Cidade de Deus:
entre o testemunho e a ficção
DOI:
https://doi.org/10.1590/S2316-40182012000200009Resumo
O presente artigo discute a problemática em torno da separação epistemológica entre o romance Cidade de Deus e seu autor, Paulo Lins, bem como as conotações referentes a possíveis leituras da obra no tangente ao seu “valor-verdade”. O estudo busca ainda analisar a recepção do texto de Lins no que convencionalmente veio chamar-se, dentro do contexto latino-americano, de testimonio. A análise da obra de Lins sob a rubrica testemunhal nos permitirá meditar sobre problemáticas questões relacionadas a qualquer texto fictício cujo conteúdo se faz demasiadamente próximo a eventos reconhecidamente fatuais, o que leva a obra literária e seus possíveis rótulos a uma crise ontológica cuja repercussão problematiza a literatura como um veículo de denúncia social e o autor como o mediador de tal processo.
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