O eu-autor-escritor contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018525Resumo
Esta reflexão se refere à figura do autor, uma vez esta figura se translada para o meio digital, ou seja, para um espaço onde se pode observá-la de modo permanente. Essa passagem ao meio digital implica algumas mudanças na constituição de sua imagem autoral por parte do escritor, ou seja, por parte da pessoa física, do indivíduo que escreve, “o escrevente”, segundo Roland Barthes. Essa passagem ao meio digital está deslegitimando a figura do autor de nossos dias e, por isso, mudando o papel do escritor contemporâneo. Assim, a reação por parte do escritor reside em sua espetacularização. Discuto esta problemática a partir do conceito de ego-histórias, experiências pessoais presentes no texto em primeira pessoa, a partir algumas características presentes em duas narrativas: O espírito da prosa (2012), de Cristovão Tezza, e La parte inventada (2014), de Rodrigo Frésan. Evidencio, assim, como os meios digitais, a cultura digital e midiática em geral favorece uma reflexão metaliterária sobre a invenção de um eu-autor-escritor que satisfaz a necessidade do exibicionismo alimentado pelos meios digitais na constituição de uma imagem própria.
Downloads
Referências
ARFUCH, Leonor (2010). O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: Editora da UERJ.
ARFUCH, Leonor (2014). (Auto)biografía, memoria e historia. Clepsidra. Revista Interdisciplinar de Estudios sobre Memoria, Buenos Aires, n. 1, p. 68-81.
BARTHES, Roland (2010). O grau zero da escrita. São Paulo: Martins Fontes.
DEBORD, Guy (1995). La sociedad del espectaculo. Santiago del Chile: Naufragio.
DI ROSARIO, Giovanna; BORRÀS, Laura (2012). Translating digital literature: two experiences and a reflection. Texto Digital, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 138-162. Disponible en: . Acceso en: 5 mayo 2017.
FRÉSAN, Rodrigo (2014). La parte inventada, Barcelona: Randon House.
FOUCAULT, Michael (2005). ¿Qué es un Autor? Buenos Aires: El Seminario.
GELI, Carles. Rodrigo Fresán: “Casi todo lo que se vincula hoy al escritor me molesta”. El País, Barcelona, 2 abr. 2014. Disponible em: . Acceso en: 5 mayo 2017.
GOICOECHEA, María; SANZ CABRERIZO, Amelia (2012). Literary Reading rituals and practices on new interfaces. Literary and Linguistic Computing, Oxford, v. 27, n. 3.
LEIROZ, Flávia (2008). Ego-escritos: possíveis alternativas de produção teórica. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, 11., 13 a 17 jul. 2008, USP. Anais... São Paulo: Abralic. Disponible en: . Acceso en: 5 mayo 2017.
MAINGUENEAU, Dominique (2013). Écrivain et image d’auteur. In: DELORMAS, Pascale; MAINGUENEAU, Dominique; ØSTENSTAD, Inger (Ed.). Se dire écrivain: pratiques discursives de la mise en scène de soi. Paris: Lambert-Lucas, p. 13-28.
MEIZOZ, Jerome (2007). ¿Que entendemos por “postura”? In: MEIZOZ, Jerome. Postures littéraires: mises en scène modernes de l’auteur. Traducción de Juan Zapata. Ginebra: Slatkine Érudition, p. 15-32.
NORA, Pierre (Ed.) (1987). Essais d’ego-histoire. Paris: Gallimard.
PRON, Patricio. Rodrigo Fresán contra el fin de la literatura en “La parte inventada”. ABC Cultura, Madrid, 17 mar. 2014. Disponible em: . Acceso en: 5 mayo 2017.
SAAVEDRA, Carola (2012). Nada é verdade, nada é mentira. Jornal Rascunho, Curitiba, n. 144, abr. Disponible em: <http://rascunho.com.br/nada-e-verdade-nada-e-mentira/>. Acceso en: 5 mayo 2017.
SIBILIA, Paula (2008). La intimidad como espectáculo. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica.
TEZZA, Cristovão (2012). O espírito da prosa: uma autobiografia literária. São Paulo: Record.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.