Dança e pessoas com deficiência em periódicos brasileiros da Educação Física (1979-2019)

Danza y personas con discapacidad en revistas brasileñas de Educación Física (1979-2019)

Dance and people with disabilities in Brazilian journals of Physical Education (1979-2019)


Beatriz Gomes de Souza[i]

Universidade Federal de Juiz de Fora

Juiz de Fora, MG, Brasil

biag28@gmail.com

https://orcid.org/0000-0001-9870-0192

Neil Franco[ii]

Universidade Federal de Juiz de Fora

Juiz de Fora, MG, Brasil

neilfranco010.hotmail.com

https://orcid.org/0000-0002-1276-8901

Os autores contribuíram igualmente na elaboração do manuscrito.

Recebido em: 19/11/2021

Aceito em: 29/03/2022

Publicado em: 11/04/2022

Linhas Críticas | Periódico científico da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Brasil

ISSN: 1516-4896 | e-ISSN: 1981-0431

Volume 28, 2022 (jan-dez).

http://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas

Referência completa (APA):

de Souza, B. G., & Franco, N. (2022). Dança e pessoas com deficiência em periódicos brasileiros da Educação Física (1979-2019). Linhas Críticas, 28, e40833. https://doi.org/10.26512/lc28202240833

Link alternativo:

https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/40833

Licença Creative Commons CC BY 4.0.


Resumo: Objetiva-se analisar, por meio de revisão sistemática de literatura, os significados adquiridos pela produção de conhecimento em Educação Física (EF) sobre dança e pessoas com deficiência entre 1979 e 2019. A pesquisa justifica-se por se tratar de um tema dissidente na EF, considerando que uma série de investimentos sociais e políticos no campo da inclusão tem ocorrido. Almeja-se saber quais aspectos, sobre dança e deficiência, têm gerado interesse investigativo na área da EF, com isso, 25 artigos integram a amostra descrita e analisada. Conclui-se que há baixa produção na área, em uma vertente não escolar, com maior evidência para dança e deficiência física.

Palavras-chave: Dança. Deficiência. Pessoas com Deficiência. Educação. Educação Física.

Resumen: A través de una revisión sistemática de la literatura, se analizaron los significados atribuidos a la producción de conocimiento en Educación Física (EF) sobre danza y personas con discapacidad entre 1979 y 2019. La investigación se justifica por tratarse de un tema disidente en EF, considerando que se han producido una serie de inversiones sociales y políticas en el ámbito de la inclusión. El objetivo es conocer qué aspectos, sobre la danza y la discapacidad, han generado interés investigativo en el área de la EF, con eso, 25 artículos forman parte de la muestra descrita y analizada. Hay baja producción en la zona, en un aspecto no escolar, con mayor evidencia de danza y discapacidad física.

Palabras clave: Danza. Deficiencia. Personas con deficiencia. Educación. Educación Física.

Abstract: The aim is to analyze, through a systematic literature review, the meanings attributed by the production of knowledge in Physical Education (PE) about dance and people with disabilities between 1979 and 2019. The research is justified because it is a dissident topic in PE, considering that a series of social and political investments in the field of inclusion have taken place. The aim is to know which aspects, about dance and disability, have generated investigative interest in the PE area, with this, 25 articles are part of the sample described and analyzed. It is concluded that there is low production in the area, in a non-school aspect, with greater evidence for dance and physical disability.

Keywords: Dance. Disability. People with disability. Education. Physical Education.




Considerações Iniciais

A dança é elemento constituinte da cultura popular e faz parte do cotidiano social, como uma forma de expressão presente em todas as camadas sociais. O movimento e o gesto são as configurações elementares e primitivas da dança e constituem a primeira forma de manifestação das emoções do ser humano e a exteriorização delas (Franco & Ferreira, 2016). É considerada por autores como um acervo de formas de representação do mundo, exteriorizada pela expressão corporal, assim como o jogo, a ginástica, o esporte, a luta, e outras manifestações corporais que podem ser identificadas como representações simbólicas de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (Coletivo de Autores, 1992).

Historicamente, a dança esteve presente na Educação Física (EF), inicialmente por meio da ginástica, com o intuito de desenvolver o organismo e educar e doutrinar o corpo (Santiago & Franco, 2015). Vertentes mais atuais consideram os seus benefícios como facilitadores no processo de inclusão, na dimensão escolar ou comunitária, pelas suas características de desenvolvimento da comunicação, expressão de sentimentos e elaboração de senso de coletividade (Santos & Figueiredo, 2003).

Nessa perspectiva, os benefícios e as contribuições que a dança pode proporcionar às Pessoas com Deficiência (PCD) são largamente discutidos, ampliando-se às dimensões formais e não formais da Educação. Envolve aspectos referentes à estética, à criação, à socialização e à cultura, os quais, pela via do movimento rítmico, possibilitam profundas transformações no campo emocional e motor. Dessa forma, saúde, qualidade de vida e o alargamento de linguagens são desencadeadas pela reabilitação ou pela reeducação da motricidade, levando o corpo da PCD a se tornar uma ferramenta da imaginação (Mauerberg-deCastro, 2005).

Tais benefícios e contribuições desencadearam uma vertente específica para as PCD: a dança adaptada, consolidada por meio da dança educacional e de seus elementos como dança criativa. Sendo assim, um cenário mundial de inserção da PCD no universo da dança passa a ser viabilizado, com viés esportivo, terapêutico, educacional, artístico e de lazer. No Brasil, esse movimento tem como marco os anos de 1980, porém, em termos literários, há registros desde o ano de 1957 (Mauerberg-deCastro, 2005).

Dessa forma, entende-se a deficiência como um fenômeno representativo na sociedade, e a luta pelo reconhecimento dos seus direitos teve início:

[…] após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o Holocausto, quando houve ascensão do movimento dos Direitos Humanos (DH), que desaguou na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e em Novos Movimentos Socias (NMSs – 1960), fortalecendo o movimento da PCD. (Lacerda, 2020, p. 2)

Assim, a educação de PCD nas escolas regulares e nas salas comuns foi muito influenciada pelo movimento dos direitos humanos, inicialmente com o foco na igualdade, deslocando-se, em seguida, para o tema da “diferença” (Candau, 2008). Entretanto, muitas das vezes, atualmente, atribui-se a essa educação um sentido equivocado: de assistência às PCD (Mazzotta, 2011).

