A obsessão das ideias ou a literatura que fracassa: uma abordagem a partir de Marilene Felinto
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40185718Palavras-chave:
Marilene Felinto, repetição, presença, leitura e fracassoResumo
Este artigo se utiliza da obra de Marilene Felinto para refletir sobre uma obsessão das ideias no campo literário, traçando, para tanto, uma linha entre o seu romance de estreia As mulheres de Tijucopapo (1982) e sua última publicação até o momento, a novela Obsceno abandono: amor e perda (2002). Esclarecida a obsessão em reincidências que problematizam a presença das narradoras, a começar por um estar no fracasso da linguagem, acreditamos que o traço possa esclarecer uma ideia de escrita aproximada da tentativa; escrever como uma volta constante ao próprio gesto de escrever, o que inevitavelmente colocaria em questionamento a literatura, seu poder e valor, igualmente a ideia idealizada de obra, principalmente quando o princípio de desrazão surge em nosso horizonte. Tais questões são circundadas ainda pela análise da corrente sugestão de que, na autora, narrativa de vida e de ficção se mesclariam, além de percebê-la num espectro literário maior em relação a Lima Barreto, e reduzido, em termos de contemporaneidade, em relação a Juliano Garcia Pessanha.
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