Ditadura militar e literatura “parajornalística”:

desconstruindo relações

Autores

  • Sabrina Schneider Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

DOI:

https://doi.org/10.1590/S2316-40182014000100007

Resumo

Este artigo busca rever a abordagem do romance-reportagem brasileiro da década de 1970 pela crítica literária acadêmica. Entende-se que, na apreciação dessas obras, considerou-se apenas a repercussão da situação política nacional ”“ ditadura militar ”“, tomando-se as narrativas de jornalistas como meras substitutas do jornal censurado. Foi desconsiderada, portanto, a diferença entre notícia, produto do jornalismo informativo diário, e reportagem, gênero jornalístico que não tem lugar na grande imprensa. Na primeira não há narração, ao passo que, na segunda, a construção de personagens e a configuração da intriga garantem a instauração do universo ficcional, como querem autores como Paul Ricoeur, Mikhail Bakhtin e Käte Hamburger.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARRIGUCCI Jr., Davi (1979). Jornal, realismo, alegoria: o romance brasileiro recente. In: Achados e perdidos. São Paulo: Polis.

BAKHTIN, Mikhail (2006). Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: M. Fontes.

BARCELLOS, Caco (1997). Dedo na ferida. Caros Amigos, São Paulo, n. 2, p. 16-25. Entrevista concedida a Sérgio Pinto de Almeida e outros.

______ (2005). Abusado: o dono do morro Dona Marta. 15. ed. Rio de Janeiro: Record.

BOURDIEU, Pierre (1997). Sobre a televisão. Tradução de Maria Lúcia Machado. Rio de Janeiro: J. Zahar.

COSSON, Rildo (2007). Fronteiras contaminadas: literatura como jornalismo e jornalismo como literatura no Brasil dos anos 1970. Brasília: Editora UnB.

DeQUINCEY, Thomas (1985). Confessions of an English opium-eater and other writings. New York: Carrol & Graff.

HALL, Stuart et al. (1999). A produção social das notícias: o mugging nos mídia. In: TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Veja.

HAMBURGER, Käte (1986). A lógica da criação literária. Tradução de Margot P. Malnic. 2 ed. São Paulo: Perspectiva.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de; GONÇALVES, Marcos Augusto (2005). A ficção da realidade brasileira. In: NOVAES, Adauto (org.). Anos 70: ainda sob a tempestade. Rio de Janeiro: Aeroplano; Senac Rio.

KERMODE, Frank (2000). The sense of an ending: studies in the theory of fiction. New York: Oxford University Press.

LAGE, Nilson (2001). A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record.

LIMA, Luiz Costa (1980). Mímesis e modernidade: formas das sombras. Rio de Janeiro: Graal.

NEPOMUCENO, Eric (2007). O massacre - Eldorado dos Carajás: uma história de impunidade. São Paulo: Planeta.

ROCHA, Antonio Olyntho Marques da (1956). Jornalismo e literatura. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura.

RICOEUR, Paul (2010). Tempo e narrativa. 3 vols. Tradução de Cláudia Berliner e Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: WMF Martins Fontes.

SANTIAGO, Silviano (1982). Vale quanto pesa: ensaios sobre questões político-culturais. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

SCHNEIDER, Sabrina (2013). Ficções sujas: por uma poética do romance-reportagem. Tese (Doutorado em Letras) ”“ Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Porto Alegre. Disponível em: <http://goo.gl/l6Q9ff>. Acesso em: 10 mar. 2014.

SÜSSEKIND, Flora (1984). Tal Brasil, qual romance? Rio de Janeiro: Achiamé.

______ (1985). Literatura e vida literária: polêmicas, diários e retratos. Rio de Janeiro: J. Zahar.

TRAQUINA, Nelson (2005). Teorias do jornalismo I. Por que as notícias são como são. Florianópolis: Insular.

TRAQUINA, Nelson (2008). Teorias do jornalismo II. A tribo jornalística: uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular.

VENTURA, Mauro (2011). O espetáculo mais triste da Terra: o incêndio do Gran Circo Norte-Americano. São Paulo: Companhia das Letras.

WINTEROWD, W. Ross (1990). The rhetoric of the “other” literature. Carbondale: Southern Illinois University Press.

Downloads

Publicado

05/14/2014

Como Citar

Schneider, S. (2014). Ditadura militar e literatura “parajornalística”:: desconstruindo relações. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (43), 111–132. https://doi.org/10.1590/S2316-40182014000100007