Ensaio

Os desafios do ensino de português na parte continental da China

Desafíos de la enseñanza de portugués en la parte continental de China

Challenges of Portuguese language teaching in mainland China


Manuel Duarte João Pires[i]

Universidade de Sun Yat-sem

Guangzhou, China

duarte@mail.sysu.edu.cn

https://orcid.org/0000-0002-1242-5319

Recebido em: 03/05/2022

Aceito em: 22/07/2022

Publicado em: 26/07/2022

Linhas Críticas | Periódico científico da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Brasil

ISSN: 1516-4896 | e-ISSN: 1981-0431

Volume 28, 2022 (jan-dez).

http://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas

Referência completa (APA):

Pires, M. D. J. (2022). Os desafios do ensino de português na parte continental da China. Linhas Críticas, 28, e43185. https://doi.org/10.26512/lc28202243185

Link alternativo:

https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/43185

Licença Creative Commons CC BY 4.0.


Resumo: As dinâmicas relações económicas entre a China e os países de língua portuguesa fazem com que a China seja um dos países onde o ensino de Português tem registado um maior crescimento. Este ensaio promove uma análise sobre a situação atual do ensino de Português na parte continental da China focando-se nos vários desafios que os tempos pós-pandemia colocam. Neste âmbito, questões como os recursos de aprendizagem, a mobilidade de alunos e professores, a saída profissional dos estudantes de Português ou os imperativos da sociedade chinesa, constituem algumas das problemáticas que atualmente adquirem novas dimensões e que suscitam discussões ou reflexões sobre o presente e o futuro do ensino de Português na parte continental da China.

Palavras-chave: Português. Parte continental da China. Pós-pandemia.

Resumen: Las dinámicas relaciones económicas entre China y los países de habla portuguesa convierten a China, en uno de los países donde la enseñanza del portugués ha registrado mayor crecimiento. Este ensayo promueve un análisis de la situación actual de la enseñanza de portugués en la parte continental de China, centrándose en los diversos desafíos que presentan los tiempos postpandemia. En este contexto, cuestiones como los recursos de aprendizaje, la movilidad de estudiantes y docentes, la salida profesional de estudiantes o los imperativos de la sociedad china son algunos de los temas acuciantes que adquieren nuevas dimensiones y que dan lugar a discusiones o reflexiones en torno al presente y al futuro de la enseñanza de portugués en la parte continental de China.

Palabras clave: Portugués. Parte continental de China. Postpandemia.

Abstract: The thriving economic relations between China and Portuguese-speaking countries making China one of the countries where the Portuguese teaching has registered the highest growth. This essay promotes an analysis of the current situation of Portuguese language teaching in China, focusing on the various challenges that post-pandemic times entail. In this context, issues such as learning resources, student and teacher mobility, students' job opportunities or legal requirements are some demanding topics that currently acquire new dimensions and give rise to new reflections around the present and the future of Portuguese teaching in mainland China.

Keywords: Portuguese. Mainland China. Post-pandemic.




Introdução

O ensino da língua portuguesa tem florescido na China devido às relações económicas e diplomáticas entre a China e os países de língua portuguesa que se aprofundaram nas últimas duas décadas. A China encontra-se desde há alguns anos entre os países onde o ensino de português tem vindo a crescer de forma mais significativa juntamente com o Uruguai e o Senegal, onde o Português faz parte no sistema de ensino oficial do país como disciplina opcional a cerca de 45 mil alunos (Ramos, 2020; Jatobá, 2020). Esta prosperidade do ensino de português na China expressa-se pelo número de universidades, professores e alunos. Atualmente, contabilizam-se mais de 50 instituições de ensino superior com cursos de Português na China, englobando cinco milhares de estudantes (Yan & Albuquerque, 2019; Castelo & Sun, 2020) e cerca de 300 professores de nacionalidade chinesa, brasileira e portuguesa (Pires, 2022).

A progressiva abertura da China ao exterior e o fortalecimento das relações bilaterais com os países de língua portuguesa estão na origem da expansão do ensino na China, com especial destaque para as relações económicas e comerciais da China com o Brasil e Angola (Ye, 2014; Li, 2017). Os motivos de índole económica na base do aumento das ligações comerciais com o Brasil e com os países africanos de língua portuguesa, sobretudo Angola, resultaram numa acentuada procura da língua portuguesa como sinónimo de competitividade e empregabilidade para os jovens chineses. A internacionalização da língua portuguesa fundada no seu valor económico encontrou na China um aliado importante para o reforço da sua diversidade e proeminência a nível mundial.

O objetivo principal desta pesquisa é analisar e refletir sobre os desafios mais atuais e prementes do ensino da língua portuguesa na parte continental da China no contexto pós-pandémico. Estes tempos têm trazido novos elementos e problemáticas para a sociedade chinesa, e para o ensino de línguas em particular, fatores que exigem respostas diversificadas e suscitam mudanças significativas que influenciam indelevelmente o ensino de língua portuguesa.

