A estética dos becos em Cora Coralina ou “Um modo diferente de contar velhas estórias”

Autores

  • Clovis Carvalho Britto

DOI:

https://doi.org/10.1590/S2316-40182013000200007

Resumo

Este artigo analisa as interconexões entre literatura, memória e cidade a partir da obra de Cora Coralina (1889-1985). Instituindo uma memória topográfica, a escritora goiana elegeu os becos como espaço privilegiado para a tessitura de sua estética. A partir dessa chave interpretativa, observamos as relações sociais no interior brasileiro nos séculos XIX e XX construídas sob um olhar que reabilita os entrelugares. Em vários poemas e contos a vida da cidade é traduzida a partir da vida nos becos, dos personagens que nele residem e circulam, das relações e reações que provocam como palco e bastidor. Pretendemos, desse modo, analisar as estratégias utilizadas pela autora para retratar e criticar a realidade de seu tempo considerando os becos como metáfora e metonímia de sua cidade. A partir de uma inserção marginal, especialmente devido a preconceitos com relação à sua idade e condição feminina, Cora desenvolveu uma estética dos becos em que mulheres e outras minorias, nem sempre numéricas, tornaram-se centro.

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Biografia do Autor

Clovis Carvalho Britto

Doutor em sociologia. Professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Laranjeiras, SE, Brasil.

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Publicado

12/19/2013

Como Citar

Britto, C. C. (2013). A estética dos becos em Cora Coralina ou “Um modo diferente de contar velhas estórias”. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (42), 113–127. https://doi.org/10.1590/S2316-40182013000200007