A propósito de um irmão alemão:
a ficcionalização de um assunto internacional de família
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018504Resumo
Num contexto de reivindicações na literatura brasileira, veiculadas por novas vozes sociais, qual é a relevância de um grande nome da cultura brasileira, Chico Buarque (*1944), aos 70 anos, tomar conhecimento da existência de um meio-irmão alemão, Sergio Günther Ernst (1930-1981)? Irmão com quem nunca teve contato algum, já falecido há 30 anos? A princípio, nenhuma. Entretanto, o incidente internacional na história familiar do autor serviu como inspiração e fábula para o romance O irmão alemão, publicado em 2014, que se revela uma obra complexa pela sua transgressão de divisões de caráter diegético, político e cronológico. Neste artigo, pretendo examinar como a narrativa combina fatos e, inclusive, documentos históricos com uma trama imaginativa; como explora, indiretamente, a história traumática de regimes autoritários; e como trabalha, por meio de um “romance familiar”, as fantasias pelas quais estabelece vínculos com o pai e os irmãos.
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