A análise desta investigação centra-se na parte continental da China, uma vez que a vivência do autor e o referencial teórico utilizado para a elaboração deste ensaio dizem respeito a esta área geográfica em particular. As regiões de Macau, Hong Kong ou Taiwan ficam fora do âmbito deste estudo, bem como as suas especificidades socioeducativas, embora alguns dos desafios que se apresentam ao território continental da China se possam também verificar, com maior ou menor intensidade, em algumas destas regiões, com especial destaque para a Região Administrativa Especial de Macau onde o ensino de português tem uma longa tradição e influência (Grosso, 2007; Castelo & Sun, 2020). O território continental da China, não englobando as regiões especiais anteriormente referidas, é definido neste estudo como “parte continental da China”, designação que tem sido adotada pelos meios de comunicação chineses em língua portuguesa como a Rádio Internacional da China ou a revista China Hoje.

O modo ensaístico através do qual este texto se expressa consiste numa obra de reflexão com um cariz mais subjetivo, fortemente marcada pelas experiências e opiniões do autor. Ao contrário do artigo, o ensaio pode ser mais impressionista ou opinativo, contendo ideias, críticas e reflexões sobre determinados temas (Alves, 2000). O ensaio caracteriza-se por defender um ponto de vista pessoal e problematizar algumas questões sobre determinado assunto de forma expositiva e argumentativa, permitindo uma maior liberdade criativa e conceptual (Paviani, 2010). Deste modo, esta pesquisa envereda pelo texto ensaístico para “suscitar questões que, de outra forma, poderiam ficar limitadas pela necessidade de uma demonstração mais sistemática” (Alves, 2000, p. 15).

A literatura de pesquisa internacional, bem como as evidências baseadas na experiência e observação de factos ou fenómenos cujas causas e implicações se desejam compreender ou descortinar (Gil, 2008), estão na base das referências para este estudo. Deste modo, veicula também uma dimensão empírica decorrente da vivência quotidiana do autor ao longo da última década na China para assim debater a situação corrente do português e tentar perspectivar quais os trilhos que poderá seguir ou os obstáculos que poderá vir a encontrar.

Neste ensaio serão abordadas quatro questões consideradas mais atuais ou prementes, nomeadamente, os recursos e materiais ao dispor dos agentes de ensino, os imperativos da sociedade chinesa que influem nos métodos e nos conteúdos de ensino, a reduzida ou inexistente mobilidade de professores e estudantes depois da pandemia e a necessidade de discutir e redefinir alguns aspetos estruturais dos cursos de licenciatura de Português na parte continental da China.

 

A questão dos recursos de aprendizagem

A questão dos recursos relacionados com o ensino/aprendizagem de português tem constituído um tema abordado com muita regularidade no ensino de Português na China, mormente para destacar a falta de recursos existentes, a ausência de materiais produzidos para o público chinês em específico, bem como as formas de contornar ou lidar com estas particularidades (Zhao & Zhao, 2015; Han, 2016; Li, 2018; Yan & Albuquerque, 2019). No entanto, esta é uma particularidade que tem vindo a verificar muitas melhorias. Apesar da distância física em relação aos países de língua portuguesa, através da internet, é possível adquirir com facilidade manuais de aprendizagem e vários outros materiais em formato físico ou digital. Para além da compra de manuais online, hoje existem várias plataformas a que se pode aceder a partir da China para obter exercícios gramaticais, suportes de áudios elaborados para trabalhar as competências de compreensão oral, além de várias páginas, sítios e contas pessoais nas redes sociais dedicadas a divulgar e a praticar diversos aspetos ligados ao ensino/aprendizagem da língua portuguesa e das suas culturas.

Contudo, apesar da crescente produção de manuais voltados para o público chinês, poderão surgir eventuais dificuldades na obtenção de recursos digitais em português tendo em conta as limitações de acesso à internet na China (Pires, 2021). Algumas plataformas planetariamente famosas como o Google, Gmail, Youtube, Facebook ou Whatsapp, entre outras, não podem ser oficialmente acedidas na China o que pode dificultar o acesso a materiais por parte de alunos e docentes. A sociedade chinesa possui as suas próprias aplicações com finalidades e objetivos semelhantes e que servem para desempenhar as mesmas funções das plataformas anteriormente referidas. Embora estas aplicações possuam, comparativamente, uma quantidade bastante menor de conteúdos em língua portuguesa, existem já algumas páginas ou perfis nas redes sociais chinesas elaborados por iniciativa privada de estudantes ou por instituições ou organismos como departamentos universitários ou empresas que têm ligações com os países de língua portuguesa e que se dedicam a transmitir conteúdos didáticos, lúdicos ou culturais dirigidos, em particular, aos estudantes chineses de Português.

Poderá ser pertinente referir também que todos estes condicionamentos no acesso e na utilização de aplicativos e recursos estrangeiros, são frequentemente contornados com recurso a softwares que permitem evitar estes constrangimentos da internet. Estes softwares são fáceis de adquirir e comummente usados por professores e alunos de línguas estrangeiras para aceder à abundância de conteúdos linguísticos e culturais que se encontram nos principais meios online ocidentais. Para além desta possibilidade de se aceder a plataformas ocidentais com recurso a softwares específicos, deve-se destacar ainda o crescimento cada vez mais significativo de materiais de ensino (sobretudo, manuais didáticos) que foram especialmente traduzidos para chinês, bem como manuais elaborados e vocacionados especificamente para o público aprendente chinês.

