-se tempo para acessar as memórias, deixar-se impregnar pelas retenções que se tornam novamente presentes a partir da exploração da experiência vivida durante a evocação. Estas operações não podem ser produzidas pelo simples recurso ao voluntário (Ricœur, 1949). Elas supõem, para se realizarem, que as aprendizagens aconteçam, para que gestos como o abandono, a capacidade de se manter disponível, a possibilidade de se deixar impregnar pela memória, possam ocorrer por meio de palavras e da dizibilidade. Esta atividade narrativa foi teorizada como prova por Baudouin (2010), sendo esta última definida em relação aos trabalhos de Bakhtine (2017), a partir de três campos de força: o colocar a experiência em palavras (1), a narrativa da experiência vivida (2), o acesso da narrativa à comunidade (3).

A ênfase nestas três dimensões para pensar o trabalho narrativo realizado pelos adultos em formação permite analisar e classificar as operações e suboperações incluídas na abordagem da história de vida.

Encontrar as palavras envolve diferentes gestos que devem ser realizados e aprendidos pelo sujeito: desengajamento, evocação, despertar da memória, presentificação, preenchimento semântico, cobertura lexical… A passagem da experiência à linguagem supõe o acesso às memórias (Vermersch, 1994), manter-se atento aos efeitos vividos, associados ao despertar microprocessual das lembranças (Depraz, 2014a), encontrar o modo de nomear (Cance e Dubois, 2015), estruturar enunciados que permitam conter a experiência vivida em termos estabilizáveis e significativos … A realização de cada uma destas operações mobiliza gestos que exigem ser exercitados, realizados, tendo a sua experiência como efeito, nada menos do que gerar uma capacidade de transformação da relação com a experiência incorporada que, sedimentada passivamente, torna-se apreensível, expressiva, tematizável.

Este primeiro campo compreende dimensões relativas à pesquisa narrativa e situa-se na encruzilhada da fenomenologia experiencial e das ciências da linguagem. O segundo campo diz respeito mais especificamente à narratologia contemporânea e à fenomenologia hermenêutica.

O relato mobiliza processos que se relacionam tanto com a composição (Ricœur, 1983) como com a tensão narrativa (Baroni, 2007). Composição porque, como aponta Ricœur, a narrativa deve, para parecer completa, integrar os principais acontecimentos e fatos da história. Tensão, porque o ato de recontar a história tem um fundo tonal e sensível que deve corresponder à vivência da experiência passada, à linguagem e narrada como história. Produzir a narrativa em primeira pessoa significa, portanto, no que diz respeito ao trabalho de composição, acessar os fatos vividos, apreendê-los em sua singularidade, ordená-los temporalmente, depois associá-los logicamente para que, conforme Ricœur, ocorra uma transição: a do episódico ao lógico. Essa passagem, que Ricœur associa à trama, combina temporalização e configuração: ordenação dos fatos vividos, configuração dos fatos entre eles. Esses processos permanecem dependentes da verbalização da experiência, o que permite preservar a carga vital do vivido no texto narrativo, conferindo-lhe uma tensão. No entanto, é necessário examinar qual é o objeto desse texto, quais são os fatos vividos enquanto objetos do trabalho de temporalização e configuração; os organizadores da narrativa enquanto expressam o ponto de vista do sujeito e, portanto, os modos de interpretação, sobre sua existência e seu modo de viver.

O terceiro campo descrito, a seguir, possui uma dimensão social e política. Na verdade, ele questiona os lugares e espaços que abrem o direito à auto-expressão e, mais amplamente, as condições de circulação das narrativas em primeira pessoa no mundo social.

