Maternidade negra em Um defeito de cor:

a representação literária como disrupção do nacionalismo

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DOI:

https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185414

Resumo

Ao se configurar fundamentalmente como o relato (carta) de uma mãe negra ao filho desaparecido, o romance Um defeito de cor, publicado por Ana Maria Gonçalves em 2006, incita-nos a adentrar de modo detido no conjunto de questões pertinentes à representação da maternidade da mulher negra na literatura produzida no Brasil. Desse modo, neste artigo, recupero criticamente o estereótipo da “mãe preta” para analisar como Um defeito de cor o desconstrói e inscreve em nossa literatura uma experiência complexa de maternidade negra, a qual, de modo particular, é disruptiva em relação ao discurso nacionalista brasileiro, revelando sua dimensão ideológica e racista.

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Publicado

05/21/2018

Como Citar

Silva, F. C. da. (2018). Maternidade negra em Um defeito de cor:: a representação literária como disrupção do nacionalismo. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (54), 245–275. https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185414