Movimento e estagnação em Controle, de Natalia Borges Polesso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/2316-4018612

Palavras-chave:

espaço, literatura lésbica, Natalia Borges Polesso

Resumo

Este artigo tem o objetivo de analisar as relações entre movimento e estagnação nas construções dos espaços e da homossexualidade feminina no romance Controle, de Natalia Borges Polesso (2019a). Argumenta-se que a narrativa traça um paralelo entre a repressão da sexualidade não normativa da protagonista e sua condição médica marcada pela epilepsia e pela depressão, levando a personagem à reclusão na esfera doméstica. Embora esse paralelo possa incutir o risco de calcar a homossexualidade como patologia, a complexidade do enredo de Polesso mostra que a insegurança e o isolamento social da protagonista são superados pelo desejo homossexual, que é retratado como uma força que impulsiona o movimento da personagem. Por último, nota-se que o romance de Polesso retrabalha certos estereótipos presentes na literatura lésbica, como a exclusão social, o mito do amor trágico e o deslocamento como premissa para concretizar o encontro erótico, conforme apontam os estudos de Virgínia Maria Vasconcelos Leal.

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Publicado

11/22/2020

Como Citar

Júlia Braga Neves. (2020). Movimento e estagnação em Controle, de Natalia Borges Polesso. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (61), 1–11. https://doi.org/10.1590/2316-4018612