Acesso da narrativa para a comunidade. A terceira componente da prova reside no formato concedido para a socialização do relato. O termo do formato pode designar um meio material (impresso, papel ou meio digital), mas também o tempo disponível para o(s) narrador(es). Trata-se também, e talvez sobretudo, do recurso atencional da pessoa ou da comunidade que faz a experiência atencional, sendo este recurso um fator na capacidade de ter em conta e compreender a singularidade da história. Esse formato também pode ser apreendido na medida em que é regido pelo que Foucault (1972) identifica como o tabu do objeto, os rituais da circunstância, os direitos conferidos (ou negados) ao sujeito que fala. O acesso à narrativa parece, portanto, incerto, pelos elementos que potencialmente atuam como obstáculo: a distração, a urgência temporal, a limitação do dizer… a possibilidade de uma fala verdadeira, do ponto de vista do sujeito, pode ser dificultada ou paralisada à medida que a composição da narrativa cresce. Porém, dela depende a manutenção da força da história, estando a capacidade etopoiética (como modo de transformação dos modos de existência do sujeito) estando dependente da expressão da verdade, do ponto de vista do narrador.

O exame dos processos gerados pelo trabalho narrativo, pensado como uma prova, um desafio, permite caracterizar as dimensões formativas da narrativa, sem, no entanto, atribuir-lhes relações mecanicistas, tornando previsível a concretização dos efeitos ao longo do tempo. Com efeito, se as aprendizagens podem ser identificadas quando um adulto se envolve em um trabalho de expressão, descrição, relato oral ou escrito, a origem dessas aprendizagens não pode estar direta nem estritamente associada às operações de composição ou releitura da narrativa de si. O que gera, com efeito, a narrativa, não se caracteriza em termos de aquisição do saber, mas pela capacidade de compreensão do vivido. Trata-se, segundo uma perspectiva hermenêutica (Finger, 1984), de aprender a questionar as estruturas narrativas e os hábitos de interpretação que organizam o relato de si, a fim de abrir os horizontes de interpretação do vivido e, assim, acessar entendimentos que permaneceram despercebidos, não apreendidos ou obstruídos pelas formas de evidência que parecem ter sido impostas. Esse questionamento também pode igualmente conduzir a libertar-se dos discursos herdados, emancipando-se o sujeito das identidades atribuídas por sua história, sua origem, sua classe social (Gaulejac, 2012).

Muitos parâmetros merecem, portanto, um exame preciso a fim de caracterizar o que contribui para o surgimento de novas compreensões, a transformação dos hábitos de interpretação, a evolução dos modos de existência do sujeito. Para este artigo, a atenção se volta sobre a atividade de composição do sujeito, a partir da identificação dos fatos vivenciados, sua ordenação temporal, suas configurações lógicas. Esta linha de investigação, que se centra nos modos de composição do relato de si, não se desenvolve independentemente dos processos de verbalização do vivido, ou de formas que tornam possível exprimir a narrativa à comunidade. Trata-se, principalmente, de debruçar-se sobre esses processos, na medida em que são constitutivos da abordagem de histórias de vida em formação.

Fatos temporais vividos e composição narrativa


Retomando o que foi dito anteriormente, a proposta feita por Pineau para definir as histórias de vida em formação é: "a busca e a construção de sentido a partir dos fatos temporais vividos". Três noções podem ser diferenciadas: "a busca", "a construção do sentido", "com base em fatos temporais vividos". Estas três noções podem estar associadas à uma dinâmica de composição da narrativa, em relação notadamente com a teoria da intriga narrativa, segundo Ricœur (1983). Estas operações também revelam uma tensão entre duas operações: o ordenamento temporal dos fatos vividos (isto é, a operação de temporalização), a associação dos fatos entre si segundo um conjunto de inferências cujas conexões lógicas podem oscilar entre o possível, o provável ou o certo (ou seja, a operação de configuração). Há, portanto, no pensamento de Ricœur, uma atenção aos fatos vividos na medida em que os fatos são os organizadores da cronologia da história do sujeito. Em outros termos, os fatos vividos constituem os marcos temporais que se destacam na continuidade experiencial, constituindo-se esses momentos de relevância como elementos que podem ser apreendidos para significação.