A produção de manuais de aprendizagem de português na China tem sido cada vez mais significativa, como são exemplos os livros “Português Global”, elaborado pelo Instituo Politécnico de Macau, e “Curso de Português para Chineses (葡萄牙语综合教程)”, da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, que recentemente se juntaram a muitos outros manuais já com bastante tradição na China como o “Português num Instante (速成葡萄牙)” e, principalmente, o “Português para Ensino Universitário (大学葡萄牙)”, presente na maioria das universidades chinesas desde há cerca de duas décadas (Han, 2016; Jatobá, 2019).

Nos últimos anos, a produção de manuais para a aprendizagem de português na China tem sido bastante prolífera com novas e regulares publicações de dicionários, gramáticas, livros de fonética, manuais de aprendizagem para fins específicos, entre outros, com o objetivo de trabalhar distintas competências e suprir diferentes necessidades dos estudantes.

Concomitantemente à publicação destas obras por autores chineses e para aprendentes chineses, alguns manuais bastante utilizados e reconhecidos no meio do Português Língua Estrangeira têm produzido versões bilingues dos seus livros (em português e mandarim) dirigidas especificamente para o mercado chinês, como é o caso do manual brasileiro “Falar… Ler… Escrever… Português (走遍巴西)” ou do manual alemão “Beleza!”. Estas edições bilingues de manuais de referência são também reveladoras da importância e do destaque que o público chinês tem vindo a granjear na esfera do ensino de Português Língua Estrangeira.

A despeito do aumento da quantidade de manuais elaborados especificamente para os aprendentes chineses, existem alguns estudos que aludem às abordagens metodológicas destes manuais, demasiado centradas no desenvolvimento de competências gramaticais e linguísticas através de exercícios estruturais e, por vezes, descurando outros conteúdos e competências como as de caráter comunicativo, social ou intercultural (Han, 2016; Jatobá, 2020). Os métodos para a aprendizagem de línguas estrangeiras na China baseiam-se na repetição e memorização de estruturas de palavras ou frases, pelo que maioria dos estudantes chineses entende que a repetição da leitura, a memorização, a imitação do professor ou a recitação de textos são métodos determinantes na aprendizagem de línguas estrangeiras (Nield, 2004; Jin & Cortazzi, 2006; 2011; Yu, 2012; Liu et al., 2014).

Os manuais propiciam a memorização e o reconhecimento de estruturas em vez de incidirem de forma prática na aprendizagem cultural. A transmissão de conhecimentos sociais e interculturais não é tão valorizada nos manuais didáticos na China, projetados para verificar o domínio dos conhecimentos linguísticos, nomeadamente o vocabulário, a estrutura de frases, a tradução e a escrita, promovendo uma aprendizagem da língua estrangeira de tipo reprodutivo, tal como também defende Han (2016) na sua pesquisa sobre os manuais de Português produzidos especificamente para estudantes chineses:

[…] no presente, os manuais continuam a sobrevalorizar a estrutura gramatical ou o sistema formal da língua, incluindo abundantes exercícios estruturais, em especial no mercado chinês, apesar de se reconhecer já a importância da abordagem comunicativa para desenvolver mais que uma mera competência linguística, mas a competência comunicativa dos alunos. (Han, 2016, p. 15)

A estrutura e composição dos manuais em termos de conteúdos e abordagens metodológicas poderá ser um tema de pertinente discussão entre os agentes de ensino ligados ao Português na China, tendo em conta a grande proliferação de manuais didáticos dedicados ao público chinês. Contudo, a escassez de recursos de ensino/aprendizagem, regularmente mencionada pelos professores num passado recente, não é hoje um dos principais problemas que se colocam ao ensino de sobre o Português na China, devido à crescente quantidade e variedade de manuais para o público chinês e à facilidade em aceder a recursos online, mesmo tendo em conta todos os entraves e dificuldades existentes.

 

Os imperativos da sociedade chinesa

Um dos grandes desafios com que se depara o ensino de Português na parte continental da China, está relacionado com a preocupação das autoridades chinesas em escrutinar os conteúdos ou temáticas consideradas sensíveis e contrárias à sua conceção moral, ideológica e cultural da sociedade chinesa. Neste sentido, recentemente, têm sido cada vez mais adstritas as medidas ou diretivas em relação aos materiais e aos assuntos que podem ter lugar na sala de aula. As instituições têm dado orientações aos professores de modo a evitarem abordar temas de teor político, religioso, ou de caráter social como as causas ou movimentos sociais (Kang 2014; Liu et al., 2014; Fan, 2020). Segundo a experiência de alguns professores, tem sido requerida a análise prévia dos materiais utilizados pelos docentes antes de se iniciar os semestres para verificar se podem ser utilizados em aula e transmitidas indicações sobre os conteúdos que devem ter lugar na sala de aula. Embora possa haver outros cursos superiores que sejam mais afetados por estas medidas, tais como Ciência Política, Sociologia ou História, entre outros, o ensino de Português também acaba por ser condicionado por estas medidas.