Corroborando o exposto, há eventos como a Conferência Mundial de Educação para Todos em 1990, na Tailândia, que resultou na criação da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (DMSEPT, 1990), e a Conferência Mundial sobre necessidades Educativas Especiais, em 1994, em Salamanca, na Espanha, culminando na Declaração de Salamanca (DS, 1994), que contribuíram para a construção de diversas reflexões, nos âmbitos nacional e internacional, sobre o assunto. Nesse movimento, em 2015, foi sancionada a Lei Brasileira de Inclusão da PCD (Brasil, 2015). Deve-se mencionar, ainda, a existência do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), presente no Brasil desde 1950, influenciando na efetivação dessas iniciativas legais em defesa das PCD que se exaltam a partir dos anos 2000.

Diante dessa breve contextualização, referente à Dança e às PCD, questiona-se o porquê de existirem poucos estudos sobre essa temática, sobretudo no que se refere à sua relação com a dança e com seus possíveis benefícios. Partindo desse questionamento e considerando o processo multifacetado de constituição dos sujeitos em sociedade, estabeleceu-se como questão central deste estudo: Quais interfaces são estabelecidas entre dança e PCD na produção científica em periódicos brasileiros da EF?

Segundo Rossi e Munster (2013), pesquisas envolvendo a interface “dança e deficiência” no Brasil tiveram início na década de 1980, e três motivos influenciaram esse fato: 1) a instituição de políticas públicas e a promulgação de leis direcionadas à educação de PCD na sociedade; 2) os benefícios que a dança proporciona a esse público; e, 3) a implantação de cursos de graduação e pós-graduação na área, incentivando pesquisas acerca da Educação Especial e das PCD.

Esse estudo problematiza, portanto, como a relação entre dança e PCD tem sido evidenciada em periódicos brasileiros da EF, no período de 1979 a 2019. O recorte temporal justifica-se por dois aspectos: 1) o Movimento Renovador da EF brasileira, que, com a perspectiva de distanciamento da EF da eminente vertente da aptidão física e do alto rendimento, lança um olhar sobre essa área pautado nas ciências humanas e sociais, tornando-se um marco importante a partir da década de 1980 (Bracht, 1999; Machado & Bracht, 2016); 2) a afirmativa de Rossi e Munster (2013) de que as publicações nessa área começaram a surgir na década de 1980, influenciadas pelas políticas públicas e pelas leis direcionadas à inclusão da PCD, fato também confirmado por Santos e Figueiredo (2003) e Oliveira et al. (2019).

Com isso, este estudo justifica-se por se tratar de um tema de relevância para a área de EF, tanto no contexto escolar quanto no não escolar, considerando que, nas últimas décadas, uma série de investimentos sociais e políticos no âmbito da inclusão tem ocorrido e gerado estudos científicos, ainda que inexpressivos, em especial, sobre dança e deficiência.

Apresentadas as considerações iniciais, o estudo se divide em 5 seções: Metodologia; Dança e PCD nos periódicos brasileiros da EF: o panorama geral; Dança e PCD nos periódicos brasileiros da EF: tempo e espaço; Considerações finais; e Referências.

Metodologia

Este estudo consiste em pesquisa indireta, descritiva, de caráter bibliográfico e em abordagem quanti-qualitativa, uma vez que analisou os significados atribuídos pela produção de conhecimento sobre EF em relação às discussões referentes à dança e às PCD. Fundamenta-se na busca de estudos realizados e publicados por autores que se dedicam às referidas temáticas em periódicos da EF (Mattos et al., 2008), portanto, trata-se de uma revisão sistemática de literatura, por apresentar uma questão específica, fontes e estratégias de busca de dados explícitas, estabelecendo a relação entre abordagens quantitativas e qualitativas (Rother, 2007).

Identificar dados numéricos referentes à dança e às PCD nos periódicos, assim como verificar que dimensões dessa temática são mais evidenciadas neles, aproxima-nos de uma abordagem quantitativa. Por outro lado, apresentar a descrição dos estudos levantados, entender o trajeto da inserção da dança e da deficiência como categorias investigativas na construção de conhecimento em EF e buscar relações com outros marcadores históricos, sociais, culturais e legais nos situam em uma abordagem qualitativa (Gomes & Araújo, 2005; Mattos et al., 2008).

O estudo se define metodologicamente em três etapas:

1ª) Coleta de dados – selecionaram-se 14 periódicos brasileiros da área de EF, com ênfase nas dimensões escolar e não escolar, que disponibilizam suas edições em formato eletrônico. O fácil acesso a essas fontes e a visibilidade delas justificaram sua escolha como lócus de pesquisa. Analisaram-se os periódicos desde suas primeiras edições, buscando estudos que priorizam a temática sobre a dança e a PCD. Assim, o recorte temporal foi delimitado entre 1979 – em razão da criação da Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE, 2021) – e 2019 – período de encerramento da coleta. O ano de 2009 demarca o período mínimo para criação dos periódicos investigados, uma vez que configura quase 10 anos de sua existência, período satisfatório para sua consolidação como espaço de divulgação de conhecimento. Também, como critério de seleção, buscou-se por periódicos sediados nas 5 regiões do país, com o intuito de ampliar o espectro investigativo, entretanto esses não foram encontrados na região Norte do país.