Todavia, vários elementos precisam ser esclarecidos. Em primeiro lugar, os conteúdos levados em conta pelo sujeito no trabalho realizado na história de vida são fatos vividos. A adição do termo “vivido” parece aqui decisiva. Sem esse acréscimo, o destino da história pode se voltar para os estudos literários, a biografia romantizada, a historiografia. No trabalho realizado na história de vida, o sujeito é levado a relembrar e depois a apreender fatos que ele mesmo viveu. Não se trata, portanto, de documentar fatos da época segundo uma abordagem historiográfica, nem de inventar fatos para incrementar a história ou imaginar cenários alternativos. Trata-se, antes, de perceber o que é dado como fato marcante e que justamente essa experiência no tempo influencia e gera o trabalho de interpretação que participa da configuração e que se realiza na constituição da história a partir da qual o sujeito pensa em si mesmo no tempo. Essa lógica da investigação não impede, em um segundo momento, a intersecção entre fatos vividos e fatos sociais, como aponta Ferrarotti (2013).

Essa diferenciação entre fatos e fatos vividos provavelmente esclarece a noção de pesquisa evocada por Pineau. A busca de sentido em questão a partir da apreensão dos fatos vividos pode ser pensada em relação à dinâmica de configuração, tal como apresentada por Ricœur (1983). Nesta perspectiva, o sujeito envolvido no trabalho proposto nas sessões de histórias de vida em formação é levado a perceber a geografia dos fatos pessoais que constituem o terreno para a interpretação e que participam da hermenêutica de si. Essa proposição, para ser robusta, pressupõe ser questionada a partir de duas dimensões: a da própria noção de fato em si mesmo (1); aquela dos modos de apreensão (ou de seleção de fatos) pelo sujeito (2).

Françoise Lavocat (2016) mostra em seu livro, a própria definição do que é um fato, seja na narratologia, na psicanálise, na ciência cognitiva ou na literatura. O mesmo vale para o campo da hermenêutica experiencial de onde se originam as histórias de vida em formação (Fabre, 1994). Quando o sujeito se volta para sua experiência vivida, o que lhe é dado são momentos que se apresentam de forma desordenada, segundo uma precisão e um nível de clareza aleatórios. A exploração do vivido, que pode ser pensada como um modo de investigação em primeira pessoa na qual o sujeito se engaja para compreender a si mesmo, e que acontece pela conversão do olhar, é regida por um processo microdinâmico do despertar da memória. Isto significa que o sujeito que se volta para a sua experiência é levado a constatar que ele entra em contato com momentos passados uma vez que eles se tornam disponíveis, sem que esta transmissão ocorra de maneira voluntária. Em suma, os fatos vividos que entram na história são dados com força de evidência ao sujeito que os trata durante o trabalho de interpretação e configuração. Da mesma forma, o perímetro do fato e a fronteira que o separa do domínio do ficcional, para usar os termos de Lavocat (2016), não aparecem claros e nem definitivos. A observação dessas dinâmicas torna problemática a caracterização firme dos fatos vivenciados. Ou, mais precisamente, torna porosa a fronteira que separa a operação de temporalização daquela que diz respeito à configuração. Ou, de forma sintética, é possível adiantar que o trabalho de ordenação temporal dos fatos vividos, ainda que este respeite o princípio da sucessão (Bremond, 1966; 1973) que comporta uma uma dimensão fática é, em parte, inscrita em uma lógica de interpretação, pois selecionar um fato é trazer à tona uma saliência, no sentido da experiência vivida.

A consideração desse problema, associado à própria definição do que seja um fato vivido, tem suscitado questionamentos sobre o processo de seleção dos fatos. É relativamente fácil experimentá-lo.

