Elizandra Souza:
escrita periférica em diálogo transatlântico
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018494Resumo
Neste artigo, discuto as conexões entre vida e obra de Elizandra Souza, escritora associada à produção literária da periferia de São Paulo, no âmbito das discussões teóricas sobre diáspora africana, pensamento negro feminista e pensamento descolonial latino-americano. Argumento que Elizandra parte de uma formação identitária espiralar/sampleada que atravessa e expande as páginas do livro na sua materialidade impressa para construir uma ponte entre música (hip-hop), literatura (Punga e Águas da cabaça) e tecnologia (Rádio Comunitária Heliópolis). Ao fazê-lo, Elizandra instaura uma presença política que rasura e contesta o imaginário sobre o morador da periferia como o sujeito modalizado pela falta. Defendo ainda que não é possível entender a obra de Elizandra, nem a atual periferia brasileira se não for levada em consideração uma multiplicidade de elementos, tais como: os mecanismos alternativos de comunicação comunitária, a cultura hip-hop e os saraus. Meu argumento final é de que seu livro Águas da cabaça desafia uma centralidade masculina que tem se tornado predominante nas narrativas da e sobre a periferia, ao mesmo tempo que aponta uma aliança transatlântica com outras escritoras da diáspora africana.
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