O local da crítica e o pensamento contemporâneo brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018589Palavras-chave:
crítica literária, contemporaneidade, ensaioResumo
Impossível não notar as várias vertentes pelas quais a crítica literária passou ao longo do tempo. Ora mais voltada à forma, à estrutura, ao texto, ora ao conteúdo, ao contexto, à recepção, o fato é que o pensamento crítico brasileiro, durante o século XX, viu-se dividido dicotomicamente e reforçou, não raras vezes, um maniqueísmo e uma dualidade perniciosos, que foram, talvez à s duras penas, superados pela crítica contemporânea. Essa superação ocorreu, principalmente, porque os críticos reexaminaram o seu próprio discurso, revisando-o frente à s mudanças que seu tempo lhe solicitava. Antes de ser tomado como uma atenuante resvalada a uma verdade incontestável, esse discurso se mostrou, enquanto prática em construção, afastado do espaço disciplinar unívoco, visto que tanto seus objetos de estudo quanto seus métodos estão marcados por um caráter provisório, passageiro e efêmero, devido a sua intrínseca ligação com a temporalidade, que tratou de (des)institucionalizar o que se compreende, compreendeu ou compreenderá por literário. Assim, o presente artigo visa a uma reflexão sobre o lugar da crítica, tendo em vista seu campo de atuação, suas formas metodológicas, seu caráter não disciplinar, sustentados, por sua vez, pela conversa epistemológica infinda entre os saberes, a qual caracteriza o pensamento contemporâneo brasileiro.
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