Se me coloco à disposição da memória pensando, por exemplo, em um momento de aprendizado ocorrido ao longo de minha existência, vários desses momentos aparecem, de modo aparentemente espontâneo. De um certo ponto de vista, sou levado a considerar que esses momentos parecem estar em competição entre si. Como, então, proceder à classificação dos fatos, selecionar aqueles que me parecem mais marcantes? Devo inserir todos eles? Porém, neste caso, onde deve ser traçado o limite? Qual seria, para usar uma noção clássica de formas de investigação nas ciências sociais, a linha a partir da qual os dados começam a saturar? (Breton)

Essa passagem, visa dar conta da complexidade da operação permitindo o acesso aos fatos durante o despertar da memória, a rememoração e a diferenciação do momento dentro da continuidade experiencial. Nessa escala, a do momento rememorado, outros fatores devem ser deliberados: que lapso temporal é relevante para a apreensão do acontecimento vivido? Qual o nível de detalhamento ao relatar em palavras? Na escala da história, é o critério da completude (Ricœur, 1983) que é interrogado: para que a narrativa apareça completa do ponto de vista do narrador, há fatos que não podem ficar à margem da história. Segundo essa perspectiva, um fato indizível, que escapa de ser colocado em palavras e significados (Pollak, 1990), gera um efeito de fragilidade na própria estrutura do relato de si, que aparece do ponto de vista do narrador, como irremediavelmente incompleto. Este critério de completude pode, portanto, ser constrangido pela dimensão indizível dos fatos vivenciados. Também pode ser pelo formato imposto à história, a compressão temporal associada ao sistema de narrativa biográfica (Breton, 2022) tendo por efeito restringir o número de fatos que podem ser integrados na história. Quais critérios utilizar para que ocorra uma sucessão, quando todos os fatos não podem encontrar lugar à altura do que parece necessário, do ponto de vista do narrador, por causa do formato necessariamente restrito para a expressão da narrativa? O formato também gera um efeito constrangedor no nível de detalhamento associado à descrição dos fatos, o que pode exigir, sempre do ponto de vista do narrador, uma redação detalhada que seja ao mesmo tempo aspectual (Adam, 2015) e profunda (Petitmengin, 2010).

Dar sentido aos fatos temporais vividos pressupõe, portanto, empreender um trabalho de composição que envolve alguns desafios: captação de fatos marcantes, ordenação segundo um princípio de sucessão, integração de momentos que ficaram à margem da história, produção de inferências, manifestação de uma lógica. Essa dinâmica composicional não pode ser dissociada da dimensão orgânica dos relatos de si, que devem ser pensados como matéria viva, ou mesmo como uma entidade que contém em si uma vitalidade própria. Baroni (2007), ao questionar os processos agregadores e tensionais de expectativa, a curiosidade e a surpresa, sublinha a força do sensível como dimensão que forma o fundo tonal e ambiental (Bégout, 2020) da narrativa, por isso que a composição produz uma trama que inscreve a narrativa como uma compreensão humana (Delory-Momberger, 2009), integrando o lógico e o sensível.

Fenomenologia experiencial e regime cinético dos textos


No âmbito das histórias de vida em formação (Breton, 2019), um acompanhamento é proposto ao grupo de adultos em formação para que seja possível vivenciar a narrativa de si, à escala do biográfico. Para isso, o dispositivo se estrutura em fases, alternando entre tempos de aportes teóricos e metodológicos, os tempos de imersão no relato, os tempos de expressão e circulação das narrativas no interior do coletivo. Uma segunda alternância também é organizada. Sua finalidade é gerar variações de escalas temporais para a apreensão de experiências trazidas para a linguagem e integradas ao relato.