Neste contexto, segundo a vivência de alguns professores, o ensino de competências sociais e culturais sofre as consequências de, por exemplo, não ser aconselhável abordar em aula festividades religiosas como o Natal ou a Páscoa, ou outras questões como o papel da igreja católica na origem dos países de língua portuguesa, bem como movimentos sociais e questões políticas que fazem parte da história social e do quotidiano destes países. A abordagem cultural e o ensino de competências sociais e interculturais no ensino de português no continente chinês são influenciados por estas medidas que levam os professores a evitar alguns tópicos e, consequentemente, fazem com que os alunos possam adquirir menos conhecimentos sobre essas temáticas socioculturais.

A crescente expansão da influência e da afirmação chinesa no estrangeiro tem sido proporcional ao rigorismo socioeducativo dentro de portas, um procedimento inteligível para que a expansão geoeconómica não represente uma alteração ou aculturação dos valores considerados fundamentais para a sociedade chinesa.

 

A (i)mobilidade pós-pandemia

A China é presentemente o último grande país com uma política de tolerância zero em relação à pandemia (Wong, 2021; Guzman, 2022). A prioridade em eliminar infeções locais o mais rapidamente possível faz com que um único caso positivo seja suficiente para efetuar testes massivos e confinar parcial ou totalmente as áreas urbanas. Segundo Wong (2021), a China está determinada em seguir uma abordagem restritiva à covid-19, colocando em práticas medidas estritas para conter surtos, como confinamentos, limitações de circulação transfronteiriça, obrigatoriedade de um período de quarentena para quem entra no país, uso de aplicativos digitais para registo de circulação, ou a testagem em massa quando há ressurgimentos do vírus.

Devido aos elevados números de covid-19 que se têm registado um pouco por todo o mundo, é possível que as restrições nas fronteiras continuem em vigor nos próximos tempos. As datas em relação ao levantamento ou abrandamento destas regras são hipotéticas, uma vez que as autoridades não adiantam informações desta natureza, por isso existem mais dúvidas do que certezas sobre esta matéria, havendo a ideia generalizada na sociedade chinesa, de que estas regras se manterão a médio prazo, pelo menos, enquanto a pandemia continuar com uma presença significativa por todo o mundo.

De acordo com Guzman (2022), estas medidas continuarão a vigorar na nação mais populosa do mundo que perdeu menos de 6.000 dos seus 1,4 mil milhões de habitantes para a covid-19, enquanto a sua economia registou um superavit comercial recorde com um crescimento de 8% em 2021. Além da vacinação, o autor destaca a testagem de novos casos e o rastreamento de pessoas na base desta política. Por exemplo, cada cidadão tem um aplicativo de saúde no celular. As pessoas com sinal verde podem circular, entrar em espaços fechados e andar em transportes públicos. Por outro lado, aqueles que possuem um código amarelo ou vermelho (dependendo da proximidade que estiveram de locais ou cidadãos infetados) devem ser isolados e completarem a quarentena até adquirirem o código verde novamente.

A testagem intensiva é também apontada como uma das razões para o baixo índice de covid-19, pois quando um caso é encontrado são decretados confinamentos de prédios, bairros ou, por vezes, de cidades inteiras. A par dos confinamentos realizam-se testes gratuitos a toda a população, envolvendo uma grande quantidade de recursos materiais e humanos.

Comparativamente, pereceram de covid-19 cerca de 2.500 pessoas por milhão de habitantes nos EUA e cerca de 2.200 por milhão no Reino Unido, mas apenas três mortes por milhão na China são atribuíveis à doença (John Hopkins University, 2022). Nesta perspetiva, Guzman (2022) refere que talvez o mundo se devesse focar em aprender a forma como a China combate esta doença, ao invés de se insistir na pergunta sobre quando a China terminará a sua política de tolerância zero para com a pandemia.

O início da epidemia na China coincidiu com o período férias escolares dedicadas ao Festival de Ano Novo Chinês que ocorre por norma nos meses de janeiro e fevereiro. Por este motivo, o ensino remoto emergencial foi decretado pelo Ministério de Educação da China e posto em prática no início do mês de fevereiro de 2020, cerca de um mês antes do vírus de Covid-19 ser decretado pandemia pela Organização Mundial de Saúde (Zhu & Liu, 2020). O Ano Novo Chinês, também conhecido como Festival da Primavera, é uma altura do ano em que os cidadãos estrangeiros, por norma, regressavam aos seus países para desfrutar de algumas semanas de férias. Devido a esta nova realidade, uma parte dos cidadãos estrangeiros que saiu já não conseguiu regressar, deixando em suspenso os seus relacionamentos, bens materiais e empregos. Uma parte significativa dos estrangeiros que saiu nessa altura continua fora e os que conseguem ultrapassar a burocracia para voltar a entrar no país têm de lidar com os frequentes cancelamentos de voos, os preços elevados das viagens e um período de quarentena após a entrada na China (Zhang, 2022).

Por estes motivos, a mobilidade ou circulação de pessoas é uma questão crucial, um problema que se coloca a nível global depois da pandemia, e que tem também grandes repercussões no ensino de português com a maioria dos professores originários de países de língua portuguesa presentemente fora da China. Após cerca de dois anos de pandemia, poucos conseguiram regressar devido às medidas de circulação vigentes.