Tabela 1

14 Periódicos Brasileiros da área de EF

Revista

Sigla

Ano criação

Instituição

Sigla

Revista Brasileira de Ciências do Esporte

RBCE

1979

Universidade de Brasília

UnB

Revista Brasileira de Ciência e Movimento

RBCM

1987

Universidade Católica de Brasília

UCB

Motrivivência Revista de EF, Esporte e Lazer

MREFEL

1988

Universidade Federal de Santa Catarina

UFSC

Revista de EF

REF

1989

Universidade Estadual de Maringá

UEM

Movimento Revista de EF

MREF

1994

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRGS

Motriz Revista de EF

MREF

1995

Universidade Estadual Paulista

UNESP

Revista Corpoconsciência

RCC

1997

Universidade Federal do Mato Grosso

UFMT

Revista Pensar a Prática

RPP

1998

Universidade Federal de Goiás

UFG

Revista Conexões

RC

1998

Universidade Estadual de Campinas

UNICAMP

Caderno de EF e Esporte

CEFE

1999

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

UNIOESTE

Revista Mackenzie de EF e Esporte

RMEFE

2002

Universidade Presbiteriana Mackenzie

UPM

Revista Brasileira de EF e Esporte

RBEFE

2004

Universidade São Paulo

USP

Revista Arquivos em Movimento

RAM

2005

Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRJ

Cadernos de Formação Revista Brasileira de Ciências do Esporte

CFRBCE

2009

Universidade de Brasília

UnB

Fonte: os autores.

O processo de busca do material consistiu-se em dois momentos. Primeiro, o levantamento das publicações via leitura dos sumários de cada edição das revistas. Tal procedimento se justifica pelo fato de algumas revistas, em especial aquelas criadas na década de 1980, apresentarem suas primeiras edições em arquivos Portable Document Format (PDF) único, impossibilitando o acesso aos dados por descritores. Segundo, utilizou-se da ferramenta de pesquisa por descritores com o intuito de reduzir a chance de que alguma publicação fosse excluída. Os descritores utilizados foram “deficiência” e “deficiência or dança”, com e sem o uso de aspas, como orientado para refinamento de busca por descritores, sugerido pela maioria dos periódicos.

Foram encontradas 26 publicações que evidenciam a temática, contudo uma delas apresentava somente o título, o resumo e as palavras-chaves, portanto foi excluída. Com isso, 25 artigos definiram nossa amostra.

2ª) Categorização e elaboração da descrição dos estudos – procedeu-se à leitura cuidadosa e ao fichamento do material, filtrando informações como instituição de origem dos pesquisadores, palavras-chave, objetivo do artigo, metodologia da pesquisa, discussão dos dados e conclusões. Em seguida, realizou-se o levantamento quantitativo do material, na tentativa de elencar o movimento epistemológico de constituição desse campo, destacando: 1) os anos em que as publicações passaram a integrar o panorama investigativo dos periódicos e a relação com outros possíveis demarcadores (legais, por exemplo); 2) sobre quais contextos (escolar e/ou não escolar) versavam essas investigações; 3) identificação de em que vertentes a temática “dança e PCD” era evidenciada e, com isso, levantamento de possíveis lacunas investigativas; 4) destaque dos tipos de abordagens investigativas (empíricas e/ou bibliográficas); 5) as bases de formação dos autores.

3ª) Análise qualitativa dos dados – a partir dos dados quantitativos levantados nas 1ª e 2ª etapas, os 25 artigos que integram a amostra foram categorizados, descritos e contextualizados à luz de referenciais teóricos e documentos legais específicos das áreas da EF e deficiências. Antecipamos que o estudo aponta para mudanças de perspectivas nos campos teóricos sobre dança e PCD, exaltando estudos recentes sobre Dança Esportiva em Cadeira de Rodas (DECR) e possíveis influências de legislações na área da educação inclusiva.

 

Dança e PCD nos periódicos brasileiros da EF: o panorama geral

A discussão sobre dança é apontada por diversos autores como restrita ao campo da EF, e, quando relacionada às discussões sobre deficiência, os dados tornam-se ainda mais inferiores. Em consonância com essa afirmativa, no levantamento realizado nos 14 periódicos, foram evidenciadas 237 publicações sobre deficiência e 290 sobre dança. Dentre essas, 25 relacionam “dança e deficiências”, em contexto educacional e não educacional, e concentram-se em 8 periódicos, como descrito na Figura 1.

Figura 1

Relação revistas, publicações, contexto educacional e não educacional

Fonte: os autores.

Vieira e Tavares (1997, p. 2008) destacam que o encontro entre dança e deficiência foi possível a partir de “[…] paradigmas emergentes da modernidade e da pós-modernidade.” Nossa perspectiva, de um modo geral, os trabalhos refletem sobre o universo da dança e deficiência, seus significados, emoções, expressões, em uma perspectiva de corpo para além do físico, mas que também visa à melhora da qualidade de vida, da autonomia, da inclusão, e assim por diante, por meio de análises e interpretações que avaliam a linguagem verbal e não verbal. Tais estudos contribuem “[…] para a ampliação da aprendizagem e a formação humana” (Santos & Figueiredo, 2003, p. 107), tendo em vista uma provável transformação social e pessoal.

De acordo com os dados da Figura 1, observa-se que as publicações, maioritariamente, estão voltadas para o contexto não educacional, com 14 publicações, com maior interesse para a dança em perspectivas artísticas, seus significados e possibilidades.

Onze publicações exaltam o contexto educacional enfocando o processo de ensino e aprendizagem, a arte, a reabilitação, o esporte, com finalidades pedagógicas, terapêuticas, entre outras. Dentre elas, 1 abrange a dimensão formal da educação e 10, a não-formal, através de atividades extracurriculares, como projetos e pesquisas.

Este fato coincide com o apontado por Santos e Figueiredo (2003), ao afirmarem que a dança como conteúdo educacional prevalece na perspectiva extracurricular, incitando interpretá-la como um conteúdo negado e, possivelmente, não inserido no currículo. Seria esse o motivo de não atrair a atenção de pesquisadores da área educacional?