Na expressão “fato temporal vivido” está de fato contida a noção de duração. A narração de um período da vida abrange uma duração de existência mais longa do que aquela que se referirá a um momento, ou a um instante. Dado um formato constante concedido para a expressão da experiência vivida, o fato de ser levado a trazer para a linguagem experiências cuja duração varia, leva o narrador a ajustar os procedimentos da composição da narrativa e a perceber que essa variação dos procedimentos tem efeitos na manifestação dos fenômenos experienciais experimentados na narrativa. É essa variação que gera as oscilações do regime cinético da narrativa, ou seja, os fenômenos de aceleração ou desaceleração da velocidade do fluxo do tempo vivenciados durante a narrativa em primeira pessoa. Essa variação de procedimentos pode resultar em uma ação deliberada do narrador que decide, segundo critérios estabilizados e explícitos do seu ponto de vista, regular a cinética do relato de acordo com o que considera relevante ou decisivo na transmissão para a linguagem.

O exame concreto da atividade do narrador no quadro de uma sessão de história de vida em formação indica, no entanto, que essa cinética da narrativa se dá ao sujeito sob o modo da força da evidência, sem que os elementos que regem essa transmissão sejam conscientizados ou tematizados. Esta transmissão deve ser aqui considerada como uma força que produz um efeito constrangedor sobre a mobilização dos procedimentos a partir dos quais se organiza a composição da narrativa. Em outras palavras, no contexto da narrativa em primeira pessoa, o narrador é movido por uma força que, do ponto de vista hermenêutico, é quase um destino: "A experiência pode ser contada, ela exige ser contada. Trazê-la para a linguagem não é transformá-la em outra coisa, mas, articulando-a e desenvolvendo-a, fazer capaz de tornar-se ele mesma" (Ricœur, 1985, p. 62).

Esta característica do destino pode, no entanto, ser refletida do ponto de vista hermenêutico, a partir da dimensão configurada da narrativa, do nível de firmeza das estruturas interpretativas e das dinâmicas inferenciais associadas. Desse ponto de vista, o envolvimento do narrador durante a composição possibilita trazer à tona, em uma fala ou texto, a versão do relato que se constitui sem o conhecimento do sujeito, no decorrer da experiência, e que, no entanto, gera os modos de existência e os modos de habitar o mundo da vida. Este processo pode ser desencadeado durante a composição escrita ou oral, durante a revisão ou releitura, por ocasião da narrativa ou histórias de vida de outras pessoas. Parte-se de uma lógica da lacuna com a versão sedimentada, lacuna esta possibilitada pelo abandono dos hábitos de interpretação tendo gerado um sentido quase naturalizado que prefigura os modos de interpretação e participa das estruturas de relevância do mundo da vida (Schütz, 1987). A emergência de uma brecha de sentido pode assim resultar, no âmbito das sessões de “histórias de vida em formação”, do percurso dialógico associado à experiência de acolhimento durante a circulação das histórias de vida. Essa brecha também pode ser quase provada pela variação dos regimes cinéticos, pela desaceleração em determinados momentos e pela entrada no regime da descrição microfenomenológica durante certas fases da narrativa.

A entrada em um regime microfenomenológico corresponde a uma fase da narrativa que decorre de um abrandamento extremo da velocidade do tempo vivido. Exemplos são conhecidos no campo da literatura, particularmente nos escritos de Proust, que relatam passagens descritivas resultantes de uma suspensão virtual do tempo (Esnault, 2019). No caso dos textos autobiográficos, portanto escritos em primeira pessoa, esse processo de desaceleração tem por efeito estender o lugar dado a determinados momentos do percurso da vida no texto, gerando uma descrição detalhada desses momentos. Esses fenômenos de variação cinética aparecem espontaneamente ao narrador. Eles podem, no entanto, ser induzidos e depois produzidos de forma metódica. Nesse caso, o narrador, ao longo de sua história, procede de maneira metódica, durante a colocação em palavras, de modo a transferir para a linguagem as dimensões microprocessuais e sensíveis à experiência vivida. Esta atividade de descrição regulada (Petitmengin et. al., 2015) foi documentada nos dois principais trabalhos de Vermersch (1994; 2011), depois no contexto de trabalho sobre descrição microfenomenológica (Depraz, 2020). Ela tem sido objeto de estudo específico, em relação aos “estratos” ou “camadas” do vivido (Petitmengin, 2010).

