O queer como gesto profano em João Gilberto Noll
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018617Palavras-chave:
queer, profanação, literatura brasileira contemporânea, João Gilberto NollResumo
Partindo do princípio de que a escrita de João Gilberto Noll movimenta, em quase todo seu trajeto ficcional, deslocamentos de sentidos a respeito de categorias como “corpo”, “sexo” e “gênero”, apresentando seus personagens sempre através de uma ótica que coloca problemas aos limites binários “homem/mulher” e “homossexual/heterossexual”, este artigo busca elaborar uma análise de Acenos e afagos (Noll, 2008c) e Berkeley em Bellagio (Noll, 2002) Ã luz do conceito denominado “profanação”, proposto por Giorgio Agamben. Trata-se, neste trabalho, de compreender o queer inscrito na obra do autor gaúcho como uma potência que, contestando os territórios sobre os quais a própria literatura se assenta, é capaz de profanar os ditames discursivos administrados pela lógica biopolítica que sustenta o ordenamento contemporâneo.
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