Segundo Pires (2022), metade dos professores de nacionalidade portuguesa que lecionavam na parte continental da China encontra-se fora do país sem ter conseguido regressar após o início da pandemia. Segundo o autor, no final de 2021, 13 de 26 professores portugueses do ensino superior da parte continental da China encontrava-se fora do país. Este contexto fez com que alguns professores se desvinculassem das instituições universitárias chinesas por não conseguirem regressar, enquanto outros continuam a lecionar a distância. Estes professores de nacionalidade portuguesa encontram-se a ensinar a distância desde Portugal, recordando que a diferença horária é de menos sete ou oito horas, consoante o horário de Verão ou de Inverno em Portugal.

Este é um desafio determinante que se coloca ao ensino de Português porque o número de professores de nacionalidade portuguesa a ensinar presencialmente na parte continental da China é atualmente bastante reduzido. Além disso, a circulação dos alunos também sofre restrições. Os estudantes internacionais ainda não foram autorizados a entrar no país, enquanto a realização de intercâmbios no estrangeiro por parte dos estudantes chineses também tem enfrentado algumas dificuldades. De acordo com os responsáveis do Consulado-Geral de Portugal em Cantão, tem-se verificado um menor fluxo de estudantes dessa província a fazer intercâmbio em Portugal. As razões apontadas relacionam-se com a maior preocupação dos estudantes chineses em relação à pandemia e com o peso das medidas burocráticas que correntemente se colocam para sair e entrar do país.

A ausência do contexto de imersão linguística e intercultural durante a licenciatura pode ser uma desvantagem na formação académica dos estudantes. Esta situação influencia o desenvolvimento de competências sociolinguísticas e, também, a motivação e as expectativas dos alunos em relação às aprendizagens e ao próprio curso superior. De acordo com a pesquisa de Pires (2021), um dos principais fatores motivacionais para os estudantes chineses optarem por frequentar a licenciatura em Português é a grande possibilidade de cumprirem um intercâmbio de estudos numa instituição universitária portuguesa ou brasileira, uma vez que os cursos de Português nas universidades chinesas contemplam esta mobilidade de estudos que ocorre, por norma, no terceiro ano do curso. A motivação para viver noutro país em contexto de imersão linguística e cultural é um fator bastante importante para os alunos. Um aspeto que correntemente, devido à situação pandémica, tem enfrentado algumas dificuldades.

Estes condicionalismos dever-se-ão manter presentes enquanto esta doença tiver uma dimensão mundial e a China seguir uma abordagem estrita na forma de lidar com a pandemia. Presentemente, é difícil delinear perspetivas sobre a (i)mobilidade de professores e estudantes, dependo da evolução pandémica e das decisões das autoridades. Esta situação traz dificuldades acrescidas que afetam o ensino de Português na China.

 

A reflexão sobre os cursos de licenciatura

A necessidade de se fomentar uma reflexão e discussão sobre os objetivos e o currículo das licenciaturas de Português constitui também um importante desafio que se coloca ao ensino da língua portuguesa na parte continental da China. Esta problemática nasce sobretudo dos pareceres dos estudantes face ao currículo e aos conteúdos veiculados durante os cursos de licenciatura. Com base no contacto informal com estudantes de Português é possível entender algumas críticas em relação à adequação dos cursos ou às demandas do futuro socioprofissional dos estudantes. Este assunto não é comum apenas ao ensino de Português, mas ao ensino de línguas estrangeiras de forma geral. A literatura relativa ao caso específico do Português parece ainda não se ter debruçado sobre esta questão, mas existem algumas fontes que expressam a insatisfação e desapego dos estudantes chineses em relação às licenciaturas em línguas estrangeiras (Zhang, 2020) e que alertam para a importância de redefinir ou reajustar os currículos de línguas estrangeiras na China (Guo & Qiu, 2022) tendo em conta a decrescente procura por este tipo de licenciaturas, algo que também se tem vindo a verificar noutros países como os Estados Unidos (Looney & Lusin, 2018).

Num fórum de uma destacada rede social chinesa (Zhang, 2020) pode-se compreender um pouco melhor a perspectiva dos estudantes, que partilham as suas experiências e opiniões de forma aberta e emotiva. O tópico de discussão do fórum intitula-se “o arrependimento de aprender línguas pequenas[2] na universidade”, no qual participam centenas de jovens que frequentam (ou frequentaram) licenciaturas em línguas estrangeiras. Os jovens discutem a pertinência destas licenciaturas sendo que grande parte demonstrar vontade de mudar de curso para outras áreas académicas consideradas mais competitivas para o mercado de trabalho. As principais queixas dos estudantes prendem-se com as dificuldades em termos das saídas profissionais que são consideradas pouco extensas ou relativamente menos bem remuneradas. Neste fórum, os alunos partilham também relatos de histórias bem-sucedidas após a mudança para outras áreas académicas ou outros cursos superiores. As opiniões veiculadas no fórum referem também experiências positivas e novas possibilidades. Alguns estudantes revelam aproveitar a suas proficiências em diferentes línguas para abraçar áreas profissionais emergentes como a criação de startups ou o comércio eletrónico, contornando as saídas mais comuns nesta área como o ensino, a tradução ou interpretação.

