Martius e as línguas indígenas do Brasil

Autores

  • Pablo Diener

DOI:

https://doi.org/10.26512/rbla.v6i2.16276

Palavras-chave:

Linguística Antropológica

Resumo

A experiência da expedição de três anos, que C.F.Ph. von Martius realizou no Brasil entre 1817 e 1820, rendeu ao cientista materiais e inspiração para meio século de investigações e publicações em diversas áreas do saber. Na sua especialidade, a botânica, Martius desenvolveu pesquisas de dimensões e relevância ímpar; porém também as tarefas que se impôs nos campos da história, da etnografia e, sobretudo, da linguística dos povos indígenas do Brasil evidenciam uma competência notável, e seus trabalhos podem ser colocados em paralelo com os mais avançados estudos realizados à época. De fato, foi particularmente às observações da língua que o cientista atribuiu um papel nodal na sua tentativa por explicar o devir histórico dos povos indígenas. Nesse empenho Martius se aproximou dos principais linguistas de tradição germânica, nomeadamente de Wilhelm von Humboldt e Jacob Grimm. O artigo faz uma revisão da produção de Martius no campo das Ciências Sociais, com especial atenção nos estudos linguísticos, e analisa os caminhos que o pesquisador percorreu para se apropriar das ferramentas que lhe permitiram conduzir esses trabalhos.

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Publicado

2015-08-10

Como Citar

Diener, P. (2015). Martius e as línguas indígenas do Brasil. Revista Brasileira De Linguística Antropológica, 6(2), 353–376. https://doi.org/10.26512/rbla.v6i2.16276

Edição

Seção

Artigos