Essa prática de descrição, conduzida de forma regulada durante a narrativa, não tem apenas a função de intensificar a profundidade da diegese. A sua função é também, e sobretudo, elucidar as dimensões pré-configuradas da narrativa que resultam das inferências geradoras dos processos de interpretação que fundam a estrutura narrativa do relato de si. Em outras palavras, desacelerar e detalhar envolve o narrador no trabalho de elucidação dos processos de interpretação que geram o sentido veiculado pela experiência, podendo esses processos ocorrer sem o seu conhecimento, ou seja, sem recorrer a um trabalho resultante de um desejo. Descrever, nesse caso, é suspender o regime de interpretação que opera ao longo do caminho, questionar e ampliar o campo de possibilidades quanto aos modos de significar a experiência:

Descrever é deixar de lado a formulação das causas dos fenômenos em favor do relato do que é percebido. Daí a preferência dada ao “como” em detrimento do “porquê” ou do “o quê”, ou seja, os modos de ser, as modalidades de presença, as qualidades da experiência vivida e os processos de emergência dos fenômenos” (Depraz, 2014a, p. 136)

Essa descrição, para ocorrer na narrativa de forma regulada, pressupõe o desenvolvimento de capacidades narrativas (Breton, 2019). No decorrer da escrita de si, como mostra Baudouin (2010), a variação dos regimes cinéticos nos textos autobiográficos se dá espontaneamente ao sujeito. É, portanto, um indicador de relações distintas com a experiência (a natureza estressante dos momentos, uma experiência marcada pela indizibilidade, etc.). É na releitura que o narrador pode então tomar consciência da relação mantida com as experiências passadas, ao constatar os modos que se impuseram a ele para dizer, o espaço que se fez necessário para narrar, as formas de arranjo que se dão como relevantes para temporalizar. Por outro lado, contar, dizer e descrever de forma regulada é estabelecer, durante a expressão, escrita ou oral, uma dinâmica de transformação da relação com a experiência. A capacidade de descrição gera essa capacidade de elucidação, não no rescaldo da expressão e socialização da narrativa, mas no curso de sua reconfiguração durante a constituição do texto.

A hermenêutica de si como paradigma para a formação de adultos


Conforme já foi dito, a corrente das histórias de vida em formação mobiliza a prática da narrativa como meio de autoformação. Faz parte da tradição filosófica da hermenêutica e encontra suas extensões contemporâneas nas correntes de formação experiencial, da formação de si, da Bildung (Fabre, 1994). As relações entre a filosofia hermenêutica, as teorias narrativas e da formação de si, precisam ser formalmente documentadas. Muitos trabalhos foram publicados sobre o lugar do relato no campo da educação de adultos (Dominicé, 2007; Josso, 1991; Pineau e Legrand, 2019; Villers, 2002), bem como no campo da pesquisa biográfica em educação (Delory-Momberger, 2005) e a clínica narrativa (Niewiadomski, 2012). Estas obras resultam de uma experiência concreta vivida pelos investigadores, observações feitas em sessões de histórias de vida comprovadas, propostas, acompanhadas, com grupos de adultos em formação. Elas permitem estabelecer um paradigma na educação, formação e pesquisa (Delory-Momberger, 2019). No entanto, ainda são necessários estudos para caracterizar os processos que contribuem para a compreensão, para a ampliação dos horizontes de sentido, para o abandono de hábitos de interpretação que reconfiguram o relato sem o conhecimento do sujeito.