De acordo com Zhang (2020), de entre os problemas que envolvem os cursos de língua, destacam-se as dificuldades para encontrar uma colocação profissional remunerada segundo as expectativas dos jovens, o facto de existirem ao dispor dos alunos diversas formas de aprender uma língua que não a frequência universitária, além do currículo e dos conteúdos programáticos dos cursos de língua que são considerados muito teóricos e pouco dinâmicos. Os estudantes consideram os cursos de línguas muito teóricos e fortemente centrados na sala de aula, no ensino da gramática e no papel dos manuais didáticos. Esta inflexibilidade ligada ao enfoque na perspectiva estritamente linguística reforça a sensação de desatualidade ou desfasamento entre estes cursos superiores e as necessidades dos jovens no mundo atual e no mercado de trabalho em particular.

Segundo os argumentos de Guo e Qiu (2022), este afastamento dos estudantes chineses em relação aos cursos de línguas estrangeiras tem como principais causas o facto de aprenderem línguas cada vez mais cedo, desde a infância, construindo uma relação mais utilitária com as línguas, além das preocupações práticas por parte dos alunos ligadas aos papéis profissionais e às expectativas sobre os proveitos económicos a nível laboral.

É de certa forma elucidativo ou significativo que estes tópicos já estejam a ser plenamente debatidos entre os estudantes, o que reforça a urgência de as instituições académicas e as autoridades educativas agirem no sentido de compreender os seus argumentos e responder às suas necessidades.

Os cursos superiores de língua estrangeira possuem uma importância essencial num mundo global e transnacional, mas demasiadas vezes pautado por segregação e desavença. As salas de aulas de língua estrangeira são espaços determinantes para desenvolver a comunicação intercultural uma vez que são o lugar onde muitos estudantes aprendem pela primeira vez sobre outras culturas e onde muitas regras básicas da comunicação intercultural são estabelecidas (Jin & Cortazzi, 2006; 2011).

O papel do ensino de língua estrangeira enquanto espaço privilegiado para a intercompreensão e para o diálogo intercultural, avigora a necessidade de ajustar os objetivos, o currículo e as abordagens metodológicas do ensino de Português na China às demandas da sociedade atual. É premente promover a reflexão e a discussão inclusiva envolvendo os diferentes agentes de ensino para (re)definir estratégias e orientações a fim de adequar a estrutura dos cursos de línguas às necessidades académicas, socioeconómicas e profissionais dos estudantes chineses.

Embora não se tenham encontrado estudos que permitam compreender a posição dos estudantes em relação aos cursos de Português na parte continental da China, parecem estar a ser adotadas medidas que revelam mais dinâmica e diversidade nos objetivos, na estrutura e nos currículos dos cursos em algumas instituições.

O ensino de Português para fins específicos poderá ser uma abordagem cujo desenvolvimento contribua para tornar a língua mais próxima das necessidades dos aprendentes chineses. Algumas universidades chinesas como a Universidade Jiaotong de Beijing, a Universidade Normal de Beijing, ou a Universidade de Engenharia Elétrica da Província de Hubei, já enquadram esta forma de ensino de português nos seus currículos. Neste tipo de cursos, a metodologia, o conteúdo, os objetivos, os materiais, o ensino e as práticas de avaliação derivam de usos específicos da língua-alvo com base num conjunto identificado de necessidades especializadas (Trace et al., 2015; Martins, 2020). Este foco do ensino da língua ligado a um contexto específico ou a um subconjunto particular de tarefas e competências é algo que paulatinamente também se tem vindo a promover em instituições de ensino superior portuguesas. O ex-reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, defendia em 2015 que apesar da existência de um número considerável de orientais a falar português, faltavam ainda pessoas que simultaneamente dominassem a língua e tivessem formação técnica. Deste modo, preconizava um ensino de Português orientado para necessidades específicas, tal como as seguintes palavras ilustram:

Ao contrário dos cursos de português na China – que se focam apenas na língua – a UC quer ensinar português ao mesmo tempo que ensina leis, medicina, engenharia ou qualquer outra área das oito faculdades da instituição. Os alunos chineses podem estudar qualquer licenciatura, mas, caso não tenham conhecimentos mínimos de português, começam por frequentar um ano especial (uma espécie de ano zero), que permite uma aprendizagem intensiva da língua. (Ferreira, 2015, parágrafo 5)

No entanto, esta questão carece de uma análise (quantitativa e qualitativa) mais minuciosa para compreender a verdadeira dimensão desta problemática no contexto do Português na parte continental da China. As palavras de Ferreira são inspiradoras, mas há algumas dificuldades que se poderão levantar aos estudantes chineses quando aprendem a língua ao mesmo tempo que frequentam as disciplinas de outras áreas de ensino como a medicina ou a engenharia. A experiência do autor deste ensaio indica que mesmo os alunos que frequentam unicamente o curso de língua portuguesa ao longo da licenciatura encontram grandes dificuldades a nível da proficiência linguística, além de que muitos estudantes com maior vocação para outras áreas diferentes das humanidades poderão enfrentar ainda mais dificuldades na aprendizagem de português. A questão das prioridades que os alunos estabelecem em relação às suas aprendizagens, ou seja, o diferente foco ou relevo que os estudantes dedicam à língua ou às disciplinas específicas dos seus cursos, também pode ser uma problemática a considerar.