Em relação à questão anterior, vários são os fatores que podem influenciar no baixo número de pesquisas na área de EF e dança no contexto formal. Sousa et al. (2010) afirmam que, predominantemente, os docentes de EF ensinam a dança na escola sem experiências teórico-práticas suficientes, tendo vivenciado práticas dançantes na formação inicial ou na vida pessoal, favorecendo a perpetuação do modelo esportivo e biologicista. Consequentemente, isso levanta indícios sobre o baixo interesse de pesquisadores em relação à área.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), das áreas de EF e Artes, a dança está inserida entre seus conteúdos. No primeiro, abrangendo os temas da cultura corporal de movimento, das atividades culturais como jogos, esportes, lutas e ginásticas; no segundo, faz parte das linguagens artísticas: artes visuais, dança, música e teatro (Brasil, 1997; 2016). Portanto, em ambos os casos, a dança não está inserida no currículo escolar como uma disciplina autônoma, dessa forma, esse pode ser um dos motivos pelos quais ela prevaleça na perspectiva extracurricular e não formal.

Sobre a dimensão educacional não formal, os 10 estudos enfocam majoritariamente finalidades pedagógicas, com foco no processo ensino-aprendizagem, trabalhando a dança em estabelecimentos como associações de apoio a PCD, academias, centros e companhias de dança etc. Rossi e Munster (2013) afirmam que essas investigações, de maneira geral, preocupam-se em envolver a ação docente no intuito de orientar e estimular o aluno para o movimento livre e para técnicas de diversas danças, havendo movimento consciente, reflexivo e que respeite suas individualidades.

Os 25 artigos foram alocados em 10 categorias, sendo elas: Deficiência Física (DF) com 9 estudos, Deficiência Intelectual (DI) com 05, Deficiência Visual (DV) com 3, Revisão de Literatura (RL) com 2, DI e DF, Deficiência Auditiva (DA), Deficiência Geral (DG), Deficiência Múltipla (DM), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Mães de PCD com 1 estudo cada. Ver Figura 2.      


Figura 2

Categorias de Análise                                      

 

Fonte: os autores.

De acordo com o objetivo desta pesquisa, descrever esses estudos é um dos focos, o que será realizado para, em seguida, prosseguir com as análises e com as discussões. A Figura 3, abaixo, apresenta a divisão dos artigos por categorias.

Figura 3

Categorias/Artigos

Fonte: os autores.

Publicados entre 1997 e 2019, os 9 artigos da categoria Dança e DF problematizam sobre o universo da Dança em Cadeiras de Rodas (DCR) e Dança Esportiva em Cadeiras de Rodas (DECR), a saber, 8 no contexto não educacional e 1 no contexto educacional não formal.

Seis deles são de viés humanista, fundamentados em abordagens qualitativas. A importância para o desenvolvimento humano pela via da prática da DCR e DECR é o foco desses estudos, sendo a maioria deles abrangendo a dimensão artística. A exceção é o estudo de Silva et al. (2009), que, através de uma pesquisa-ação, problematiza as possibilidades da DCR como auxiliar para o desenvolvimento educacional de uma menina de 9 anos, com paralisia cerebral, pesquisa que envolveu também mães e docentes.

Os demais estudos de caráter empírico tiveram como população jovens e adultos praticantes de DECR e atletas dessa modalidade, como especificado em Ferreira (2000), Ferreira e Ferreira (2004) e Freitas e Tolocka (2005).

Também de abordagem qualitativa, mas de caráter bibliográfico, Vieira e Tavares (1997) refletem sobre a dança e as PCD, concluindo que ela pode revelar a significação de um ser interagindo com o mundo que o cerca. Nesse trajeto, o corpo substancial e o corpo relacional foram olhares lançados por Rigo et al. (2019) ao pesquisarem as possibilidades e as implicações desses conceitos no movimento de dançarinos na DECR.

Três estudos empíricos ressaltam viés biológico e abordagem quantitativa, com enfoque em dançarinos jovens e em adultos, que são eles: Peres et al. (2007), Barreto et al. (2010) e Paula et al. (2011). O primeiro avaliou a contribuição da amplitude de movimento para o tronco em paraplégicos; o segundo identificou as qualidades físicas necessárias à realização dos passos básicos de DECR; e o terceiro estudou o comportamento da frequência cardíaca em atletas do gênero masculino do VII Campeonato Brasileiro de DECR, realizado em 2008, em Santos - São Paulo (SP).

Cinco artigos integram a categoria Dança e DI. Três deles possuem enfoque na Síndrome de Down (SD), e 2 na DI de forma mais abrangente. Dois focam no contexto não educacional, e 3, no educacional não formal, desenhando um recorte temporal entre 2008 e 2019 e fazendo abordagens qualitativas de pesquisa.

No sentido mais amplo, os 3 estudos que enfocam a SD destacam a dança como fator importante na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, independente da faixa etária. Com viés empírico, Maia e Boff (2008) verificaram o auxílio oferecido pela dança na coordenação motora de crianças com SD, e Flores e Bankoff (2009) estudaram a influência da dança expressiva sobre o equilíbrio corporal estático em adolescentes com SD. Em estudo bibliográfico, Furlan et al. (2008) pesquisaram o desenvolvimento do esquema corporal em pessoas com SD na dança.

Destacando a DI de forma mais ampla, Alves et al. (2012) buscaram uma visão multidisciplinar em benefício de crianças e adolescentes com DI matriculadas em uma escola de ensino especializado para PCD de Juiz de Fora - MG. Lopes et al. (2019), por sua vez, identificaram possíveis contribuições da dança e da expressão corporal ao processo de ensino-aprendizagem de 2 discentes de 11 anos, um com DI e outro com transtornos de aprendizagem (TA). Ambas investigações adotaram abordagens qualitativas pautadas em estudos empíricos.

Destacando o período de 1999 a 2008, 3 estudos discutem a relação Dança e DV, assumindo abordagens qualitativas, em um contexto não educacional. Em um estudo empírico, com jovens e adultos que praticavam dança, e em outro bibliográfico, Figueiredo et al. (1999a; 1999b) ressaltam a dança como meio de olhar o corpo para além do que os olhos enxergam. Essa percepção permeia as reflexões teóricas de Cazé e Oliveira (2008) ao refletirem sobre as possibilidades do corpo cego e sobre a interação com a dança na construção da autonomia. Com isso, a dança é interpretada como parte do conhecimento humano e como um espaço de construção de saberes na inter-relação entre corpo, ambiente e cultura.