Tais estudos, se aprofundados, podem alcançar uma melhor compreensão das dimensões hermenêutica e fenomenológica dos efeitos experimentados no contato com as narrativas pelo sujeito. É o que empreende, em especial, Matos-de-Souza (2022, p. 29), ao especificar as formas da hermenêutica em um texto contemporâneo:

Entenderei como uma diretriz de trabalho a hermenêutica como teoria da interpretação, a qual se ocupa das operações necessárias para que se dê a compreensão de um texto. Também, é sempre bom avisar a alguém que esteja um pouco perdido por aqui desde o resumo, e das referências aos autores em estudo, trato aqui da hermenêutica textual.

Isso o leva a esclarecer a singularidade da hermenêutica de si no campo da educação e na formação de adultos:

Interpretação é, ao final, para Ricœur (2011), um ato de autocompreensão. A apropriação no sentido proposto pelo autor conduz o leitor a uma hermenêutica de si, uma forma de análise pelo sujeito de sua existência, ao inserir no modo como se vê outros conceitos e outros mundos possíveis como horizonte de possibilidade para existir. (Matos-de-Souza, 2022, p. 36)

A formação, pensada do ponto de vista hermenêutico, inscreve-se em uma tradição que parece contrariar as concepções de formação de adultos reorientadas para a lógica das competências, da aquisição de saberes, do acervo de saberes técnicos e processuais. Os efeitos gerados pela narrativa devem, de fato, situar-se na escala da compreensão, por meio do modo como o sujeito confere sentido à experiência vivida ao longo do tempo, segundo uma perspetiva longitudinal, dando-lhe sentido ao participar da forma como se realiza em um ou mais modos de existência. Segundo essa perspectiva, a apreensão reflexiva e a elucidação dos processos que participam da interpretação da experiência vivida e que prefiguram a relação com a experiência, procedem de uma dimensão ao mesmo tempo hermenêutica e ética: a hermenêutica, porque a autocompreensão não pode ser correlacionada a partir da dinâmica de entendimento mútuo com os outros, mas também com o mundo vivo, mesmo com o ambiente ecológico como um todo (Pineau, 1989); ética, porque os processos formativos gerados desviam-se dos processos de adaptação ao posto de trabalho, de aquisição de saberes alienados de uma técnica singular, para re-situar os processos que lhe dêem sentido na escala da existência. A hermenêutica de si compromete-se com um trabalho de formação que tem em conta a duração: duração da aquisição de saberes, duração da integração de uma prática, duração da constituição de um sujeito, duração da filiação e inscrição em uma ou mais relação com o mundo. A dimensão ética também se materializa nos fatos, nos fatos temporais vividos. Deste ponto de vista, apesar do vocabulário por vezes árduo mobilizado, a hermenêutica e a fenomenologia experiencial têm uma dimensão concreta, corporificada, incorporada. Essa dimensão concreta da hermenêutica fica evidente na obra de Ricœur (1986). Também pode ser apreendido na fenomenologia, notadamente nos trabalhos de Depraz (2012), Varela e Shear (1999).

Para concluir


Um dos resultados deste artigo objetivou esclarecer o lugar dos "fatos temporais vividos" dentro dos dispositivos e práticas da história de vida em formação. Para isso, mobilizou teorias narrativas enraizadas nos campos da hermenêutica, fenomenologia e narratologia. Envolvido em debates às vezes acalorados com a sociologia para quem, notadamente segundo Bourdieu (1986) em particular, as biografias não poderiam constituir abordagens de pesquisa robustas e válidas, nem meios de emancipação dos determinantes culturais e sociais, os trabalhos contemporâneos de fenomenologia experiencial e narratologia contemporânea aparecem pouco visíveis. As pesquisas que mobilizam as histórias de vida como meio de investigação de pesquisas qualitativas no domínio das ciências humanas e sociais (Breton, 2023), ou aquelas que visam caracterizar as formas das histórias e relatos como meio de examinar seus efeitos, tanto do ponto de vista científico quanto formativo, devem necessariamente estar abertas a disciplinas situadas no entrecruzamento da narratologia, da hermenêutica, da fenomenologia e mesmo das ciências cognitivas. Muitas áreas ainda precisam ser estudadas, que podem se relacionar com o inconsciente narrativo, o inconsciente rítmico (Alhadeff-Jones, 2020), as formas de descrição do relato de si, a circulação de narrativas em primeira, segunda, terceira pessoa (Depraz, 2014b).