Com vista a aprofundar a análise destas temáticas, é importante mobilizar esforços e recursos para discutir estes tópicos e partilhar conhecimentos sobre a interação entre o currículo e a estrutura das licenciaturas em Português com as necessidades de aprendizagem dos estudantes chineses face aos requisitos da sociedade atual. Não obstante as eventuais insuficiências ou imprecisões desta pesquisa, a sua mensagem mais impreterível é a de efetuar uma chamada para o diálogo entre os vários agentes de ensino, algo que poderá ser feito através da realização de encontros, jornadas ou colóquios das quais possam surgir ideias, recomendações e referências conjuntas de atuação nesta área. A reflexão e o diálogo sobre estes temas são determinantes para o futuro do ensino da língua portuguesa na China.

 

Considerações finais

No decorrer desta pesquisa destacámos quatro desafios ou temas que assumem uma ampla importância no futuro do ensino de português na parte continental da China, principalmente as limitações de circulação que têm reduzido substancialmente o número de professores estrangeiros, juntamente com as medidas de verificação dos materiais e dos conteúdos das aulas que afetam o ensino das culturas de língua portuguesa. A pertinência de tomar decisões de política de língua que se debrucem sobre a estrutura e os objetivos dos cursos de português (e de línguas estrangeiras, em geral) mais condizente com as demandas dos jovens e do mercado de trabalho, bem como o acesso a certas ferramentas de aprendizagem (apesar do incremento em quantidade e qualidade dos materiais dirigidos ao público chinês) constituem importantes problemáticas que requerem uma reflexão ponderada acerca das respostas e dos procedimentos a adotar para dinamizar o ensino de português no seio deste país asiático.

A presença da língua portuguesa no ensino superior chinês tem sido cada vez mais sólida, no entanto, verifica-se ainda a necessidade de efetuar mais pesquisas que se dediquem às suas várias especificidades. O presente estudo representa um trabalho em aberto, uma vez que terão ficado por aprofundar outros aspetos igualmente relevantes. Alguns temas importantes envolvem a formação dos professores que são hoje altamente qualificados, ao contrário do que acontecia no início do século, durante o boom do ensino de Português na parte continental da China (Zhao & Zhao, 2015; Castelo & Sun, 2020; Pires, 2022), as escolhas ou saídas profissionais dos estudantes, ou a necessidade de estabelecer um diálogo e uma cooperação mais próxima entre os vários agentes de ensino ligados ao português na parte continental da China.

Considerando que um estudo científico é caraterizado pela inquietude de estar continuamente a explorar o seu caminho, suscitando dúvidas, levantando problemáticas e despertando apreciações, é plausível que estas temáticas venham a ser analisadas sob diferentes perspetivas em futuras investigações.

 

Referências

Alves, I. (2000). A ensaística e o trabalho científico. Logos, 7(2), 14-17. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/14792/11230

Castelo, A., & Sun, Y. (2020). Retrato actual do ensino e certificação de PLNM no ensino superior da China. Em Z. Yunfeng, I. P. Lopes, & A. Castelo (Eds.). 中國高等院校葡萄牙語教學發展報告藍皮書 (1960-2020) Livro Azul - Relatório sobre o Ensino do Português em Instituições de Ensino Superior da China (1960-2020) (pp. 22-65). Instituto Politécnico de Macau.

Fan, G. (2020). Changes in educational institutions in China: 1978–2020. Em G. Fan, & T. Popkewitz (Eds.). Handbook of Education Policy Studies (pp. 111-129). Springer.

Ferreira, S. (2015). Universidade de Coimbra acena à China em português. Revista Macau. www.revistamacau.com/2015/06/15/universidade-de-coimbra-acena-a-china-em-portugues/

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social (6a ed.). Atlas.

Grosso, M. J. (2007). O discurso metodológico do ensino do português em Macau a falantes de língua materna chinesa. Universidade de Macau.

Guo, Y., & Qiu, Y. (2022). Taking a fresh look at foreign language enjoyment research in SLA: current status, future directions, and pedagogical implications. Frontiers in Psychology, 12, 820025. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.820025

Guzman, C. (2022). Don't Expect China to Ease Its Zero-COVID Policy After the Beijing Olympics. Time. https://time.com/6139772/china-zero-covid-policy/

Han, Y. (2016). Análise dos manuais de PLE usados nas universidades chinesas no nível de iniciação (A1/A2 do QECRL): um estudo de caso em 5 universidades da China continental. [Dissertação de Mestrado, Universidade do Minho]. Repositório Institucional da Universidade do Minho. http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/44378

Jatobá, J. (2019). Uma China de distância: a cultura dos PLP em materiais didáticos para o ensino de PLE. Pelos Mares da Língua Portuguesa, 4, 397-409.

Jatobá, J. (2020). Política e Planejamento Linguístico na China: Promoção e Ensino da Língua Portuguesa [Tese de Doutoramento, Universidade de Macau]. Repositório Institucional da Universidade de Macau. https://library.um.edu.mo/lib_info/newbooks_pt/all

Jin, L., & Cortazzi, M. (2006). Changing Practices in Chinese Cultures of Learning. Language, Culture and Curriculum, 19(1), 5-20. https://doi.org/10.1080/07908310608668751

Jin, L., & Cortazzi, M. (2011). Researching Chinese learners: skills, perceptions and intercultural adaptations. Palgrave Macmillan.