Sob abordagem qualitativa e de caráter bibliográfico, Santos e Figueiredo (2003) exaltam a dança sem especificar as deficiências, portanto alocados na categoria Dança e DG. Esses autores analisaram a dança na educação formal e destacam a necessidade de pensar formas de propiciar sua inclusão.

De abordagem qualitativa, 5 pesquisas empíricas destacam a dança sob temáticas diferenciadas, sob perspectivas não formais de educação, categorizadas como DA, DM, TEA, Mães de PCD e DI e DF, respectivamente.

Lopes e Araújo (2009) focaram no ensino de sapateado para 5 crianças surdas e 1 ouvinte, através da compreensão das estruturas rítmicas e da percepção da vibração dos sons emitidos pelas batidas dos pés. O grupo conseguiu executar as atividades propostas, adaptando-se a um ritmo comum ou satisfatório.

Relatar e analisar os processos de ensino e aprendizagem da dança de salão para uma jovem com DA e DV foi o objetivo de Zaniboni e Rodrigues (2013). O aprendizado ultrapassou os limites da técnica e possibilitou a superação física, emocional e social, além de viabilizar a inclusão e a realização social.

Boato et al. (2014) verificaram as contribuições de um trabalho de expressão corporal e dança no desenvolvimento sócio emocional de uma criança com TEA. Comprovaram que a criança se comunicava e relacionava-se com o meio quando respeitadas suas possibilidades e que a dança pode influenciar significativamente no processo de inclusão social e educacional.

Lopes e Araújo (2015) pesquisaram mães de crianças e jovens com DF e DI que participavam de atividades práticas de dança, via proposta de contato e improvisação, junto a seus filhos. Notou-se interações significativas mediadas pelo movimento corporal, evidenciando benefícios nos aspectos motores, emocionais e afetivos, das mães e dos filhos.

Oliveira et al. (2019) verificaram a percepção de crianças sem deficiência sobre a performance de um grupo de dançarinos com DI e DF, através da dança e por intermédio de atividades interativas. Indícios de superação de preconceitos e construção de conhecimentos acerca das PCD foram evidenciados.

Finalizando as descrições das categorias e partindo para a análise do material, destacam-se 2 estudos de Revisão de Literatura que se situam na interface entre as perspectivas educacional e não educacional.

Com ênfase no potencial da dança como elemento de transformação pessoal e social para PCD, Santos et al. (2019) levantaram essa temática nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base Acervus (UNICAMP). Não foi estabelecido recorte temporal para as buscas, e o estudo não apresenta descrição sistematizada dos dados, aproximando-se de uma revisão narrativa de literatura (Rother, 2007).

Rossi e Munster (2013) analisaram a produção científica sobre dança e PCD em teses e dissertações nacionais em uma abordagem quanti-qualitativa, utilizando uma revisão sistemática de literatura (Rother, 2007), assim como a pesquisa apresentada aqui, realizada em periódicos da EF, que se identificou como “Nosso Estudo”. Dessa forma, a seguir, serão delineados aproximações e distanciamentos entre esses dois estudos.

Entende-se que os 2 estudos se complementam, assumindo representatividade para a área investigativa, mesmo enfatizando lócus diferenciados: o primeiro, dissertações e teses, o segundo, periódicos brasileiros da EF. Sobre o recorte temporal, Rossi e Munster (2013) encerram em 2012, e o Nosso Estudo abrange até o ano de 2019, representando, assim, perspectiva de continuidade investigativa em relação ao primeiro, mesmo não se tratando da mesma fonte de coleta de dados.

Rossi e Munster (2013) evidenciaram que as pesquisas que envolvem dança e deficiência têm se desenvolvido em diferentes contextos e finalidades, em que o contexto se refere a “onde” a dança se insere, e a finalidade diz respeito ao “porquê” de essa dança se desenvolver. Em suma, os contextos podem ser artístico, educacional, esportivo e de reabilitação; e as finalidades, de performance, pedagógica, terapêutica e competitiva/alto rendimento.

Rossi e Munster (2013) identificaram predominância da dança no contexto educacional e artístico, com finalidades pedagógicas e performáticas, respectivamente. O Nosso Estudo descreve a predominância da dança desenvolvida no contexto não educacional, artístico e com finalidades pedagógicas, performáticas e gerais. Em relação aos contextos, portanto, os trabalhos diferem no quesito “onde” as pesquisas foram realizadas, porém se aproximam nas finalidades, pois apresentam fins pedagógicos e performáticos, em sua maioria.

De acordo com os resultados apresentados por Rossi e Munster (2013), houve aumento de produção (dissertações e teses) nos 5 anos anteriores a 2012, aspecto evidenciado também nas publicações de Nosso Estudo, que, de acordo com o Figura 3, indica uma regularidade anual de publicações entre 2007 e 2015, sendo interrompido em 2016 e retomado em 2019.

Em Rossi e Munster (2013), os estudos prevalecem com ênfase em populações de adultos com DF, aporte teórico predominantemente embasados na teoria de Rudolf Laban, perspectivas de ensino-aprendizagem da dança, sendo a contemporânea e a DECR as mais acionadas. Tais dados também coincidem com o Nosso Estudo, cuja categoria mais evidente foi a DF com 09 estudos, com enfoque em DECR, e, para aquelas anunciadas, a vertente contemporânea foi a mais destacada.

A DECR internacional surgiu nos anos de 1960, na Europa, e teve sua primeira competição em 1977. No Brasil, a DCR desenvolveu-se no final da década de 1980, por influência de grupos estrangeiros de viés competitivo. Criou-se, a partir da iniciativa da UNICAMP, ao promover o I Simpósio Internacional de DCR, em 2001 (Confederação Brasileira de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas [CBDCR], 2021).

Diante disso, esse maior número de pesquisas sobre DECR pode ser explicado no Brasil por ser uma modalidade esportiva, relativamente nova, que ainda necessita de mais pesquisas para sua ampliação, sustentadas em contextualizações mais aprofundadas, como afirmam Freitas e Tolocka (2005) e Rigo et al. (2019).

