Moradores de cortiço, capitães da areia e cobradores urbanos:
personagens excluídos da construção da ordem nacional
DOI:
https://doi.org/10.1590/S2316-40182013000200005Resumo
O artigo traça um panorama da questão urbana no Brasil sob o ponto de vista da construção de uma ordem nacional que reverta, no plano concreto, para a organização deste espaço urbano e de seus dilemas referentes à s questões da moradia. No plano imaginário, tenta-se investigar o engendramento de um ideário do que seja a nação e de quais são os personagens desejados para a composição dessa ordem que se constitua como um fator de afirmação identitária nacional. Nesse sentido, busca-se auxílio na literatura brasileira, em seu delineamento de personagens que poderiam fazer frente a esse chamado de constituição da ordem constitutiva da nação. São, portanto, utilizados como contraponto aos autores que tratam a questão sob o enfoque histórico e social, algumas obras da literatura ficcional: O cortiço, de Aluízio Azevedo (1890), Capitães da areia, de Jorge Amado (1937) e o conto “O cobrador”, de Rubem Fonseca (1979). Esses trabalhos
de ficção permitem, em momentos históricos específicos, verificar como foi tratada a questão da exclusão social no país, e de como tivemos, paulatinamente, um aumento na parcela daqueles considerados indesejáveis à construção de um ordenamento do espaço urbano e da nação.
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