John Hopkins University. (2022). Mortality Analyses: mortality in the most affected countries. John Hopkins University. https://coronavirus.jhu.edu/data/mortality

Kang, L. (2014). Globalization and cultural trends in China. University of Hawaii Press.

Li, C. S. (2017) A língua portuguesa e a estratégia económica de “Uma Faixa e Uma Rota”. Em C. André, R. Pereira, & L. Inverno. (Coords.). Actas do 3.º fórum internacional do ensino da língua portuguesa na China (pp. 3-24). Instituto Politécnico de Macau.

Li, C.S. (2018). Inspiração histórica: o ensino da língua portuguesa e a China moderna. Em C. A. André, R. Pereira, & L. Inverno (Coords.). Actas do 4.º fórum internacional do ensino da língua portuguesa na China (pp. 3-22). Instituto Politécnico de Macau.

Liu, Y., Zhang, M., & Yin, Q. (2014). Challenges in intercultural language education in China. Canadian Social Science, 10(6), 38-46. http://www.cscanada.net/index.php/css/article/view/5426/6271

Looney, D., & Lusin, N. (2018). Enrollments in languages other than English in United States: Institutions of Higher Education. Modern Languages Association. https://www.mla.org/content/download/83540/2197676/2016-Enrollments-Short-Report.pdf

Martins, S. (2020). Português para fins específicos no século XXI: estatuto e contributos para o desenvolvimento do ensino de Português Língua Estrangeira. Prolíngua, 15(1), 18-28. https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-9979.2020v15n1.52190

Nield, K. (2004). Questioning the Myth of the Chinese learner. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 16(3), 189-196. https://doi.org/10.1108/09596110410531186

Paviani, J. (2010). O ensaio como gênero textual. Em T. Azevedo, & N. Paviani (Eds.). Universo acadêmico em gêneros discursivos (pp. 117-134). EDUCS.

Pires, M. J. (2021). Português Língua Estrangeira na China: do ensino remoto ao presencial. Revista Diálogos, 9(3), 97-108.

Pires, M. J. (2022). O perfil dos professores portugueses de PLE na China continental. INVEP: Estudos de Natureza Educacional, 12(1), 79-96. https://doi.org/10.34632/investigacaoeducacional.2022.11374

Ramos, L. F. (2020, maio 5). Na China é impressionante: 50 universidades ensinam português a 5000 alunos. Diário de Notícias. https://www.dn.pt/edicao-do-dia/05-mai-2020/na-china-e-impressionante-50-universidades-ensinam-portugues-a-5000-alunos-12138499.html

Trace, J., Hudson, T., & Brown, J. (2015). An overview of language for specific purposes. Em J. Trace, T. Hudson, & J. Brown (Eds.). Developing Courses in Languages for Specific Purposes (pp. 1-23). University of Hawaii Press.

Wong, S. (2021, novembro 8). China is unlikely to re-open its borders in 2022. The Economist. https://www.economist.com/the-world-ahead/2021/11/08/china-is-unlikely-to-re-open-its-borders-in-2022

Wu, J. (2021). An overview of less commonly taught languages education in China: historical perspectives and practical concerns. Onomázein, Special Issue IX, 38-50. https://doi.org/10.7764/onomazein.ne9.03

Yan, Q., & Albuquerque, F. D. (2019). O Ensino do Português na China (parâmetros e perspectivas). EDUFRN.

Ye, Z. (2014). Algumas Considerações sobre a Expansão do Ensino da Língua Portuguesa na China. Em M. J. Grosso, & A. P. Godinho (Eds.). O Português na China: Ensino e Investigação (pp. 42-54). Edições Lidel.

Yu, X. (2012). Text Memorisation in Chinese Foreign Language Education. Peter Lang.

Zhang, Y. (2020). 大学后悔学小语种 [University students regrets learning a small language] [Online forum discussion]. Douban. https://m.douban.com/group/708358/?dt_dapp=1

Zhang, W. (2022). ‘Returning to China Is Like Buying a Lottery Ticket’. Sixth Tone. https://www.sixthtone.com/news/1009463/returning-to-china-is-like-buying-a-lottery-ticket-

Zhao, H. & Zhao, J. (2015). Ensino de português na China: da explosão ao amadurecimento. Em C. André, & Lin, C. (Coords.). Actas do 2º Fórum Internacional de Ensino da Língua Portuguesa na China (pp. 37-54). Instituto Politécnico de Macau.

Zhu, X., & Liu, J. (2020). Education in and after Covid-19: immediate responses and long-term visions. Postdigital Science and Education, 10(2), 695-699. https://doi.org/10.1007/s42438-020-00126-3



[i] Doutor em Português Língua Estrangeira pela Universidade de Lisboa (2022). Leitor de Português no Departamento de Estudos Internacionais da Universidade de Sun Yat-sen.

[2] O uso informal do termo “línguas pequenas” não se refere ao tamanho ou dimensão da língua, mas à sua difusão no ensino de línguas estrangeiras na China. Atualmente, este termo tem sido traduzido como “línguas de ensino menos comum” (Wu, 2021). O Português é uma destas línguas no contexto educativo chinês.