Por fim, os 2 estudos se diferem na perspectiva estrutural. Enquanto Rossi e Munster (2013) apresentam e discutem em vários aspectos as 35 produções identificadas, sem referenciá-las, Nosso Estudo avança no sentido de descrever e referenciar os 25 artigos encontrados, oportunizando maior proximidade com o conteúdo e acesso a ele.

Da mesma forma, outras vertentes de problematização foram adotadas aqui, quais sejam, o estabelecimento de relações com a produção na área e possíveis afinidades com demarcadores históricos, sociais, culturais e legais e, também, identificação de quais instituições e regiões do Brasil têm se dedicado à temática, assim como o perfil acadêmico de suas autorias.

 

Dança e PCD nos periódicos brasileiros da EF: tempo e espaço

Nota-se a prevalência de pesquisas empíricas na amostra, 17 delas, e 8 de caráter bibliográfico. A predominância de abordagens qualitativas de pesquisa é outro aspecto identificado em 20 dos estudos, o que indica a valorização de aspectos subjetivos ressaltando a dança como “[…] um elemento de transformação pessoal e social pois permite experiências e reflexões sobre a aceitação de diferentes corpos e expressões, sem atribuir juízo de valores negativos a qualquer tipo de diversidade.” (Santos et al., 2019, p. 271).

A aceitação de diferentes corpos e expressões se evidencia ao observarmos a variedade de deficiências e temáticas relativas aos estudos, assim como os sujeitos envolvidos, uma vez que, dos 17 estudos empíricos, 9 enfocam isoladamente crianças, jovens e adultos, e 08, a correlação entre essas gerações.

Considerando o recorte entre 1979 a 2019, a análise dos dados demonstrou que o interesse investigativo sobre dança e deficiência se manifesta nos periódicos a partir do ano de 1997, estendendo-se até 2019.

Observa-se uma linearidade de publicações que varia entre 1 e 2 estudos anuais. Em 2008, o número de publicações aumentou para 3, e, em 2019, foram contabilizadas 4. Presume-se que as publicações tenham sido motivadas e influenciadas por legislações voltadas às PCD criadas nos anos de 1990, em especial, no campo da educação, como afirma Santos e Figueiredo (2003), tais como o Plano Decenal de Educação para Todos (PDEPT), Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e, posteriormente, o Plano Nacional de Educação (PNE) etc. (Brasil, 1993; 1996, 2014), como evidenciado na Figura 4.

Figura 4

Publicações/Ano

Fonte: os autores.

Sobre o destaque, ainda que tímido, para o maior número de publicações em 2019, não foi encontrada nenhuma relação específica para tal fato, porém alguns pontos podem ser levantados. Os 4 estudos, Rigo et al. (2019), Lopes et al. (2019), Oliveira et al. (2019) e Santos et al. (2019), apontam mudanças de perspectivas históricas sobre o corpo e as PCD e discutem os processos de ensino e aprendizagem da dança e suas possibilidades para comunicação, interação, contato, conhecimento, participação e transformação. Dos 11 autores responsáveis pelas pesquisas, apenas 4 não têm formação inicial em EF, mas trabalham com o conteúdo ou na área de educação, assim como “[…] as discussões sobre corpo, linguagem corporal na Educação Física, no Brasil, encontram-se, entre outros, ancoradas nos debates sobre a fenomenologia […]” (Gehres et al., 2020, p. 4), com autores como Elenor Kunz. Esses estudiosos exaltam uma perspectiva de corpo que vai além do biológico, aspecto fortemente evidenciado na área de EF.

Outra variável que pode ser indicativo de influência do número de publicações são as instituições de origem dos pesquisadores e as respectivas regiões em que se encontram. Identificaram-se 4 das 5 regiões do Brasil: Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste, sendo esta última com 19 estudos, destacando 13 instituições. Ver Tabela 2.

Tabela 2

Publicações por Regiões do Brasil

Regiões

Publicações

Norte

0

Nordeste

1

Sul

2

Centro-Oeste

3

Sudeste

13

Total

19

Fonte: os autores.

Pode-se justificar esses valores pelo fato de que no Sudeste encontram-se os núcleos e os grupos de pesquisas mais representativos nessa área, destacando a UNICAMP e, respectivamente, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), UFRJ e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), confirmando que o crescimento da produção científica está diretamente relacionado ao investimento na melhoria da infraestrutura de universidades e institutos de pesquisa, investimentos que são destinados potencialmente à região Sudeste, com destaque para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (Sidone et al., 2016).

Em número mais reduzido, temos na sequência a região Centro-Oeste, com publicações da UnB, da UFG e a da UCB, convergidas em 4 publicações. A região Sul evidenciou 2 publicações, 1 pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e outra da UFSC. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) demarca a região Nordeste com 1 publicação.

Por fim, saber a formação acadêmica das autorias também é interessante. Das 25 publicações, evidenciaram-se 48 pesquisadores, dos quais 30 são graduados em EF, 6, em EF e ouros cursos, 3, em Fisioterapia, 1, em Fisioterapia e outro curso, 1, em Pedagogia, 1, em Pedagogia e outro curso, e 6, em outras áreas como Fonoaudiologia, Medicina, Arte Educação, Dança, Administração de Empresas e Engenharia elétrica.

Entende-se que a área de maior interesse no tema é a EF, resgatando a dança como um importante tema da cultura corporal, ainda que negado historicamente por esta área (Coletivo de Autores, 1992). Por outro lado, a correlação com outras áreas de conhecimento ressalta a “[…] versatilidade da dança, capaz de envolver diferentes contextos e finalidades, a caracteriza como agente interdisciplinar, pois pode abranger duas ou mais áreas do conhecimento.” (Rossi & Munster, 2013, p. 185).


Considerações finais

Na análise de significados atribuídos pela produção de conhecimento, em periódicos da EF, sobre dança e PCD, de 1979 a 2019, foram evidenciados 25 estudos, entre 1997 e 2019, em 8 dos 14 periódicos investigados.

