Ensino de pronúncia: concepções de língua(gem) e de sujeito subjacentes ao Listen and Repeat
DOI:
https://doi.org/10.26512/rhla.v15i1.1423Keywords:
Ensino de pronúncia;, Aspectos prosódicos;, Produção de sentidos;, Concepção de linguagem;, Jean ItardAbstract
Resumo
Em vista das mudanças conceituais ocorridas no campo de ensino-aprendizagem de línguas nas últimas décadas, nosso foco é o ensino de pronúncia, cujas propostas metodológicas parecem seguir uma trajetória mais lenta. Considerando que a prática de pronúncia inescapavelmente envolve a repetição, colocamos em discussão a própria noção de repetição, o papel conferido ao aluno em tal prática, como concebemos a relação sujeito-objeto de conhecimento e, consequentemente, as concepções de linguagem/sujeito subjacentes ao trabalho pedagógico. Observamos que a prática de pronúncia geralmente centra-se nos fonemas isolados, negligenciando-se os aspectos prosódicos, e vislumbramos as representações dos professores sobre pronúncia e de seu papel na produção de sentidos. Assim, para encaminharmos nossa reflexão, faremos uma análise microgenética de um dado utilizando o paradigma indiciário, apoiando-nos também nos relatórios do médico Jean Itard, que tentou ensinar a linguagem oral a um menino selvagem e nos trabalhos do Círculo de Bakhtin. O diálogo com as experiências pedagógicas de Itard pode parecer improvável, já que mais de dois séculos nos separam. Contudo, justamente por essa razão, parece-nos bastante produtivo para refletirmos sobre aspectos que ainda permeiam nossa prática. Prática, aliás, mais orientada por técnicas isoladas do que por uma abordagem teoricamente fundamentada.
Palavras-chave: Ensino de pronúncia. Aspectos prosódicos. Produção de sentidos. Concepção de linguagem. Jean Itard.
Abstract
Taking into consideration the conceptual changes that have occurred in language teaching in the past decades, our focus herein is pronunciation teaching, whose methodological proposals seem to follow a slower trajectory. Considering that pronunciation practice inescapably involves repetition, we approach the very notion of repetition, the role assigned to students in such practice, how we conceive the relation subject-object of knowledge and, consequently, the language/subject concepts that underlie the pedagogical work. Noting that pronunciation practice is normally centered on isolated phonemes, neglecting the prosodic aspects, it is possible to envision the teachers’ representations about pronunciation and its role in the production of meaning/sense. Thus, in order to conduct our reflection, we will analyze some data using the evidential paradigm, which will be supported by the reports of Dr. Jean Itard, who tried to teach the oral language to a wild boy, as well as by the work of the Circle of Bakhtin. The dialogue with the pedagogic experiences of Itard may seem unlikely, as over two centuries set us apart. However, exactly for this reason, it seems quite productive in order to reflect upon aspects that still permeate our practice (more guided by isolated techniques than by a theoretically grounded approach).
Keywords: Pronunciation teaching. Prosodic aspects. Production of meaning. Language concept. Jean Itard.
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