Esses horizontes disciplinares e interdisciplinares podem ser mobilizados no contexto da pesquisa narrativa, como no campo da educação e formação de adultos. Na perspectiva da pesquisa narrativa, a interseção entre formação e pesquisa aparece como uma máxima. Este ponto foi observado neste artigo: a narrativa constitui uma prática de si, ou seja, uma prática de autoformação, mobilizando práticas narrativas. Indicou-se aqui também que a narrativa constitui um meio de investigação qualitativa nas ciências humanas e sociais. No entanto, seria mais correto dizer que a pesquisa narrativa torna os processos de pesquisa e formação inseparáveis. Com efeito, iniciar a investigação através das práticas narrativas pressupõe conhecer experiencialmente os efeitos por razões éticas, mas também por razões de pertinência e de eficácia. Ter um conhecimento experiencial da história, dos processos implementados, dos efeitos gerados ao longo do tempo, permite estruturar dispositivos e acompanhar outros no trabalho narrativo, ajustando-se ao movimento de desdobramento da expressão, da colocação em palavras, enfim, da composição narrativa. Por outro lado, formar-se pelo relato significa desenvolver uma familiaridade com um modo de conhecimento, cuja estrutura assenta-se em uma lógica e uma narrativa, esta última tendo a capacidade de tornar manifestos os fenômenos acometidos pela cegueira.

Referências


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Sobre o autor


Hervé Breton


Université de Tours, Tours, França

https://orcid.org/0000-0003-3536-566X


Doutor em educação pela Universidade de Tours (2013). Professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de Tours. Vice-Presidente da Associação Internacional de Histórias de Vida na Educação (ASIHVIF). Coordenador membro da rede "História de vida e biografia" da sociedade européia de pesquisa em educação de adultos (LHBN/ESREA). E-mail: herve.breton@univ-tours.fr



Resumen


El artículo se estructura en cuatro apartados: la formalización de la corriente de historias de vida en formación; la formalización de relaciones entre regímenes narrativos y cinéticas narrativas; la caracterización de los procesos de elucidación y comprensión de los sujetos. A través de este estudio, las teorías narrativas y las prácticas asociadas a ellas son cuestionadas desde una perspectiva fenomenológica y hermenéutica y, posteriormente, situadas como corriente contemporánea en la formación de adultos.


Palabras clave: Comprensión. Cinética de las narrativas. Hechos temporales vividos.



Abstract


The article is structured in four sections: the formalization of the stream of life stories in formation; the formalization of relationships between narrative regimes and narrative kinetics; the characterization of the processes of elucidation and understanding of subjects. Through this study, narrative theories and practices associated with them are questioned through a phenomenological and hermeneutic perspective and, subsequently, situated as a contemporary current in adult education.


Keywords: Comprehension. Cinetics of narratives. Lived temporal facts.



Linhas Críticas | Periódico científico da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, BrasilISSN eletrônico: 1981-0431 | ISSN: 1516-4896

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Referência completa (APA): Breton, H. (2023). História de vida, fatos temporais vividos e educação de adultos (Cunha, M. A. de A., tradutora). Linhas Críticas, 29, e47892. https://doi.org/10.26512/lc29202347892

Referência completa (ABNT): BRETON, H. História de vida, fatos temporais vividos e educação de adultos (Cunha, M. A. de A., tradutora). Linhas Críticas, 29, e47892, 2023. DOI: https://doi.org/10.26512/lc29202347892

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1Artigo original e inédito em francês traduzido para o português por Maria Amália de Almeida Cunha (https://orcid.org/0000-0002-0233-3883).

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