Perspectivas não educacionais foram eminentes na amostra, assim como olhares mais humanísticos sobre a temática, destacando a DF. A região Sudeste se destaca na produção, assim como a formação em EF nas autorias, relacionando-se ao fato de os periódicos serem da EF.

Diante do que foi apresentado, conclui-se que ainda existem poucas publicações envolvendo dança e PCD na literatura brasileira. É importante apontar essa questão, uma vez que, segundo legislações específicas e referências teóricas da área, quando se trata das PCD, a dança é um elemento que possibilita o desenvolvimento e poderia impulsionar perspectivas inclusivas nos mais variados contextos sociais. Os resultados indicam que os estudos com viés educativo e pedagógico estão presentes tanto no contexto formal de educação quanto no não formal, reiterando a importância dos estudos nos dois contextos, pois, como destaca Severo (2015), a formação humana, como processo de ensino e aprendizagem, pode ser diversificada e complexa e necessita de mais estudos.

Como limitações do estudo, dissertações e teses, livros, textos completos e resumos em anais de eventos, não somente da EF, são outras fontes para discussão da temática não contemplados aqui, mas que, posteriormente, serão foco de nossas investigações. Portanto, longe de esgotar as lacunas expostas, almejamos contribuir de forma positiva com essa área de conhecimento, a fim de que o processo de inserção de PCD na sociedade seja menos demarcado pela exclusão.

 

Referências

Alves, F. R. F., Gil, F. C. M., Cataldi, C. L., Paula, O. R. de, & Ferreira, E. L. (2012). Proposta metodológica de dança para crianças com deficiência intelectual. Revista Conexões, 10(3). https://doi.org/10.20396/conex.v10i3.8637650

Barreto, M. A., Paula, O. R., & Ferreira, E. L. (2010). Estudo das variáveis motoras em atletas da Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 18(2), 6-10. https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/1850

Boato, E. M., Sampaio, T. M. V., Campos, M. C., Diniz, S. V., & Albuquerque, A. P. (2014). Expressão corporal/dança para autistas: um estudo de caso. Revista Pensar a Prática, 17(1), 50-65. https://doi.org/10.5216/rpp.v17i1.17904

Bracht, V. (1999). A Constituição das Teorias pedagógicas da Educação Física. Cadernos Cedes, 19(48), 69-88. https://doi.org/10.1590/S0101-32621999000100005

Brasil. (1993). Plano Decenal de Educação para todos (PDEPT). Ministério da Educação e do Esporte. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=28087

Brasil. (1996). Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Estabelece as diretrizes e bases da Educação nacional). Presidência da República. Casa Civil. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

Brasil. (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Educação Física). Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf

Brasil. (2014). Lei 13.005 de 25 de junho de 2014 (Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências). Presidência da República. Casa Civil. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm

Brasil. (2015). Lei 13.146 de 06 de Julho de 2015 (Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência). Presidência da República. Casa Civil. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

Brasil. (2016). Lei 13.278 2 de maio de 2016 (Fixa as diretrizes e bases da educação nacional, referente ao ensino da arte). Presidência da República. Casa Civil. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13278.htm

Candau, V. M. (2008). Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, 15(57), 45-185. https://doi.org/10.1590/S1413-24782008000100005

Cazé, C. M. de J. O., & Oliveira, A. da S. (2008). Dança além da visão: possibilidades do corpo cego. Revista Pensar a Prática, 11(3), 293-302. https://doi.org/10.5216/rpp.v11i3.3592

Coletivo de Autores. (1992). Metodologia do Ensino de Educação Física. Cortez.

Confederação Brasileira de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas (CBDCR). (2021). Nossa História. Confederação Brasileira de dança Esportiva em Cadeira de Rodas. https://www.cbdcr.org.br/wordpress/cbdcr/nossa-historia

Declaração de Salamanca (DS). (1994) Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf

Declaração Mundial sobre Educação para todos (DMSEPT). (1990) Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. https://educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/dwnld/educacao_basica/educacao%20infantil/legislacao/declaracao_mundial_sobre_educacao_para_todos.pdf

Ferreira, E. L. (2000). O sentido do sentir: corpos dançantes em cadeira de rodas. Revista Conexões, 0(4), 89-98. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8638065

Ferreira, E. L., & Ferreira, M. B. (2004). A possibilidade do movimento corporal na dança em cadeira de rodas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 12(4), 13-17. https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/580

Figueiredo, V. M. C. de, Tavares, M. da C. G. C. F. & Venâncio, S. (1999a). Olhar para o corpo que dança - um sentido para a pessoa portadora de deficiência visual. Movimento Revista de Educação Física, 5(11), 65-73. https://doi.org/10.22456/1982-8918.2487

Figueiredo, V. M. C. de, Tavares, M. da C. G. C. F. & Venâncio, S. (1999b). Uma reflexão sobre a pessoa portadora de deficiência visual e a dança. Motrivivência Revista de Educação Física, 12, 214-220. https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/14477

Flores, M. I., & Bankoff, A. D. P. (2009). Influência da dança expressiva sobre o equilíbrio corporal em portadores com síndrome de down. Revista Conexões, 8(3), 35-46. https://doi.org/10.20396/conex.v8i3.8637726

Franco, N., & Ferreira, N. V. C. (2016). Evolução da Dança no contexto histórico: aproximações iniciais com o tema. Repertório: Teatro & Dança, 26, 266-272. https://doi.org/10.9771/r.v0i0.17476

Freitas, M. do C. R. & Tolocka, R. E. (2005). Desvendando as emoções da Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 13(4), 41-46. https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/657

Furlan, S., Moreira, V. A. V., & Rodrigues, G. M. (2008). Esquema corporal em indivíduos com síndrome de down: uma análise através da dança. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 7(3), 235-243. http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1621

Gehres, A. D. F., Bonetto, P. X. R., & Neira, M. G. (2020). Os corpos das danças no currículo cultural de educação física. Educação em Revista, 36. https://doi.org/10.1590/0102-4698219772 

