Uma nova velha história: sobre censura e literatura LGBT+
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40186110Palavras-chave:
literatura infanto-juvenil, LGBT , censura e contracensura, análise semânticaResumo
Se, por um lado, o objeto livro se conformou historicamente como instrumento de poder hegemônico, por outro, corrobora, a partir da pluralidade de conteúdos, para a existência, não apenas ficcional, de identidades múltiplas. De encontro a essa premissa, a censura contra conteúdo LGBT+ para crianças e adolescentes ganha contorno hodierno durante a Bienal do livro do Rio de Janeiro. Com o objetivo de interpretar a resposta do público acerca do episódio, sua relação com aspectos socioculturais e, principalmente, em que medida o ambiente livresco se reverbera nessas postagens, propomos uma análise de redes semânticas do corpus selecionado. Para a fundamentação teórica, baseamo-nos na historiografia do livro e da literatura, nos estudos culturais e nos estudos de gênero. Como resultado, em suma, discutimos quatro temáticas centrais que apontam para o interesse pela leitura do conteúdo distribuído ou seu rechaço; a relação entre educação e vigilância direcionada à s crianças; o sentimento de pertencimento por parte da comunidade LGBT+; a moral cristã como argumento contrário à ação.
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