Gomes, F. P., & Araújo, R. M. de. (2005). Pesquisa Quanti-Qualitativa em Administração: uma visão holística do objeto em estudo. Seminários em Administração, 8. http://sistema.semead.com.br/8semead/resultado/trabalhosPDF/152.pdf

Lacerda, L. (2020). Inclusão Total e Educação Inclusiva. Luna Aba. https://lunaaba.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Inclusao-Total-e-Educacao-Inclusiva-MATERIAL-DE-APOIO-ED.-1.pdf

Lopes, K. F., & Araújo, P. F. de. (2009). Proposta de ensino de sapateado para crianças surdas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 17(1). https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/971

Lopes, K. F., & Araújo, P. F. de. (2015). Contato, improvisão e interação: A dança entre mães e filhos com deficiência. Revista Pensar a Prática, 18(1). https://doi.org/10.5216/rpp.v18i1.25748

Lopes, K. F., Carvalho, C. L. de, Araújo, P. F. de, & Moysés, M. A. A. (2019). A dança e a expressão corporal como mediadores no processo de ensino-aprendizagem de crianças com deficiência intelectual e transtornos de aprendizagem. Revista Pensar a Prática, 22. https://doi.org/10.5216/rpp.v22.49194

Machado, T. da S., & Bracht, V. (2016). O impacto do movimento renovador da educação física nas identidades docentes: uma leitura a partir da "teoria do reconhecimento" de Axel Honneth. Movimento Revista de Educação Física, 22(3), 849-860. https://doi.org/10.22456/1982-8918.60228

Maia, A. V., & Boff, S. R. (2008). A influência da dança no desenvolvimento da coordenação motora em crianças com síndrome de down. Revista Conexões, 6, 144-154. https://doi.org/10.20396/conex.v6i0.8637820

Mattos, M. G., Rossetto Junior, A. J., & Rabinovich, S. B. (2008). Metodologia da pesquisa em educação fisica: construindo sua monografia, artigos e projetos (4º Edição). Phorte.

Mauerberg-deCastro, E. (2005). Atividade física adaptada. Tecmedd.

Mazzotta, M. J. S. (2011). Educação Especial no Brasil: História e políticas públicas. Cortez.

Oliveira, F. R. da S. e, Lopes, K. F., Carvalho, C. L. & Araújo, P. F. de. (2019). A visão da pessoa com deficiência por crianças sem deficiência entremeada pela dança: um encontro de possibilidades. Motrivivência Revista de Educação Física, 31(59). https://doi.org/10.5007/2175-8042.2019e57877

Paula, O. R. de, Marins, J. C. B., Cataldi, C. L., & Ferreira, E. L. (2011). Carga física da dança esportiva em cadeira de rodas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 19(1), 11-19. https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/1903/1846

Peres, M. S., Mello, F., & Gonçalves, C. A. (2007). Efeitos da dança em cadeira de rodas no controle de movimentos de tronco em paraplégicos. Revista Arquivos em Movimento, 3(2), 56-66. https://revistas.ufrj.br/index.php/am/article/view/9099/7229

Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE). (2021). Sobre o Histórico. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. https://www.scielo.br/journal/rbce/about/#about

Rigo, L. C., Castro, F. B. De, & Kunz, E. (2019). O se-movimentar na dança em cadeira de rodas. Revista Pensar a Prática, 22. https://doi.org/10.5216/rpp.v22.54588

Rossi, P. & Munster, M. D. (2013). Dança e deficiência: uma revisão bibliográfica em teses e dissertações nacionais. Movimento Revista de Educação Física, 19(4), 181-205. https://doi.org/10.22456/1982-8918.39132

Rother, E. T. (2007). Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista Enfermagem, 20(2). https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001

Santiago, B. G., & Franco, N. (2015). Dança na Revista Brasileira de Ciências do Esporte (1979-2014). Motrivivência, 27(45), 189-208. https://doi.org/10.5007/2175-8042.2015v27n45p189

Santos, R. C. & Figueiredo, V. M. C. (2003). Dança e inclusão no contexto escolar, um diálogo possível. Revista Pensar a Prática, 6, 107-116. https://doi.org/10.5216/rpp.v6i0.16052

Santos, R. F. dos, Gutierrez, G. L., & Roble, O. J. (2019). Dança para pessoas com deficiência: um possível elemento de transformação pessoal e social. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, 41(3), 271-276. https://doi.org/10.1016/j.rbce.2018.03.029

Severo, J. L. R. de L. (2015). Educação não escolar como campo de práticas pedagógicas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 96(244), 561-576. https://doi.org/10.1590/S2176-6681/345513545

Sidone, O. J. G., Haddad, E. A. & Mena-Chalco, J. P. (2016). A ciência nas regiões brasileiras: evolução da produção e das redes de colaboração científica. Transinformação, 28(1), 15-31. https://doi.org/10.1590/2318-08892016002800002

Silva, F., Carvalho, B. A. & Neto, A. R. M. (2009). Dança em Cadeira de Rodas e paralisia cerebral: estudo de caso da menina Laura. Revista Conexões, 7(1), 121-134. https://doi.org/10.20396/conex.v7i1.8637789

Sousa, N. C. P. de, Hunger, D. A. C. F. & Caramaschi, S. (2010). A Dança na Escola: um sério problema a ser resolvido. Motriz Revista de Educação Física, 16(2), 496-505. https://doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n2p496

Vieira, A. I., & Tavares, M. da C. G. C. F. (1997). A dança e os indivíduos portadores de lesão medular. Motrivivência Revista de Educação Física, 10, 209-212. https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/5012

Zaniboni, L., & Rodrigues , J. A. (2013). Dança de salão inclusão social e realização pessoal. Revista Conexões, 11(2), 223-239. https://doi.org/10.20396/conex.v11i2.8637625



[i] Especialista em Esportes e Atividades Físicas Inclusivas para Pessoas com Deficiência pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) (2018). Mestranda em Educação pela UFJF.

[ii] Doutor em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (2014). Professor Adjunto da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora.